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Política

Haddad bate Serra e PT volta a dirigir São Paulo após 8 anos

28 out 2012 - 22h40
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O ex-ministro da Educação Fernando Haddad derrotou o tucano José Serra no segundo turno da eleição municipal em São Paulo neste domingo, colocando o PT de volta no comando da maior cidade do país após oito anos.

O recém-eleito prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), gesticula próximo a sua esposa, Ana Estela, e sua filha, Ana Carolina, em São Paulo. 28/10/2012
O recém-eleito prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), gesticula próximo a sua esposa, Ana Estela, e sua filha, Ana Carolina, em São Paulo. 28/10/2012
Foto: Nacho Doce / Reuters

Em suas primeiras declarações como prefeito eleito, Haddad fez um enfático agradecimento ao seu padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e prometeu derrubar o "muro da vergonha entre a cidade rica e a cidade pobre".

"Quero agradecer do fundo do meu coração ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva", disse Haddad, provocando um coro da plateia que gritou o nome do ex-presidente. "Viva o presidente Lula!", disse.

Lula, no entanto, não estava presente na hora do discurso da vitória. Ele cogitou ir, mas depois desistiu e preferiu acompanhar a declaração de Haddad de sua casa em São Bernardo, segundo a assessoria do ex-presidente.

Haddad, que também agradeceu a Dilma, a quem chamou de "outra grande liderança nacional", fez um discurso em tom otimista, focado principalmente em promessas de redução de desigualdades sociais na cidade.

Haddad foi eleito com 55,57 por cento dos votos, contra 44,43 por cento de Serra, segundo os números do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com todas as seções apuradas. Dessa forma, reverteu o cenário do primeiro turno, quando Serra encerrou à frente do petista.

Escolhido pessoalmente por Lula para representar o PT na eleição paulistana, Haddad foi ministro da Educação nos governos do ex-presidente e de Dilma Rousseff. Também atuou na prefeitura durante o governo Marta Suplicy, a última petista a comandar a capital paulista, entre 2001 e 2004.

A vitória de Haddad em São Paulo é apontada por analistas como estratégica para o PT. Além de comandar a maior cidade do país e o terceiro maior orçamento, ela dá aos petistas uma vitória sobre o arquirrival PSDB e sobre Serra, figura histórica do tucanato que já disputou duas eleições presidenciais.

Haddad, que participou pela primeira vez de uma disputa eleitoral, contou com apoio direto da presidente Dilma Rousseff que esteve em comícios tanto no primeiro quanto no segundo turno da disputa.

O prefeito eleito, de 49 anos, disse ainda que vai buscar parcerias tanto com o governo federal quanto com o estadual, comandado pelo tucano Geraldo Alckmin.

EMPURRAR PARA A FRENTE

Pelo lado tucano, a derrota gera incertezas sobre o futuro político de Serra, que comandou a cidade entre 2005 e 2006 e foi governador do Estado entre 2007 e 2010.

Em seu discurso após a derrota, Serra, que perdeu para Lula e Dilma em disputas presidenciais em 2002 e 2010, disse sair da campanha com mais "energia e vigor" do que quando entrou, apesar de estar com semblante claramente abatido.

"Sei que as pessoas estarão vigilantes no acompanhamento e fiscalização do novo governo. Na cobrança do cumprimento das promessas realizadas", disse o tucano, depois de, sem citar o nome de Haddad, desejar boa sorte ao prefeito eleito.

Serra disse ainda ter feito uma campanha "limpa" e baseada na defesa da "ética na vida pública".

Um dos principais temas da campanha tucana em São Paulo foi o julgamento do escândalo do chamado mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em que foram condenados ex-integrantes da cúpula petista, como o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro da legenda Delúbio Soares.

Uma das propagandas do tucano afirmava que, se o eleitor votasse em Haddad, Dirceu, Genoino e Delúbio "voltariam".

Antes mesmo da confirmação da derrota em São Paulo, que vinha sendo antecipada por todas as pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que chegou a gravar mensagens de apoio a Serra, propôs uma reflexão ao PSDB e pediu que o partido renove suas lideranças.

"O partido como um todo, o que vai precisar mesmo, é exatamente de renovação. Há um momento em que as gerações mudam, nós estamos num momento de mudança de geração. Isso não quer dizer que os antigos líderes desaparecem, mas quer dizer que eles tem que empurrar os novos para ir à frente", disse.

(Reportagem adicional de Jeferson Ribeiro, em Brasília)

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