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Política

FHC sobre reação do governo aos protestos: faltou conversar com o País

1 jul 2013 - 22h41
(atualizado às 22h45)
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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) afirmou nesta segunda-feira que a presidente Dilma Rousseff deveria ter dialogado mais com o povo depois dos protestos que eclodiram no País. “Eu acho que tinha mesmo que falar alguma coisa, mas acho que faltou também conversar com o País, não ler um texto escrito por um marqueteiro, o que é moda hoje”, disse, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

O tucano, no entanto, afirmou que o governo “chamou para si” o problema e evitou criticar Dilma. “Eu não quero criticar porque a situação é difícil. Não quero jogar pedra porque jogar pedra é fácil. Ainda é o momento de a gente modificar a situação”, disse. “Quando a presidente reage promovendo reforma política, pega todo mundo. Ela chamou para o colo do governo a questão, quando, no início, parecia mais problema de prefeito e de governador”, afirmou.

Protestos por mudanças sociais levam milhares às ruas
Manifestações tomam as ruas do País; veja fotos

Sobre os protestos, FHC disse que “houve no Brasil um encolhimento do espaço público em geral”. “Os sistemas não são mais discutidos”, disse. “O que há de específico é que hoje você tem internet, tem telefone, Twitter, então você não precisa mais de um comando centralizado para chamar a manifestação. Pode chamar quase que espontaneamente.”

Para o ex-presidente, a internet “é um fio desencapado”. “Num dado momento, eles vão (para a rua), o choque é inevitável. As pessoas estão cansadas da vida como ela é nas grandes cidades. O estopim foi aumentar os ônibus. Pegou fogo e pronto”, disse.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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