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Política

Ex-deputado da 'oração da propina' é indiciado por quatro crimes

4 jun 2012 - 19h23
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A Polícia Civil do Distrito Federal indiciou nesta segunda-feira o ex-deputado distrital Júnior Brunelli - conhecido pelo episódio da "oração da propina" - pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e formação de quadrilha. Também foram indiciados o contador e o assessor de Brunelli, além de um empresário suspeito de ser o responsável pela lavagem de dinheiro.

Brunelli foi o protagonista do vídeo que ficou conhecido como "oração da propina"
Brunelli foi o protagonista do vídeo que ficou conhecido como "oração da propina"
Foto: Reprodução

De acordo com o delegado Henry Lopes, da Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco), o ex-deputado está detido em regime de prisão temporária, mas será solto nesta terça-feira.

"A prisão foi necessária porque, em liberdade, o deputado estava exercendo influência sobre as investigações", declarou Lopes. O delegado afirmou que, se condenado, o político poderá pegar até 30 anos de prisão.

A Polícia Civil suspeita que o ex-parlamentar tenha desviado mais de R$ 1,7 milhão em emendas parlamentares. Segundo o delegado, a irregularidade pode ser ainda maior. "Há suspeitas de que o valor chegue a R$ 2,6 milhões, tendo em vista que há outras emendas do parlamentar que ainda serão objeto de investigação", disse na semana passada, quando foi solicitada a prisão do político.

O Terra procurou Brunelli e seu advogado, Eduardo Toledo, mas eles não atenderam as ligações.

Júnior Brunelli renunciou ao mandato em março de 2010, depois de aparecer em um dos vídeos da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, fazendo uma oração em agradecimento a uma suposta propina. Em sua carta de renúncia, disse que a "oração da propina" foi uma "manipulação grosseira, já que aquela prece aconteceu em setembro de 2009 e não em 2006, após o suposto recebimento de ajuda para a campanha política daquele ano". A gravação foi divulgada pelo então secretário de Relações Institucionais e delator do esquema do mensalão do Dem, Durval Barbosa.

"Pai, quero te agradecer por estarmos aqui, sabemos que nós somos falhos, somos imperfeitos, mas é o teu sangue que nos purifica. Pai, nós somos gratos pela vida do Durval ter sido instrumento de bênção para nossas vidas, para essa cidade. Tantas são as investidas, Senhor, de homens malignos contra a vida dele, contra nossas vidas. Nós precisamos da Tua cobertura e dessa Tua graça, da Tua sabedoria, de pessoas que tenham, Senhor, armas para nos ajudar essa guerra. Acima de tudo, Senhor, todas as armas que podem ser falhas, todos os planejamentos podem falhar, todas as nossas atividades, mas o Senhor nunca falha", dizia o ex-parlamentar no vídeo da oração.

O mensalão do DEM

O chamado mensalão do DEM, cujos vídeos foram divulgados no final de 2009, é resultado das investigações da operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. O esquema de desvio de recursos públicos envolvia empresas de tecnologia para o pagamento de propina a deputados da base aliada.

O então governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) aparece em um dos vídeos recebendo maços de dinheiro. As imagens foram gravadas pelo ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, que, na condição de réu em 37 processos, denunciou o esquema por conta da delação premiada. Em sua defesa, Arruda afirmou que os recursos recebidos durante a campanha foram "regularmente registrados e contabilizados". Em meio ao escândalo, ele deixou o Democratas.

As investigações da Operação Caixa de Pandora apontam indícios de que Arruda, assessores, deputados e empresários podem ter cometido os crimes de formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva e ativa, fraude em licitação, crime eleitoral e crime tributário.

Acusado de tentar subornar o jornalista Edmilson Edson dos Santos, o Sombra, testemunha do caso, Arruda foi preso preventivamente em fevereiro de 2010, por determinação do Superior Tribunal de Justiça, que ainda o afastou do cargo de governador. Ele ficou preso por dois meses e, neste período, teve o mandato cassado por desfiliação partidária.

O caso aguarda denúncia do Ministério Público Federal e tramita no STJ.

Fonte: Terra
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