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Política

Hillary: sanções ao Irã podem provocar negociações de boa fé

3 mar 2010 - 14h33
(atualizado às 15h50)
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Laryssa Borges
Direto de Brasília

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, voltou a defender nesta quarta-feira a imposição de sanções ao governo do Irã como forma de garantir que o projeto de Teerã sobre armas nucleares não seja utilizado com fim armamentista. Após reunião com o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, a secretária chegou a acusar o governo de Mahmoud Ahmadinejad de apresentar argumentos diversos a diferentes países como forma de os convencer a não endossar o pleito da Casa Branca em prol das futuras penalidades.

"Só depois que aprovemos as sanções no Conselho de Segurança é que o Irã irá negociar de boa fé", disse Hillary Clinton. "Estamos observando que o Irã vai para o Brasil, para a China, para a Turquia e conta histórias diferentes para evitar sanções internacionais. Sanções são a melhor maneira para evitar conflitos e evitar a corrida armamentista", disse.

Comandado por Ahmadinejad, o Irã tem sido pressionado a submeter seu programa nuclear - defendido por Teerã como pacífico - a uma supervisão frequente da Agência Internacional de Energia Atômica.

Apesar de enfatizar que os Estados Unidos mantêm as "portas abertas" para um possível acordo em prol de mais transparência nos projetos nucleares desenvolvidos pelo governo do Irã, a secretária de Estado enfatizou que a Casa Branca defende a aplicação das penalidades como forma de minimizar o risco de proliferação de armas nucleares na região.

"Temos os mesmos objetivos (Brasil e Estados contra a proliferação de armas). Ambos os países não querem ver o Irã se tornar uma potência nuclear. Ambos apoiam os objetivos de não proliferação de armas. Sempre negociação e dialogo são preferíveis à sanção, mas o presidente Obama tem feito gestos, (...) e não houve recíproca", disse Hillary Clinton ao lado do ministro Celso Amorim. "Nunca fechamos as portas de negociações", afirmou.

A secretária, que elencou uma série de omissões que o Irã mantinha em relação à comunidade internacional, observou que, diante o risco de não se saber a finalidade específica do programa nuclear do Irã, é hora de ser tomada uma "ação internacional".

"O momento é chegado para uma ação internacional. Respeito a decisão do Brasil. O Brasil pensa que há possibilidade de negociações. Achamos que um esforço de boa fé (...) na negociações seria bem recebido pela comunidade internacional, mas ainda não vimos (esse esforço)", disse.

O presidente Lula, que na última semana afastou qualquer possibilidade de desgaste com a Casa Branca por conta de suas relações comerciais e de sua visita de Estado ao território iraniano, disse nesta quarta não ser "prudente encostar o Irã na parede".

Defensor do uso da energia nuclear para fins pacíficos, como prevê a Constituição brasileira, o mandatário brasileiro observou que o Brasil não concordaria com o uso de projetos nucleares para objetivos armamentistas. "É preciso estabelecer negociações com aquele país. Quero para o Irã o mesmo que quero para o Brasil: usar energia nuclear para fins pacíficos. Se o Irã for além disso não poderemos concordar", afirmou Lula.

Hillary Clinton cumprimenta Celso Amorim em visita ao Palácio do Itamaraty, em Brasília
Hillary Clinton cumprimenta Celso Amorim em visita ao Palácio do Itamaraty, em Brasília
Foto: Wilson Dias / Agência Brasil
Fonte: Redação Terra
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