Jornal: grupo de Cachoeira dirigiu licitação milionária no DF
Grampos da Polícia Federal indicam que um integrante do governo Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal (DF), participou de uma operação para direcionar um contrato milionário, de até R$ 60 milhões por mês, ao grupo do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, apontado como o chefe da máfia dos caça-níqueis em Goiás e no DF. Diálogos interceptados na Operação Monte Carlo evidenciam que Milton Martins de Lima Junior, diretor financeiro e administrativo do DFTrans, órgão que gerencia o transporte público do governo do DF, negociou com os contraventores para que a organização obtivesse a concessão para a bilhetagem eletrônica dos ônibus. A PF suspeita de eventual pagamento de propina. O diretor nega. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
As conversas, gravadas em junho de 2011, mostram Cachoeira orientando um de seus principais aliados, Gleyb Ferreira da Cruz, a negociar o contrato com o governo do DF. O objetivo era firmar sociedade com a Delta Construções, empresa suspeita de participação no esquema, para explorar o serviço. Dias antes, o governo do DF havia assumido a bilhetagem eletrônica, antes a cargo dos empresários do setor, e buscava um parceiro privado para operá-la. Ao ouvir do parceiro que o negócio pode render, conforme estimativa, o equivalente a R$ 60 milhões por mês, Cachoeira se anima e avisa que acionará outro emissário para negociar com Martins. "Pois é, porra! Tem que fazer contratar direto a Delta... tem que pôr o Cláudio amanhã com o Milton, entendeu?" Ao ouvir que o governo do DF tinha urgência, ele sugere que o contrato seja feito sem licitação, em caráter emergencial. "Pois é, agora nós temos que pegar o negócio, então, nós temos que fazer o edital, uai", anima-se Cachoeira. Procurado pelo jornal O Estado de S. Paulo, Martins disse que não negociou propina para a bilhetagem, negou conhecer Cachoeira e reiterou que nunca negociou facilidades.