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Política

Ex-secretário: mensalão era pago em parcelas para "fidelizar"

1 dez 2009 - 10h53
(atualizado às 11h07)
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Laryssa Borges
Direto de Brasília

Depoimento do ex-secretário de Relações Institucionais do governo do Distrito Federal, Durval Barbosa, à Justiça indica que o governador José Roberto Arruda, então candidato ao governo, orientou fracionar o pagamento do mensalão do DEM - suposto esquema de distribuição de dinheiro em troca de apoio político. O objetivo seria criar uma espécie de dependência entre os parlamentares beneficiados.

"A recomendação de Arruda era fracionar a distribuição do dinheiro ao longo do mês o máximo possível para que os beneficiados não perdessem o interesse na defesa do candidato Arruda", disse Barbosa em depoimento feito no dia 16 de setembro.

De acordo com o ex-secretário, que afirmou ter denunciado o esquema de corrupção por conta dos filhos e porque estava sendo ameaçado por Arruda, os secretários de governo também tinham uma parcela fixa de propina retirada dos contratos firmados pelo governo do Distrito Federal.

"Em todas as secretarias de Estado e em outras unidades do GDF (governo do Distrito Federal), dirigidas por partidos com mandatos, o titular da secretaria recebe 40% dos valores arrecadados dos contratos em geral, ou seja, recursos repassados pelos prestadores de serviço do GDF a título de propina", informou Barbosa em depoimento.

Entre os documentos apresentados pelo ex-secretário ao Ministério Público para sustentar sua tese estão "diversas notas fiscais de despesas da campanha de Arruda ao governo do DF pagas por empresas prestadoras de serviços do GDF em troca de benefícios futuros".

O PPS, que anunciou na segunda-feira sua saída da base aliada, segundo depoimento de Durval Barbosa, também recebia propina paga a mando de Arruda.

"No caso da Secretaria da Saúde a pessoa autorizada pelo secretário Augusto Carvalho (do PPS) para negociar contratos e pagamentos de propina é a pessoa de Fernando Antunes, presidente regional do PPS e secretário-adjunto da Secretaria de Saúde", diz trecho do depoimento do ex-secretário.

No caso do presidente da Câmara Legislativa, que aparece em um vídeo guardando maços de dinheiro, inclusive nas meias, Barbosa disse à Justiça que Leonardo Prudente extorquia empresários e fazia "acertos" para fraudar licitações. Ontem, Prudente afirmou que os recursos eram caixa dois de campanha e disse que colocou dinheiro nas meias "por segurança", já que não utiliza uma pasta.

"Leonardo Prudente criou um pool de empresas somente para participar de licitações no GDF, (...) pratica extorsão contra empresários que disputam licitação no GDF, e (...) faz 'acertos' para fraudar as licitações", disse Durval Barbosa à Justiça.Na segunda-feira, Arruda disse que toda a arrecadação de recursos está devidamente registrada na Justiça Eleitoral. As investigações da Operação Caixa de Pandora apontam indícios de que Arruda, assessores, deputados e empresários podem ter cometido os crimes de formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva e ativa, fraude em licitação, crime eleitoral e crime tributário.

O mensalão do governo do DF, cujos vídeos foram divulgados neste fim de semana, é resultado das investigações da operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. O esquema de desvio de recursos públicos envolvia empresas de tecnologia para o pagamento de propina a deputados da base aliada.

O governador José Roberto Arruda aparece em um dos vídeos recebendo maços de dinheiro. As imagens foram gravadas pelo ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, que, na condição de réu em 37 processos, denunciou o esquema por conta da delação premiada. Em pronunciamento oficial, Arruda afirmou que os recursos recebidos durante a campanha foram "regularmente registrados e contabilizados".

As investigações da Operação Caixa de Pandora apontam indícios de que Arruda, assessores, deputados e empresários podem ter cometido os crimes de formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva e ativa, fraude em licitação, crime eleitoral e crime tributário.

Fonte: Terra
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