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Política

Sonho da Presidência está 'adormecido' até 2016, diz Serra

29 fev 2012 - 17h17
(atualizado às 19h07)
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Marina Novaes
Direto de São Paulo

O pré-candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, disse nesta quarta-feira que, se eleito, cumprirá o mandato de quatro anos até o fim. Ele admitiu, porém, que sabe que será cobrado pelos adversários durante a campanha, pois prometeu, em 2004, que iria cumprir o mandato integral de prefeito, mas deixou o cargo em 2006 para concorrer ao governo de São Paulo.

"Estou sendo candidato para governar a cidade até quando o mandato dura, que é até 2016. (...) Eu sei que essa questão vai ser muito posta, principalmente pelos candidatos, mas essa é minha decisão. Eu vou cumprir os quatro anos, é mais do que promessa", afirmou.

Essa é a primeira entrevista que o ex-governador concede desde que decidiu disputar a indicação do partido para concorrer às eleições municipais deste ano. Segundo ele, a decisão de se candidatar foi uma questão de "necessidade e gosto".

Serra admitiu, porém, que não deixou de sonhar com a Presidência da República, mas afirmou que a decisão de concorrer à prefeitura da capital paulista implica em ficar de fora das eleições de 2014.

"É uma nova circunstância. (...) Não é a primeira vez na vida que eu tomo outro rumo. Quanto ao sonho (de ser presidente), ele pode permanecer, mas, pelo menos até 2016, (o sonho) está adormecido. Porque agora a decisão implica em não ser candidato em 2014."

Apesar de admitir estar fora do páreo na corrida pela sucessão presidencial, Serra evitou "nomear" o senador Aécio Neves (MG) como "candidato natural" do PSDB em 2014, como fez o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em recente entrevista. "Ele um dos candidatos. Você tem o Marconi Perillo (governador de Goiás), o Álvaro Dias (senador do Paraná) e, dependendo das circunstâncias, o Geraldo Alckmin (governador de São Paulo). Ser candidato do PSDB é uma conquista. Mas, certamente, ele é um dos candidatos", disse.

Em 2010, Aécio disputou com o PSDB a indicação do partido para concorrer à Presidência, mas a cúpula tucana optou por lançar Serra candidato.

Aliança com Kassab e rejeição

Serra minimizou o "flerte" que o prefeito Gilberto Kassab (PSD), um dos seus maiores aliados políticos, teve recentemente com o PT, e atribuiu a quase aliança entre seu ex-vice e o rival petista Fernando Haddad às "circunstâncias" políticas.

"É um conjunto de fatores que se colocam, inclusive a importância de se ganhar a eleição para a prefeitura de São Paulo", avaliou, evitando polemizar o assunto.

O tucano também minimizou seu índice de rejeição - de 33%, segundo pesquisa Datafolha de janeiro -, a que atribuiu à forma como os pesquisadores questionam os entrevistados e aos eleitores do PT. "(O índice de rejeição) Eu atribuo à forma de se perguntar. (...) Conversei com um pesquisador, e ele disse que depende de como é feita à pergunta. (...) E como eu já disputei a Presidência, sou super identificado como o 'não-PT'. É natural que o eleitorado do PT não vote em mim", observou, emendando que não considera que a campanha será fácil.

Segundo ele, quando a "prefeitura mostrar o que tem feito", o índice de aprovação de Kassab, hoje mal avaliado pelos paulistanos segundo as pesquisas, deve aumentar.

"Não considero minha rejeição alta. (...) E a prefeitura vai ter que mostrar as coisas que tem feito, que são muitas. O fato que o Kassab tenha empreendido a criação de um novo partido cria a impressão de ausência, que não é verdade", completou.

Racha do PSDB

Questionado sobre os protestos dos outros dois pré-candidatos tucanos, José Aníbal (secretário estadual de Energia) e Ricardo Tripoli (deputado federal), em relação à mudança da data das prévias do partido, Serra negou a existência de um "racha" na legenda e afirmou que o PSDB estará unido durante a campanha. "Não vejo racha, sinceramente. É uma disputa normal. Pelo contrário, vamos ter um partido bem unido", afirmou.

As prévias do PSDB estavam marcadas para o próximo domingo, mas foram adiadas para o dia 25 de março a pedido de Serra, que argumentou precisar de mais tempo para mobilizar seus militantes, já que cerca de 20 mil tucanos estão aptos a votar na consulta interna da sigla. A alteração não agradou a Tripoli e a Aníbal, que divulgaram uma carta nesta quarta-feira pedindo para que Serra participe de ao menos dois debates com os militantes antes das prévias. Serra não confirmou se irá atender ao pedido.

Relação "cordial" com Haddad

O tucano também evitou atacar o PT - maior rival do PSDB na esfera nacional e municipal. "Independentemente de diferenças que existem, eu tenho uma relação cordial com o Haddad", afirmou.

Ele também classificou como "normal" o apoio que Haddad terá do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deixou o governo com alto índice de aprovação. "Normal que o Lula seja cabo eleitoral, como ele foi em 2004, 2006 e 2008. Isso faz parte."

Bem humorado, Serra evitou listar os erros que levaram a sua derrota em 2010, quando disputou a Presidência com Dilma Rousseff, e, ao ser questionado sobre o que faria de diferente nesta campanha, respondeu apenas: "Talvez seja mais simpático com a imprensa."

Fonte: Terra
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