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Política

Inflação é maior preocupação para campanha de Dilma, diz Temer

23 jul 2014 - 18h11
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O vice-presidente Michel Temer (PMDB) considera a inflação a maior preocupação da campanha para reeleger a presidente Dilma Rousseff, apesar de repetidas declarações da equipe econômica e da própria presidente de que os preços estão sob controle.

Vice-presidente Michel Temer fala durante entrevista à Reuters em seu gabinete, em Brasília.  23/7/2014.
Vice-presidente Michel Temer fala durante entrevista à Reuters em seu gabinete, em Brasília. 23/7/2014.
Foto: Joedson Alves / Reuters

No front político, Temer não acredita que a divisão de seu partido tenha força suficiente para causar danos eleitorais nem a Dilma nem a ele.

"O que vai acontecer agora, é que não se deixe ultrapassar o teto (da meta de inflação). Estamos já em agosto e temos que segurar um pouco, (usar) políticas econômicas que impeçam a inflação", disse Temer em entrevista à Reuters nesta quarta-feira.

"Porque quando vem a inflação há um fato muito negativo para o governo", argumentou o vice, que compõe novamente a chapa com Dilma. Temer, no entanto, não deu detalhes de que medidas o governo poderia adotar daqui até a eleição em outubro.

A inflação alta e o baixo crescimento econômico também foram as principais preocupações discutidas com os partidos da aliança de Dilma numa reunião no Palácio da Alvorada, na terça-feira.

"No ano passado, se vocês se recordam bem, em agosto e julho, eu mesmo achei como vice-presidente que a inflação iria desandar, que voltaria a 15 ou 18 por cento, porque era tal o noticiário, tal a aflição em relação à inflação que eu mesmo fui influenciado por isso. Curiosamente, quando chegou no fim do ano não ultrapassou o teto", disse.

O IPCA, índice que baliza a meta do governo, ficou no incômodo patamar de 6 por cento ao ano em todo o governo Dilma e ameaça romper em 2014 o teto da meta, que é de 4,5 por cento com margem de dois pontos para mais ou para menos.

Desde o começo do ano, o governo federal tem tentado represar os preços administrados, evitando o reajuste dos combustíveis ou o repasse de prejuízos do setor elétrico para as tarifas dos consumidores.

Além disso, para conter a inflação, o Banco Central tirou a taxa básica de juro Selic da mínima histórica de 7,25 por cento em abril do ano passado e a elevou até 11 por cento em abril deste ano, quando interrompeu o ciclo de aperto monetário.

Apesar de reconhecer que a inflação será explorada pela oposição durante a campanha, Temer avalia que o efeito sobre os eleitores pode ser limitado.

"Nós não temos desemprego e a renda ainda está em alta. Não temos queixa do que eu chamo de economia do cotidiano. Na economia do cotidiano, o povo está satisfeito porque de qualquer maneira o emprego ainda subsiste e a pessoa melhorou seu padrão de vida", disse o vice-presidente.

A geração de emprego, no entanto, tem se mostrado cada vez mais fraca nos últimos meses e na indústria já há mais demissões do que contratações, além da alta dos preços que afeta o poder de compra mesmo com a renda subindo.

Esses aspectos, junto com o baixo crescimento da economia, têm sido alvo das principais críticas dos candidatos de oposição.

Temer admite que esse cenário, somado às críticas da oposição, cria um clima de pessimismo em relação à economia que pode afetar os eleitores e a campanha de reeleição.

"Nós temos adversários e eles pregam que está tudo errado", disse. "Quem lê, assiste os noticiários na TV, vê as redes socais fica naturalmente preocupado. Quem tem emprego pensa: 'Será que vou perder meu emprego?' Isto gera uma certa preocupação", afirmou.

PMDB DIVIDIDO

A aliança entre PT e PMDB foi fechada sob uma forte divisão entre os peemedebistas e mais de 40 por cento dos membros do partido com voto na convenção preferiam não manter a aliança com Dilma. Apesar disso, Temer não acredita que isso vá causar danos eleitorais para a reeleição.

Segundo ele, a divisão é a marca histórica do PMDB. Argumentou ainda que mesmo onde os candidatos do partido apoiam candidaturas presidenciais dos adversários Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), há comitês eleitorais que só pedem votos para Dilma e ele.

Há situações desse tipo em vários Estados, muitos deles com grande eleitorado como o Rio Grande do Sul, o Rio de Janeiro e a Bahia.

"A situação local se liga aos dirigentes do partido (nos Estados), mas não aos militantes", disse.

Em 2002, o PMDB viveu situação semelhante. Apesar de ter indicado a então deputada Rita Camata para vice na chapa do tucano José Serra, os peemedebistas pediam votos para o então candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, nos Estados já no primeiro turno. E no segundo turno, houve um onda pró-Lula.

Temer descartou essa possibilidade agora.

"(Agora) pode ser um marolinha, mas não é onda", disse.

MAIS ESPAÇO PARA PMDB

A divisão do PMDB sobre a continuidade da aliança foi alimentada pela péssima relação do Executivo com deputados e senadores do partido durante a gestão Dilma, com peemedebistas reclamando da pouca influência e participação que tinham no governo.

Temer acredita que essas queixas são justificáveis e confia que num eventual segundo mandato de Dilma o partido possa ocupar mais espaço nas decisões e no primeiro escalão.

"Vai depender muito da presidente, mas eu creio que haverá sensibilização para esse fato", disse.

Questionado sobre quais políticas públicas o PMDB gostaria de comandar num eventual segundo mandato, Temer lembrou que o partido já esteve à frente de áreas como saúde, comunicações, transportes e integração nacional. "É muito provável que no próximo governo o PMDB possa ser chamado também para ocupar essas áreas."

O vice-presidente afirmou ainda que o ex-presidente Lula terá um papel muito importante na campanha para sensibilizar alguns setores, como o empresarial que guarda boa memória da sua gestão.

"(Ele pode) criar um clima de otimismo pelo que foi feito e está sendo feito", argumentou o peemedebista.

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