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Impeachment

Manifestantes instalam telões no Recife para ver votação

17 abr 2016 - 18h56
(atualizado às 18h58)
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Manifestantes instalaram telões no centro do Recife para acompanhar a votação na Câmara
Manifestantes instalaram telões no centro do Recife para acompanhar a votação na Câmara
Foto: Agência Brasil

A população do Recife foi para a rua acompanhar a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), iniciado às 14h na Câmara dos Deputados. Manifestantes a favor e contra o afastamento de Dilma instalaram telões em pontos diferentes da cidade e prometem ficar no local até o resultado final.

O primeiro grupo a se reunir foram as pessoas contrárias ao impeachment, cujo ato estava marcado para 10h. A Frente Brasil Popular, movimento formado por dezenas de organizações socais e partidos, escolheu o Marco Zero, centro do Recife, para montar o palco com transmissão ao vivo da votação.

As pessoas acampadas na Praça do Derby, zona central da cidade, em vigília desde sexta-feira (15) contra o impeachment saíram em caminhada até o Marco Zero por volta de 13h. Representantes de movimentos socais e militantes de partidos se misturaram às pessoas que participavam como cidadãs independentes.

"É a primeira vez que saio à rua. Sou contra o governo, mas sou contra o impeachment. Fora Cunha. Ele é um ladrão e merece ser preso. E está julgando corrupção", criticou Felipe Argolo, produtor cultural, 32 anos, carioca que está no Recife a trabalho. “Se o impeachment for à frente, vou continuar indo à rua e me manifestando", garantiu.

Jamine Oliveira, 39 anos, nunca tinha participado. “Achei importante vir nesse dia, que é o da votação. Dilma e Lula fizeram muito pelos programas sociais. Apesar de eu não me beneficiar, quero que isso continue. Admiro quando vejo os pretinhos igual a mim na universidade. Fui de uma sala onde só tinha eu de negra. Como em um país com 60% de negros tem uma sala com 56 alunos e uma negra, que era meu caso? Hoje, fico muito feliz de ver mais negros e quero que isso continue.”

Jamine levou os dois filhos – um de oito anos, cadeirante, e um de seis anos – para o ato. “Eles têm de ter uma lição de democracia. Não é porque temos acesso à educação e à saúde que devemos ignorar as pessoas que não têm. Eles têm de lutar por isso. São o futuro do Brasil”.

Mecânico João José da Silva, 64 anos, morador de Jaboatão dos Guararapes, afirmou que sempre participou das lutas da esquerda, embora não seja filiado. “No período militar, estive na luta e permaneço até hoje. Sempre que posso eu venho. Se houver golpe, vou para a rua de novo”, garantiu. “Esse impeachment é uma palhaçada. O Brasil não está bem, mas o mundo também não está. Cunha, Temer e a maioria do PMDB é tudo ladrão”, acusou João José.

Além de assistir à sessão na Câmara pelo telão, os presentes também cantaram, ao som de tambores, músicas pedindo a democratização da comunicação, maior participação social e que a classe trabalhadora não pague pela crise econômica.

Pró-impeachment

Os manifestantes a favor do impeachment se reuniram em Boa Viagem. A concentração começou às 14h, na orla marítima do Recife. Um telão também foi montado no local para que os manifestantes acompanhassem a votação na Câmara. A cada pronunciamento a favor do afastamento de Dilma Rousseff, as vuvuzelas eram acionadas junto a palmas e gritos. Quando era contrário, as vaias impediam que o discurso fosse ouvido.

Bruna Moura, 27 anos, levou a mãe e uma amiga para assistir a sessão no local. “Minha intenção é voltar para casa feliz. Que o impeachment seja favorável e que os deputados contrários sejam punidos futuramente quando pedirem nossos votos. Me revolto quando falam que não vai ter golpe, porque o golpe já houve. O brasileiro patriota precisa defender o que buscamos para o país, que é um futuro melhor”.

Ela defendeu menos impostos e disse não acreditar que o vice-presidente Michel Temer (PMDB), assim como Dilma Rousseff, não soubesse do esquema de corrupção descoberto na Petrobras. “[para a presidência] uma pessoa que tem sido falada é o Bolsonaro. Não sei ainda se ele é honesto ou se é um corrupto sujo, mas é uma opção a se pensar.”

Professor de história, Flávio Dionísio Santana, 49 anos, também questionou o termo “golpe” para se referir ao impeachment. “As pessoas que comparam 1964 a 2016 estão equivocadas”, afirmou, sem entrar em detalhes. Ele pediu que novas eleições sejam realizadas caso ocorra o impeachment. “Não tenho candidato específico. É preciso pensar novamente, ver quais são as propostas e escolher o melhor candidato para assumir o Brasil.”

Instrumentadora cirúrgica, Raquel Medeiros, 58 anos, informou que não se sente brasileira desde que o PT assumiu a Presidência. “Isso por tanta corrupção, roubalheira e por pegar nosso dinheiro e empregar em outros países, e a gente precisando tanto.” No entanto, ela não gostaria que o vice Michel Temer fosse o presidente, mas que fossem convocadas novas eleições. “Meu candidato? Bolsonaro. Com certeza, sem pensar duas vezes. O país está precisando de um homem como ele, que vai bater o pé”, concluiu.

Agência Brasil Agência Brasil
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