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Impeachment: veja 5 detalhes que definirão o futuro de Dilma

11 abr 2016 - 17h22
(atualizado às 17h22)
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Foto: Getty Images

O destino da presidente Dilma Rousseff deve ser sacramentado entre a sexta-feira (15) e o domingo (17), com a votação do pedido de impeachment pelo plenário da Câmara. Até aqui, o governo e a oposição travam uma guerra de números, tentando convencer os indecisos de que serão os vencedores – e, portanto, não convém ficar contra eles. Mas a disputa será definida nos detalhes, o que manterá o suspense até o último instante.

Já se tornou um clichê afirmar que Dilma não se compara ao ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Mello, que foi impedido de seguir no Palácio do Planalto em 1992. Collor era de um partido nanico, o PRN, e sua sustentação dependia das grandes legendas. Já Dilma é filiada ao PT e, por mais que sua popularidade esteja no chão, ainda é capaz de mobilizar movimentos sociais, centrais sindicais, parlamentares e intelectuais.

Tudo conta: deputados avaliarão todas as variáveis para decidir seu voto
Tudo conta: deputados avaliarão todas as variáveis para decidir seu voto
Foto: Lucio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados / O Financista

A diferença é visível na dificuldade que a oposição enfrenta para assegurar os 372 votos favoráveis ao impeachment na Câmara. Em 1992, Collor foi derrotado por uma maioria inquestionável. O parecer recomendando seu impedimento foi aprovado, na comissão especial, por 16 votos a 5. Na época, eram necessários 336 deputados para aprovar o impeachment no plenário. O placar, porém, foi mais elástico: 441 votos a favor, 38 contra e 23 abstenções. No Senado, a proposta foi apoiada por 76 parlamentares, contra 3 que a rejeitaram.

Agora, a situação é bem mais difícil – tanto para o governo, quanto para a oposição. Ninguém espera vencer a votação de lavada. Há detalhes que serão decisivos para o placar. Veja os principais:

1. Ordem de votação

A ordem de votação será fundamental para embalar ou frear a adesão de última hora de indecisos. No processo que condenou Collor, a ordem de votação foi alfabética. Mesmo com todo o clima de “já ganhou” no dia da decisão, muitos deputados que encabeçavam a lista, por terem nomes que começavam com A ou B, esconderam-se dos colegas até ter certeza de que o impeachment seria aprovado e só registraram seu voto na segunda chamada.

É compreensível, já que a maioria dos políticos sempre quer ficar ao lado dos vencedores – quaisquer que sejam. Agora, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, estuda mudar a ordem de votação. A ideia é dividir as bancadas por Estados e começar pelos do Sul, onde o impeachment conta com mais apoio, e deixar o Nordeste para o fim, já que é a região que mais se opõe. A estratégia de Cunha é pressionar psicologicamente os indecisos ou os pouco convictos de seu voto, abrindo os trabalhos com a vitória parcial do impeachment.

O problema, segundo Antônio de Queiroz Filho, diretor de pesquisa do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), é que a ordem de votação por Estados é controversa e pode levar o STF (Supremo Tribunal Federal) a suspender a decisão. “Se Cunha adotar a ordem alfabética, como no processo contra Collor, haverá pouca margem para contestação”, diz Queiroz Filho.

Foto: Reuters

2. Mobilização popular

Os partidos de oposição são mais caronistas dos movimentos populares que pedem o impeachment de Dilma do que lideranças desse processo. Por isso, a magnitude das mobilizações, nos próximos dias, convencerá os indecisos a descerem do muro. Movimentos contra e a favor de Dilma já mediram forças no mês passado. Os cientistas políticos esperam que os atos, contra ou a favor, vão engrossar nesta semana.

Neste quesito, por enquanto, a balança pende para os que defendem o impeachment. Nas últimas manifestações, em 13 de março, cerca de 500 mil pessoas foram às ruas para pedir a saída de Dilma. Cinco dias depois, aproximadamente 100 mil se manifestaram contra o impedimento. Estão previstos atos de ambos os lados para o domingo (17), a fim de pressionar os parlamentares. Assim, parte dos votos será ganha no grito – literalmente.

3. Confrontos

Uma coisa é a livre manifestação contra ou a favor do impeachment. Outra é que os atos descambem para a violência. A esta altura, vítimas da intolerância política se tornarão mártires de seus respectivos grupos, o que aumentará a emotividade com que o debate é travado.

4. Exposição pública

Jornais e revistas começaram, na última semana, a publicar mapas de votação, com os deputados contra, a favor ou indecisos. Essa exposição pública será fundamental para a decisão dos parlamentares.

A última pesquisa Datafolha, divulgada neste sábado (9), aponta que 61% dos entrevistados apoiam a antecipação da saída de Dilma. É verdade que os políticos só se importam com a opinião pública em momentos de eleições – e teremos a escolha dos próximos prefeitos e vereadores neste ano.

Foto: Reuters

5. Acordos políticos de última hora

O governo tem a máquina pública e o Diário Oficial; os defensores do impeachment têm promessas de retribuir quem votar a seu favor. Todos os lados estão empenhados em seus respectivos balcões de negócio.

Neste quesito, porém, o peso de controlar a máquina não está ajudando muito o governo. Um relatório da Arko Advice, consultoria de análises políticas, alerta de que Dilma negocia apoio com quem não tem histórico de entregar o que promete. O caso da vez é o PP. Mesmo pleiteando cargos de peso, como os ministérios da Saúde e da Integração Nacional, e a presidência da Caixa, o PP talvez prometa mais do que é capaz de entregar. Lembre-se de que, nos últimos dias, nove diretórios estaduais da legenda decidiram apoiar o impeachment, pressionando os deputados a fazê-lo.

A esperança de Dilma de agrupar os partidos pequenos e médios em um grande “centrão” também pode ser frustrada. A Arko lembra que, nas votações importantes, apenas metade dos deputados do PP, PR e PSD acompanha a orientação do governo. 

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