PUBLICIDADE

Política

Ex-diretor da Petrobras decide ficar calado em CPI

Oposição aproveitou o silêncio para ligar Paulo Roberto Costa, que está preso, aos governos do PT

17 set 2014 - 15h10
(atualizado às 18h03)
Compartilhar
Exibir comentários
<p>Paulo Roberto Costa está preso no Paraná e foi levado a Brasília para o depoimento</p>
Paulo Roberto Costa está preso no Paraná e foi levado a Brasília para o depoimento
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa decidiu ficar calado em depoimento à CPI mista da Petrobras nesta quarta-feira. Preso no Paraná, Costa foi levado hoje a Brasília e se recusou a responder perguntas, mesmo que fosse convocada uma sessão secreta.

“Pode ser em sessão aberta, mas não tenho nada a declarar”, disse Roberto Costa, no início da sessão. Sem algemas, o ex-diretor ficou por aproximadamente três horas sentado na sala da CPI e se recusou a responder aproximadamente 25 perguntas de congressistas.

Costa foi preso sob suspeita de participação em esquema de lavagem de dinheiro, desarticulado pela Operação Lava Jato. Ele aceitou participar de uma delação premiada e, segundo divulgou a revista Veja, entregou uma lista de políticos que teriam recebido propina de dinheiro desviado de contratos da estatal.

Mesmo com a recusa de falar, parlamentares da oposição apresentaram requerimento para tentar transformar a sessão aberta em secreta. A tentativa fracassou frente a maioria governista, que defendeu a oitiva pública. 

Nesta quarta, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que o sigilo da delação premiada é obrigatório. “A lei impede que qualquer pessoa se refira a eventual delação e seu conteúdo”, disse.

"Mensalão"

Sem as respostas do ex-diretor, os parlamentares da oposição aproveitara o tempo para tentar ligar Paulo Roberto Costa ao PT. O investigado foi diretor da Petrobras durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseeff.

O líder do Solidariedade na Câmara, deputado Fernando Francischini (PR), associou o escândalo envolvendo a Petrobras ao mensalão, que levou a condenação do ex-ministro José Dirceu. "Não é o mensalão 2, é o mesmo mensalão. São fontes de dinheiro público pagando políticos. O senhor Marcos Valério demorou, não fez delação premiada e está condenado a vários anos de prisão. O senhor Paulo Roberto Costa está aí fazendo a delação premiada", disse.

O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) ligou a indicação de Costa ao ex-ministro José Dirceu. "Nenhuma nomeação do primeiro governo do presidente Lula, ainda mais na diretoria de Abastecimento da Petrobras passaria sem o amém do José Dirceu. Portanto, para chegar à diretoria da Petrobras, o bandido que está sentado nesta sala aqui foi suportado, avalizado e bancado por José Dirceu", disse.

"Como é que Paulo Roberto Costa, depois de dois anos atuando na Petrobras, depois do escândalo do mensalão, é chamado de Paulinho pelo presidente Lula? Por quê? Porque o esquema das empresas de publicidade foi derrubado, mas se ganhou um esquema mais lucrativo, mais competentemente desenvolvido e que rendia mais dividendos ao esquema criminoso", acrescentou o deputado de oposição.

Deputados vão insistir no Supremo por acesso à delação

Fracassada a tentativa de obter nomes de parlamentares que teriam recebido propina, deputados da oposição vão insistir no Supremo Tribunal Federal (STF) para ter acesso às informações obtidas com o acordo de delação premiada. O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo, vai tentar marcar uma reunião com o presidente da Corte, Ricardo Lewandowski, e com o responsável pelos autos da Lava Jato, ministro Teori Zavascki, para a próxima terça-feira.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade