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Política

"Fuga" de senador pode afetar relações entre Brasil e Bolívia

Roger Pinto estava refugiado na embaixada brasileira em La Paz desde o dia 28 de maio de 2012

24 ago 2013 - 21h43
(atualizado às 22h47)
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O senador boliviano Roger Pinto, em foto de 2008
O senador boliviano Roger Pinto, em foto de 2008
Foto: EFE

O senador opositor boliviano Roger Pinto, que estava refugiado na embaixada brasileira em La Paz desde o dia 28 de maio de 2012, deixou a delegação diplomática e está no Brasil, segundo confirmaram neste sábado à Agência Efe diversas fontes, que anteciparam uma "tempestade diplomática" entre ambos os países.

"Fuga" foi a palavra mais usada por fontes diplomáticas dos dois países frente a um fato com que, embora não tenha sido confirmado oficialmente, a Efe pôde constatar com diversas pessoas próximas ao caso, tanto em La Paz como em Brasília.

"Já está no Brasil e nas próximas 48 horas convocará uma entrevista coletiva, que possivelmente será em Brasília", disse o advogado de Pinto, o brasileiro Fernando Tibúrcio, que não quis dar detalhes sobre a saída do senador por "razões de segurança".

Essa versão foi confirmada por diversas fontes diplomáticas, que inclusive disseram que o senador estava neste sábado na cidade de Corumbá, muito próxima à fronteira entre ambos os países e em frente à cidade boliviana de Puerto Suárez. Por outro lado, a família do senador foi para Brasília, e planejava se reunir "nas próximas horas" com Pinto.

Outras fontes disseram que o governo brasileiro já foi informado sobre o assunto e que houve uma reunião de emergência na qual participaram altos cargos, como o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, sobre a qual nada foi informado.

Pinto, acusado de diversos crimes de corrupção na Bolívia, se apresentou na embaixada brasileira em La Paz no dia 28 de maio de 2012, que lhe deu amparo desde então.

Dez dias depois de ter sido recebido na embaixada, o governo da presidente Dilma Rousseff lhe outorgou a condição de asilado político, mas a Bolívia se negou a conceder-lhe o salvo-conduto necessário para viajar ao Brasil, sob a alegação que ele deve responder a diversas acusações de corrupção.

De fato, em junho passado, Pinto foi condenado a um ano de prisão por um tribunal boliviano que o declarou culpado de danos econômicos ao Estado calculados em cerca de US$ 1,7 milhão.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, que tinha previsto viajar neste sábado para a Finlândia para uma visita oficial, disse em junho que o Governo de Dilma "garantia" a "segurança" do senador boliviano. Ele também explicou que o Governo brasileiro prosseguia com "negociações confidenciais" com as autoridades bolivianas para tentar "solucionar" a situação de Pinto.

Algumas das fontes diplomáticas consultadas pela Efe disseram que a Bolívia prepara uma "resposta duríssima" para a saída de Pinto da embaixada e que em La Paz se considera que houve uma "ruptura" da "confiança" entre ambos os Governos.

O único pronunciamento oficial sobre o assunto foi feito, embora mediante sua conta na rede social Twitter, pela ministra de Comunicação boliviana, Amanda Davila, dizendo que a saída de Pinto "deve ser confirmada pelo Brasil via diplomática"

Amanda enfatizou que o salvo-conduto para que Pinto deixasse a Bolívia, que o governo de Evo Morales negava, "era imprescindível", por isso que se estaria frente a uma "suposta fuga". "O governo boliviano não deu, porque a lei o impede, nenhum salvo-conduto a Pinto, para o Brasil nem para outro país", ressaltou Amanda.

Também via Twitter, o vice-ministro de Gestão Comunicacional da Bolívia, Sebastián Michel, sustentou que "quem tem que oficializar a saída de Pinto é a embaixada do Brasil" e que as autoridades de La Paz não podem "especular".

Mas o ex-governador opositor da região amazônica boliviana de Beni Ernesto Suárez se uniu a quem confirma a saída de Pinto e, também nessa rede social, comemorou o fato de que "finalmente pôde se reunir com sua família um grande amigo, um perseguido político".

EFE   
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