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Política

Falcão diz que impeachment de Dilma fez PT se reecontrar com as ruas

21 mai 2016 - 16h17
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O processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff fez com que o PT se "reencontrasse com as ruas" e procurasse mais uma vez suas origens, afirmou o presidente do partido, Rui Falcão, em entrevista à Agência Efe.

Após o afastamento temporário de Dilma por 180 dias na última semana, o PT voltou à oposição após 13 anos no governo e fez um "exame autocrítico", segundo Falcão. "Fizemos muitos avanços, apesar disso tivemos muitas insuficiências. Algumas delas estão na origem da nossa queda", disse.

Agora, afastado do poder, o partido encontrou um "fato positivo" em todo o processo do impeachment, classificado como "golpe" por Falcão, rumo às eleições municipais de outubro.

"Esse processo de impeachment, paradoxalmente, pode nos beneficiar. Se é possível achar um fato positivo nesse processo de golpe é o PT ter se reencontrado com as ruas, com os movimentos sociais, com o conjunto da esquerda e, principalmente, com todos aqueles que querem aprofundar a democracia no Brasil", disse Falcão.

Com o próximo pleito no horizonte, o presidente do PT não descarta que o partido realize pactos pontuais com o PMDB, do presidente interino Michel Temer, e que apoiou a abertura do processo de impeachment de Dilma no Congresso.

Falcão, porém, explicou que nenhum deputado ou senador que tenha votado ou apoiado o processo que suspendeu Dilma terá o respaldo do partido. Isso inclui não somente parlamentares do PMDB, mas também de outras legendas que compuseram a base aliada da presidente.

"A presidenta está sendo afastada por um golpe constitucional. Ela não cometeu nenhum crime e, portanto, o governo que assume é usurpador, ilegítimo e não reconhecido por nós", criticou.

O PT chegará às eleições municipais com o peso da Operação Lava Jato, na qual foram condenados importantes nomes do partido, como o ex-tesoureiro João Vaccari Neto, que, segundo Falcão, foi "condenado sem provas". Ele ressaltou que o PT não foi financiado com recursos obtidos ilegalmente da Petrobras e considerou "uma injustiça dizer que quem mais abriu caminho para o combate à corrupção é o partido mais corrupto do país".

"É inimaginável pensar que os outros são inteligentes e só pegam doações do caixa limpo, e o PT vai buscar doações sujas. É como se os outros fossem à sacristia e nos ao prostíbulo", destacou.

Para Falcão, há uma "manipulação" na operação Lava Jato para criminalizar o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "A exigência para que as delações sejam aceitas é que se fale o nome do Lula", afirmou o presidente do partido.

"Eu acho que toda a campanha que se faz para tentar acuá-lo, para atingir sua família, tem um único objetivo: criminalizá-lo para impedir sua eventual candidatura em 2018", indicou Falcão.

"E ele nem disse que é candidato. Então nós não vamos pensar em nenhuma alternativa, porque consideramos que o melhor programa, a melhor liderança, aquele mais se identifica com a população e tem o melhor discurso é o presidente Lula", completou o presidente do PT.

Falcão lamentou o fato de Dilma ter adotado políticas diferentes das anunciadas na campanha após ter sido reeleita, fator que considerou como um dos motivos da queda do governo.

"Houve vários debates com ela alertando de que nós tínhamos ganhado a eleição com um programa, uma eleição muito polarizada, e que começamos a cumprir um programa que parecia ser a do adversário", criticou o presidente do PT.

Agora, outra vez na oposição, Falcão apontou os caminhos que o PT tem que seguir para resgatar suas origens. "Devemos de recuperar as pessoas que se desencantaram com a política, com os partidos políticos e com a esquerda, e que voltaram agora a se manifestar, embora seja de maneira limitada", afirmou.

EFE   
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