PUBLICIDADE

Política

'Estava precisando de muita dose de humildade', diz Cabral

29 jul 2013 - 20h35
(atualizado às 22h11)
Compartilhar
Exibir comentários
Alvo de seguidas manifestações, Cabral disse estar aberto a manter um diálogo com os que protestam contra seu governo, e disse que não é um 'ditador'
Alvo de seguidas manifestações, Cabral disse estar aberto a manter um diálogo com os que protestam contra seu governo, e disse que não é um 'ditador'
Foto: Bruno Itan / Divulgação

Depois de ver a sua popularidade despencar e de ser alvo de seguidos protestos nas ruas, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), utilizou a entrevista coletiva na qual anunciou que não pretende mais demolir o parque aquático Júlio Delamare para fazer uma autocrítica. Demonstrando uma postura humilde e citando a visita do papa Francisco, Cabral deu uma longa entrevista, e falou de diversos assuntos, desde o tema proposto, passando pela má avaliação de seu governo pela população, até o sumiço do pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido após ser levado à Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade da Rocinha.

“Sou cristão, e nunca fiz uso da religiosidade para a vida pública. Jamais farei. Mas me tocou muito a vinda do Papa, como governador e como ser humano. Fui reeleito governador, o mais votado da história do Rio, e certamente, estava precisando muito de muita dose de humildade. Isso faz parte do processo. Jamais terei vergonha de reconhecer autocríticas e erros”, afirmou o governador. 

Ao longo de 47 minutos de entrevista, Cabral adotou um tom moderado, e chegou até mesmo a fazer um mea culpa diante de sua resposta quando foi questionado pelo uso de helicópteros. Na ocasião, o político declarou que “todos os governadores também faziam uso de aeronaves".

“Dei uma resposta mal dada no dia seguinte à matéria, foi uma resposta horrível. Na boa mesmo, foi uma resposta horrível. De fato, os outros governadores de outros Estados utilizavam. O fato é que aqui me cobraram corretamente, e tem que ter um protocolo de uso. É o que nós vamos fazer. Peço desculpas pela minha primeira resposta.”

Segundo Cabral, os helicópteros do Estado estão, por ora, restritos a seu uso, apenas para situações de trabalho do governador. Ele explicou que a Casa Civil está colhendo informações sobre as regras de uso em outros Estados, para determinar um código de utilização das aeronaves. “Helicóptero será apenas para uso do trabalho do governador. A família, neste momento, não usa o helicóptero”, comentou.

Cabral anunciou que o Júlio Delamare não será mais destruído, e observou que pretende conversar com a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) para achar uma solução para o estádio Célio de Barros, que também tem previsão de ser colocado abaixo. 

O governador, que sempre evitou abrir uma canal de comunicação com as federações que se mostraram contrárias à decisão de demolição dos equipamentos esportivos, afirmou que errou a adotar esta postura. “Errei em não ouvir. Errei, e, por isso, estou voltando atrás. Devia ter ouvido, e não ouvi o segmento. Conheço o Coaracy (Nunes, presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) há anos, diria há décadas”, observou.

Questionado se passaria a ter um comportamento menos unilateral, Cabral foi direto. “Com certeza. Por autocrítica, por um conjunto de fatores. Porque eu amo o Rio de Janeiro, eu aprendi com a vinda do Papa, aprendi com as críticas. Vai dizer então que todas as críticas estão corretas? Claro que não. Estou totalmente certo e as críticas estão erradas? Claro que não. É um processo de aprendizado, de ouvir ambos os lados, e estou aberto”, comentou.

Protestos

Alvo de seguidas manifestações, Cabral disse estar aberto a manter um diálogo com os que protestam contra seu governo, e disse que não é um “ditador”.

O governador chegou até mesmo a fazer um apelo para que os manifestantes parem de protestar em frente à sua casa, no Leblon, na zona sul da capital fluminense. Demonstrando certa emoção, argumentou que seus filhos são afetados pelos atos.

“Na porta de casa, tenho crianças pequenas. O Sérgio Cabral político é uma coisa. Mas ali, é meu filho de seis anos, é meu filho de 11 anos. É um apelo de pai mesmo. Aqui no Palácio, a manifestação é do jogo democrático. Faço um apelo do coração, como pai. É situação difícil falar da família. Não me pergunta muito sobre isso, que me emociono”, disse, acrescentando que pretendia retirar as grades que cercam o Palácio Guanabara contra os manifestantes. Logo em seguida à entrevista, o cerco começou a ser desfeito por seguranças e policiais que lá trabalham.

Ao ser questionado sobre os planos para processo de ocupação das favelas pela polícia, Cabral mencionou espontaneamente o caso de Amarildo, desaparecido desde a noite do último dia 14, após ser levado por policiais a um posto da UPP da Rocinha. 

“Estamos investigando o caso do Amarildo profundamente, querendo saber onde está Amarildo. Essa é uma pergunta que a sociedade e eu, e posso garantir que o secretário (José Mariano) Beltrame e todos nós estamos fazendo. Só que eles são os especialistas, e estão trabalhando tecnicamente para isso, e eu vocalizo uma demanda da sociedade. Situações como essas são intoleráveis, e vamos descobrir os responsáveis por isso."

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade