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Política

Em meio a denúncias, Orlando Silva vai a audiência na Câmara

25 out 2011 - 09h05
(atualizado às 09h16)
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Em meio a uma série de denúncias de irregularidades no Ministério do Esporte, o titular da pasta, Orlando Silva (PCdoB), participa de uma audiência pública nesta terça-feira na Comissão Especial das Copas do Mundo e das Confederações na Câmara dos Deputados. Requerimentos devem ser votados no Plenário 7 da Casa. Ontem, em depoimento que durou mais de quatro horas, o policial militar João Dias informou à Polícia Federal (PF) que ao menos 20 ONGs estão dispostas a delatar o esquema.

Após reunião com a presidente Dilma Rousseff, o ministro do Esporte, Orlando Silva, afirmou a jornalistas na noite de sexta-feira que continuava no cargo
Após reunião com a presidente Dilma Rousseff, o ministro do Esporte, Orlando Silva, afirmou a jornalistas na noite de sexta-feira que continuava no cargo
Foto: José Cruz / Agência Brasil

De acordo com Dias, o PCdoB montou no Ministério do Esporte, junto a entidades conveniadas com o programa Segundo Tempo, um esquema de arrecadação de propina. Os representantes das ONGs, segundo ele, vão depor nos próximos dias. Como havia prometido no primeiro depoimento, semana passada, Dias entregou documentos, 13 áudios, um celular e mídias que, a seu ver, comprovam os desvios de recursos públicos da pasta no programa. O material será submetido à perícia da PF.

Entre as mídias estão dois áudios, publicados pela revista Veja esta semana, nos quais dirigentes do ministério instruem o policial a fraudar documentos de prestação de contas de convênios firmados entre a pasta e duas ONGs que ele dirige.

Segundo o policial, nenhum dos áudios contém a voz do ministro Orlando Silva, assim como nenhuma das provas o atinge diretamente. Mas ele observou que seria impossível que Silva não soubesse do esquema. Além destas ONGs, ele deu à PF os nomes de outras dez entidades que, segundo garante, aceitaram condições espúrias para obterem recursos do programa. As ONGs, para não serem molestadas na prestação de contas, tinham de comprar produtos e serviços de um pool de seis empresas.

Ele deu à PF os nomes das empresas. Todas serão intimadas a prestar esclarecimentos. Além das ONGs que se propõem a depor espontaneamente, Dias citou outras dez que ele diz ter certeza de que aceitaram pagar o preço ao PCdoB para obterem contratos. Entre essas, cinco seriam de Brasília.

As acusações contra Orlando Silva

Reportagem da revista Veja de outubro afirmou que o ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB), lideraria um esquema de corrupção na pasta que pode ter desviado mais de R$ 40 milhões em oito anos. Segundo o delator, o policial militar e militante do partido João Dias Ferreira, organizações não-governamentais (ONGs) recebiam verbas mediante o pagamento de uma taxa que podia chegar a 20% do valor dos convênios. Orlando teria recebido, dentro da garagem do ministério, uma caixa de papelão cheia de cédulas de R$ 50 e R$ 100 provenientes dos desvios que envolveriam o programa Segundo Tempo - iniciativa de promoção de práticas esportivas voltada a jovens expostos a riscos sociais.

João Dias Ferreira foi um dos cinco presos no ano passado pela polícia de Brasília sob acusação de participar dos desvios. Investigações passadas apontavam diversos membros do PCdoB como protagonistas das irregularidades, na época da Operação Shaolin, mas é a primeira vez que o nome do ministro é mencionado por um dos suspeitos. Ferreira, por meio da Associação João Dias de Kung Fu e da Federação Brasiliense de Kung Fu, firmou dois convênios, em 2005 e 2006, com o Ministério do Esporte.

O ministro nega as acusações e afirmou não haver provas contra ele, atribuindo as denúncias a um processo que corre na Justiça. Segundo ele, o ministério exige judicialmente a devolução do dinheiro repassado aos convênios firmados com Ferreira. Ainda conforme Orlando, os convênios vigentes vão expirar em 2012 e não serão renovados.

Fonte: Terra
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