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Política

SP: Haddad minimiza impacto do mensalão em campanha

16 abr 2012 - 18h22
(atualizado às 18h31)
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Marina Novaes
Direto de São Paulo

O pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, minimizou nesta segunda-feira o impacto negativo que o julgamento do caso do mensalão - maior escândalo político do governo Lula - possa ter sobre sua campanha, já que vários petistas são réus do processo. De acordo com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Carlos Ayres Britto, o caso deve ser julgado pela Corte até o final de junho, o que coincide justamente com o início oficial da corrida eleitoral deste ano.

Haddad visitou as obras do futuro estádio do Corinthians nesta segunda-feira
Haddad visitou as obras do futuro estádio do Corinthians nesta segunda-feira
Foto: Marina Novaes / Terra

Em entrevista após visitar as obras do futuro estádio do Corinthians em Itaquera, na zona leste da capital paulista, Haddad tentou se distanciar do caso, defendeu a "transparência" do processo e "punição proporcional" aos culpados. O petista também citou escândalos envolvendo partidos de oposição, como o DEM, envolto em nova crise após escutas da Polícia Federal revelarem o envolvimento do senador Demóstenes Torres (sem partido, ex-DEM) com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

"Eu não trabalho com esse cálculo (de que tenha um impacto negativo). A sociedade cobra hoje transparência e o fim da impunidade, seja na questão do DEM, de Goiás, seja do PSDB de Minas Gerais (em referência ao escândalo denominado mensalão mineiro), seja quem for, a sociedade quer solução desse tipo de problema. (...) Os candidatos não podem ter medo de discutir questões éticas, (...) e a minha biografia está aberta para a sociedade", afirmou.

Questionado se o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, um dos réus do mensalão e apontado pelo Ministério Público Federal como mentor do esquema, deverá participar de sua campanha, Haddad desconversou e disse que não fala com o petista "há meses". "Ele não tem participado das campanhas do PT", respondeu, negando ainda que Dirceu tenha ajudado a formar a coordenação de sua campanha.

O pré-candidato afirmou ainda que Dirceu é o "maior interessado" em provar sua inocência durante o julgamento - ele sempre negou a existência do esquema de pagamento de mesadas a parlamentares no Congresso. "Ele, talvez, seja a pessoa mais interessada no desfecho desse caso. Ele quer ser julgado com base nas provas apresentadas, e acho que isso é justo", disse. Entretanto, Haddad evitou opinar sobre o desfecho do caso, ao ser questionado se acredita na absolvição de Dirceu. "Eu não conheço o processo. Realmente não sou especialista."

Por fim, Haddad disse ser favorável à criação de uma comissão mista parlamentar de inquérito (CPMI), no Congresso, para investigar a ligação de políticos com Carlos Cachoeira, e cobrou que a imprensa fiscalize os demais partidos e não só o PT.

"Uma vez que tudo seja passado a limpo, acho muito bom para a democracia(...). O que não considero correto é todo o foco se centrar em um único partido (o PT). A imprensa deveria ser a primeira a lutar para que todos prestem conta de seus atos, e não só alguns", completou o pré-candidato petista.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, o ministro Joaquim Barbosa apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

Fonte: Terra
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