A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, convocou nesta segunda-feira uma reunião extraordinária para amanhã, em João Pessoa, com o objetivo de debater a situação dos imigrantes bolivianos no Brasil e, especificamente, o caso do menino de 5 anos assassinado em São Paulo durante um assalto.
A reunião para abordar as medidas de proteção dos estrangeiros "vulneráveis" que vivem no Brasil foi motivada pelo assassinato na sexta-feira passada do menino Bryan Yanarico Capcha, morto com um tiro na nuca porque chorava nos braços de sua mãe durante um assalto à sua residência na região de São Mateus, zona leste da capital paulista.
A ministra se reunirá com integrantes da Comissão para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae) e do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH).
"O assassinato de Bryan foi o ato de mais completa falta de humanidade que já vi recentemente", declarou a secretária à Agência Brasil.
"Devemos olhar o que podemos fazer para aumentar a segurança e as garantias das pessoas que vêm buscar melhores oportunidades no Brasil", acrescentou.
Na reunião, também será debatido o acordo em vigor de direito a residência pactuado no Mercosul. Maria do Rosário ressaltou a necessidade da livre circulação e cidadania permanente para que os imigrantes sejam amparados pelas leis trabalhistas e evitar que famílias como as do menor tenham que guardar suas economias na própria casa por não terem acesso a uma conta bancária.
Crime bárbaro
O crime ocorreu na madrugada desta sexta-feira, quando os criminosos invadiram uma casa onde vivia uma família de bolivianos, que se mudou recentemente para São Paulo para trabalhar com confecção. Segundo a polícia, os bandidos se irritaram quando descobriram que as vítimas tinham apenas R$ 4,5 mil em casa e com o choro da criança. Antes de deixar a residência, um dos bandidos atirou na cabeça do menino Bryan Yanarico Capcha, 5 anos.
Os suspeitos chegaram a pé ao local e renderam o pai, Ediberto Yanarico Quiuchaca, 28 anos, e o tio da criança, Carlos, quando entravam na residência. Eles estavam armados com quatro facas e dois revólveres. Entre oito e 10 pessoas que estavam na casa foram mantidas reféns. Inicialmente, foram dados R$ 3,5 mil aos ladrões, que pediram mais. Como a família continuava sendo ameaçada, o pai foi até o carro e entregou mais R$ 1 mil. Ainda assim, os criminosos insistiram que havia mais dinheiro no local.
Assustadas, as crianças choravam e faziam barulho, e os bandidos ameaçavam os reféns caso os gritos não parassem. Segundo o investigador Pinto, foi nesse momento que Bryan foi atingido com um tiro na cabeça. "Ele estava no chão, agachado com a mãe (Verônica Capcha Mamani, 24 anos)", contou o policial.
Familiares ainda tentaram levar a vítima a um hospital de São Mateus, mas o menino chegou morto ao local. Todos os bandidos fugiram a pé com o dinheiro e seguem foragidos.
30 de junho - Familiares oram durante o velório do menino Bryan Yanarico Capcha de 5 anos
Foto: Futura Press
30 de junho - O garoto foi assassinado com um tiro na cabeça durante assalto à casa de sua família na madrugada de sexta-feira (28), em São Mateus, na zona leste de São Paulo
Foto: Futura Press
30 de junho - Pais do menino Brayan Yanarico Capcha, de 5 anos, durante velório no Cemitério São Judas, em Guarulhos, Grande São Paulo, na noite deste sábado
Foto: Marcos Bezerra / Futura Press
28 de junho - Tio e pais do menino boliviano Bryan, 5 anos, morto durante tentativa de assalto na zona leste de São Paulo
Foto: Janderson Oliveira / Futura Press
28 de junho - Dezenas de bolivianos fazem protesto pedindo justiça em frente ao 49º DP no Bairro de São Mateus, em São Paulo (SP), após a morte do menino Brayan Yanarico Capcha
Foto: Peter Leone / Futura Press
28 de junho - Crianças bolivianas acendem vela durante protesto em frente à 49º DP
Foto: Gero / Futura Press
28 de junho - O cônsul Geral da Bolívia em São Paulo, Jaime Almanza, acompanha o caso na delegacia
Foto: Gero / Futura Press
1º de julho - A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, convocou nesta segunda-feira uma reunião extraordinária para amanhã, em João Pessoa, com o objetivo de debater a situação dos imigrantes bolivianos no Brasil
Foto: Gabriela Biló / Futura Press
1º de julho - Cerca de 500 bolivianos protestaram e pediram paz na frente do Consulado Geral da República da Bolívia no Brasil, na avenida Paulista em São Paulo, nesta segunda-feira. Manifestação foi promovida após a morte do garoto boliviano Bryan Yanarico Capcha de 5 anos, assassinado durante assalto em São Mateus, na zona leste da capital paulista
Foto: Gabriela Biló / Futura Press
3 de julho - Pai do assaltante Diego Rocha Freitas Campos comparece ao 49° Distrito Policial, em São Paulo, nesta quarta-feira. Diego Rocha é acusado de matar o menino boliviano Bryan Yanarico Capcha, 5 anos, com um tiro na cabeça após invadir a residência onde ele morava com os pais em São Mateus
Foto: Gero / Futura Press
3 de julho - Patrícia Veja, advogada da família do menino Bryan Yanarico Capcha, comparece à 49° DP, em São Paulo. Bryan foi morto com um tiro na cabeça
Foto: Gero / Futura Press
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