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Impeachment

Precisando de menos votos, governo ganha fôlego

Desembarque do PMDB é apontado como um dos principais fatores que determinaram o enfraquecimento do impedimento da presidente

5 abr 2016 - 15h52
(atualizado às 16h21)
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Com um número elevado de indecisos, o resultado da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados ainda é imprevisível. Especialistas consultados por O Financista indicam que o governo ganhou um novo fôlego de resistência na última semana, em função de passos em falso dados por opositores de Dilma.

Reunião em que o PMDB deliberou sua saída do governo Dilma
Reunião em que o PMDB deliberou sua saída do governo Dilma
Foto: Igo Estrela/ PMDB Nacional

“Em termos percentuais, o governo precisa de mais apoio que a oposição. O custo de apoiar o governo subiu desde o ano passado. O custo de sustentar apoio à oposição, porém, também tem ficado alto nas últimas semanas”, disse Vitor Oliveira, cientista político da consultoria de análise política Pulso Público.

O desembarque do PMDB, que foi oficializado na semana passada, é apontado como um dos principais fatores que determinaram o enfraquecimento do impeachment de Dilma. Analistas entendem que a falta de transparência das manobras da legenda peemedebista coloca a legitimidade do impedimento da petista na berlinda.

“A saída do PMDB do governo não foi feliz e não foi unânime. O partido tem muitas divergências internas e isso deve se refletir na votação do impeachment na Câmara”, explicou Paulo Roberto Camargo, cientista político das Faculdades Rio Branco. “Ficou claro que a saída desastrosa do PMDB acabou por fortalecer o governo e diminuir as chances de impedimento de Dilma”, completou.

Mesmo tendo desembarcado na semana passada, as apostas são de que o partido do vice-presidente Michel Temer mostre resquícios de divisão até mesmo na votação.

“Vários parlamentares de partidos que faziam ou fazem parte da base aliada, incluindo o PMDB, cogitam votar contra o impeachment. Essa divisão deve desencadear em uma vitória de Dilma”, disse Oliveira.

Camargo destacou que os indecisos devem estar divididos entre a ética dos recentes movimentos do governo e da oposição para defenderem suas opiniões e as manifestações populares tanto dos opositores quanto dos governistas.

A abstenção pode ser uma das principais aliadas daqueles que pretendem ser contrários ao impeachment de Dilma, mas temem que o posicionamento lhes traga rejeição nas ruas.

De acordo com Oliveira, depois da divergência interna dos partidos, a abstenção é o principal fator que pode contribuir para que o impedimento da petista não siga adiante.

“O impeachment está perdendo força, e acredito que a ausência de alguns parlamentares será determinante para que Dilma se mantenha à frente do Palácio do Planalto”, avaliou Camargo, acrescentando que “não sabe qual carta a oposição pode ter na manga”.

Números 

Para a abertura do processo de impeachment na Câmara são necessários dois terços do plenário: 342 votos. Para arquivar o processo, o governo precisa do apoio de 171 deputados. Neste contexto, os governistas precisam garantir 54 votos para barrar o impedimento da petista (31,6% do total necessário), enquanto os opositores devem ter o apoio de mais 81 deputados para levar o processo para o Senado (23,7%).

Segundo levantamento do jornal O Estado de S. Paulo publicado no final de semana, 261 parlamentares votariam a favor da abertura do processo de impeachment de Dilma e 117 se posicionariam contra. A publicação ouviu 442 dos 513 deputados da casa nos últimos quatro dias.

Nove não quiseram se manifestar, 55 disseram estar indecisos ou preferiam esperar a orientação de seus partidos e 71 integrantes de 15 siglas não foram localizados.

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