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Política

Serra diz não temer desdobramentos de CPI nas eleições

27 abr 2012 - 14h51
(atualizado às 15h19)
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Vagner Magalhães
Direto de São Paulo

O pré-candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, afirmou nesta sexta-feira na capital paulista não temer os desdobramentos da CPMI do Cachoeira, que pretende investigar as ligações entre o contraventor, políticos e empresas na área da construção civil. Em São Paulo, deputados petistas querem a investigação dos contratos da Nova Marginal, que custou cerca de 70% a mais do que estava previsto. A obra foi iniciada na gestão de José Serra no governo de São Paulo.

José Serra participou do 1º Congresso Nacional do PSDB
José Serra participou do 1º Congresso Nacional do PSDB
Foto: Fernando Borges / Terra

Entenda o caso Cachoeira, o bicheiro que abalou o Brasil

"Ainda não se sabe para onde essa CPI vai, mas tudo o que puder ser investigado é bom", disse. Serra participou nesta sexta-feira, ao lado do senador mineiro Aécio Neves, do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, do 1º Congresso Nacional promovido pelo Núcleo Sindical do PSDB.

Nesta semana, o senador Aécio Neves disse que Serra pode ser o candidato do PSDB à Presidência da República, mesmo que seja eleito prefeito de São Paulo neste ano. Serra, que renunciou ao cargo em 2006 para ser candidato ao cargo máximo do País, disse que desta vez isso não está nos planos. "Não está na minha agenda", falou.

Em seu discurso no evento, Aécio fez críticas ao que ele chama de popularidade "inflada" da presidente Dilma Rousseff. "Há aí um ufanismo desenfreado nos índices de popularidade da presidente. Se aprofundarem essa pesquisa, vão ver que mais de 60% da população está descontente com a saúde", afirmou.

Serra afirmou que os trabalhadores devem se mobilizar para esta campanha e prometeu investimentos maciços em transporte coletivo. "O tempo que se perde para ir e vir do trabalho é como se fosse a cobrança de um salário indireto do trabalhador", afirmou.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Terra
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