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Política

Imprensa internacional destaca queda de Carlos Lupi

5 dez 2011 - 11h49
(atualizado às 12h04)
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Assim como a morte do ex-jogador de futebol Sócrates, o pedido de demissão de Carlos Lupi do Ministério do Trabalho ganhou destaque na imprensa internacional no domingo e nesta segunda-feira. As publicações exploraram, principalmente, o fato de o pedetista ter sido o sétimo ministro a cair durante o governo Dilma, o sexto devido a denúncias de corrupção.

Carlos Lupi foi o sétimo ministro do governo Dilma a cair
Carlos Lupi foi o sétimo ministro do governo Dilma a cair
Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Veja as conquistas e polêmicas nos 80 do Ministério do Trabalho

O site do jornal argentino La Nación noticiou a queda de Lupi ainda no domingo. A matéria, que trazia no título "outra denúncia de corrupção", explicou que no Brasil os cargos de ministro são indicados pelos partidos em troca de apoio ao governo. Por isso, embora tecnicamente seja a presidente quem os nomeia, a decisão de quem recebe determinado cargo é um compromisso político para manter a aliança intacta.

A edição online do também argentino Clarín trouxe que Lupi aproveitou o encerramento do Campeonato Brasileiro para manifestar seu pedido de demissão, durante a noite de domingo. A publicação lembrou um pouco da trajetória do ex-ministro escrevendo que ele "veio de baixo" e teve como mestre Leonel Brizola.

O portal da rede BBC trouxe que a manutenção de Lupi no cargo se tornou insustentável na última semana, "depois que um comitê de ética presidencial recomendou que ele deveria ser demitido por péssima gestão". A CNN destacou a denúncia de desvio de verbas no ministério envolvendo ONGs e lembrou o pedido de desculpas que Lupi teve de dar à presidente Dilma, quando disse amá-la, depois de dizer que só deixaria o comando da pasta "abatido à bala".

A rede árabe Al Jazeera destacou que as denúncias de corrupção contra Lupi são as mais recentes de uma série de escândalos no governo Dilma Rousseff.

A queda de Lupi

O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi (PDT), pediu demissão no dia 4 de dezembro, cerca de um mês após denúncias de que seus assessores cobrariam propina de organizações não governamentais (ONGs) conveniadas com a pasta e de que teria ocupado cargo-fantasma na Câmara dos Deputados por seis anos. No governo federal desde 2007, Lupi culpou a "perseguição política e pessoal da mídia" por sua saída.

A crise começou no início de novembro, quando a revista Veja publicou que funcionários do ministério estavam envolvidos em um suposto esquema de cobrança de propina de ONGs conveniadas com a pasta comandada pelo ministro. Segundo a publicação, entidades tinham o repasse bloqueado após problemas com a fiscalização. Assessores de Lupi, então, procuravam os dirigentes para resolver o problema cobrando propinas de 5% a 15%. Na ocasião, Lupi disse que irregularidades de funcionários, se existiam, não podiam ser atribuídas a ele, pedindo investigação do caso.

Mas o escândalo se ampliou quando o ministro teve que ir ao Congresso explicar uma viagem no avião do empresário dono da ONG Pró-Cerrado, que tem convênios de R$ 14 milhões com o Trabalho, para cumprir agenda no Maranhão. Inicialmente, o ministro negou conhecer Adair Meira, mas voltou atrás depois de ter fotos divulgadas ao lado dele. Lupi argumentou ter dito apenas que não mantinha "relações pessoais" com Meira.

Na última semana antes de deixar o cargo, o jornal Folha de S. Paulo, denunciou que o ministro foi lotado na liderança do PDT por seis anos, mas no período exerceu atividades partidárias como vice-presidente da sigla. As normas da administração pública dizem que ocupantes desses cargos devem exercer funções técnicas e precisam trabalhar nos gabinetes. Apesar do apoio do partido e da vontade da presidente Dilma Rousseff em não perder mais um ministro para denúncias de corrupção, a permanência de Lupi no comando da pasta se tornou insustentável após a Comissão de Ética Pública aplicar, por unanimidade, uma advertência e recomendar sua demissão.

Fonte: Terra
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