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Política

RJ: Maia e Freixo fazem 'tabelinha' para atacar Paes no 1º debate

3 ago 2012 - 00h47
(atualizado às 00h57)
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André Naddeo
Direto do Rio de Janeiro

Principais concorrentes diante do favorito candidato à reeleição no Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes (PMDB), o deputado federal Rodrigo Maia (DEM) e o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol) contaram com a sorte do sorteio de perguntas diretas, de candidato para candidato, para atacar a atual administração carioca, no primeiro debate promovido pela Rede Bandeirantes de Televisão. Ambos preferiram evitar o embate direto para, juntos, atacar o peemedebista.

O atual prefeito e candidato à reeleição, Eduardo Paes (PMDB), foi alvo das críticas de seus adversários durante todo o debate
O atual prefeito e candidato à reeleição, Eduardo Paes (PMDB), foi alvo das críticas de seus adversários durante todo o debate
Foto: Mauro Pimentel / Terra

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No segundo e terceiro blocos, Maia foi o sorteado para iniciar as questões diretas, e em ambas as oportunidades, preferiu "trocar figurinhas" com Freixo para criticar Paes. Primeiramente, ambos atacaram o que consideraram uma fragilidade da administração peemedebista no combate às milícias, grupos que ainda controlam e se beneficiam financeiramente de ações ilegais nas favelas no Rio; sobretudo na zona oeste da cidade, e ainda com poder de definição de candidatos ao pleito.

Logo depois, na terceira parte do programa, as críticas foram em relação aos gastos, que ambos consideraram exorbitantes na publicidade da administração municipal. Com números de sua administração na ponta da língua, Eduardo Paes se manteve firme em suas explicações, enquanto que Aspásia Camargo (PV) e Otávio Leite (PSDB) tiveram papel mais de coadjuvante nas discussões.

Bloco a bloco

O primeiro bloco do debate teve como foco perguntas dos moradores da capital fluminense aos candidatos à prefeitura, ou seja, a primeira rodada de críticas ao atual prefeito, Eduardo Paes. Otávio Leite, deputado federal pelo PSDB, ao ser questionado sobre os frequentes buracos nas calçadas do Rio, afirmou que a administração Paes "não teve compromisso com a acessibilidade".

O próprio Eduardo Paes (PMDB) deu prosseguimento ao bloco ao responder uma questão sobre o frequente problema do trabalho informal no centro urbano fluminense. E defendeu sua gestão: "Uma das ações mais importantes foi justamente nosso recadastramento do comércio ambulante na cidade. Em 2009, nenhum tinha licenciamento para ficar nas ruas da cidade. Organizamos a situação".

Sobre a celeuma que envolve o transporte público no Rio, principalmente na zona oeste, Rodrigo Maia (DEM) afirmou ser "um absurdo o fato de que a cada 10 ônibus que saem da Vila Kennedy (no subúrbio), nove tem ar condicionado, a R$ 6. Só um sai a R$ 2,75". Marcelo Freixo (Psol) foi questionado sobre o crack como problema de saúde pública na cidade, e respondeu: "A cidade pensa na limpeza da rua, mas não na assistência desses meninos".

Por fim, Aspásia Camargo explicou sua proposta para o aumento de empregos no Rio, diante da indagação de um entrevistado, desempregado, fez: "O que a nossa cidade mais precisa é de uma economia mais dinâmica, ativa, para empregar o maior número de pessoas. Faltam bons empregos, falta educação para poder ocupar estas vagas".

No segundo bloco do programa, sorteado para fazer a primeira pergunta direta, de candidato para candidato, Rodrigo Maia (DEM) "bateu bola" com o deputado estadual Marcelo Freixo, sobre um importante tema no pleito municipal: as milícias.

"É uma questão importante para a opinião pública, depois de uma época que as pessoas pensavam na milícia como um mal necessário. Milícia é máfia", ressaltou Freixo. "Temos que tirar o 'gatonet' (rede de TV a cabo clandestina), dentre outras medidas para se acabar com o poder financeiro destas organizações, e oferecer entretenimento adequado. Ainda há uma ameaça concreta à sociedade", completou.

Rodrigo Maia, por sua vez, ressaltou que "agora são mais 300 milícias, o que representa um fracasso da política do PMDB na segurança pública, que só faz propaganda. Os donos de vans têm sido perseguidos (outra forma de poderio financeiro das milícias). É uma atividade que precisa ter o apoio do governo".

Eduardo Paes, pelas regras do debate, não pôde abordar o tema miliciano, mas fez questão de afirmar que, após questão sobre o fato de privilegiar o modelo de ônibus na capital, em detrimento do metrô, sua administração "quer que o metrô se expanda. O governador Sérgio Cabral está ligando a Barra à zona sul. O Metrô é fundamental, e a prefeitura apoia".

Aspásia Camargo e Eduardo Paes, na sequência, abordaram temas de desenvolvimento sustentável, no tocante à reunião do C-40, ocorrida na última Rio+20, sobre a meta de redução de emissão de CO2 na atmosfera, tratado na conferência das Nações Unidas. "Mas prefeito, precisamos tratar da questão dos resíduos sólidos, também, a questão é mais ampla", mencionou Aspásia.

Por fim, Otávio Leite (PSDB) questionou a demora de atendimento na saúde pública. "Na zona oeste, pela primeira vez, vamos implantar uma faculdade de medicina, é uma semente de uma solução permanente", apontou Leite, sobre a necessidade de se integrar a rede de ensino público e privado para solucionar a falta de profissionais de saúde.

No terceiro bloco das discussões, novamente sorteado para a abertura das perguntas diretas, Rodrigo Maia voltou com sua "tabelinha" particular com Marcelo Freixo, mais uma vez tendo em vista a administração do peemedebista. O filho do ex-prefeito César Maia criticou o que considerou um exorbitante gasto com publicidade. "Temos que ter recurso para valorizar o servidor público, e não propaganda. Precisamos acreditar nisso, com plano de cargo de salários, com aumento real todos os anos", discursou o candidato democrata, em sua bandeira de incentivo aos servidos públicos.

Freixo respondeu direto ao tema: "Não é o que a gente espera da vida política. São vários problemas respondidos com ações de marketing. Tivemos 13.700% de aumento com gasto de publicidade. Nada justifica uma verba de R$ 90 milhões para isso", protestou.

Novamente fora da discussão particular, Paes foi questionado, na sequência, pelo deputado do Psol sobre o que considerou uma falência da educação pública do Rio, com o penúltimo lugar no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) estadual, dado de 2010. O atual prefeito retrucou: "se tem uma coisa que eu faço, é conhecer bem esta cidade", alfinetou Freixo, natural de Niterói.

"A situação da educação que nós pegamos foi da aprovação automática, de uma cidade que não acreditava no seu futuro", completou. Otávio Leite, em seu tempo, falou sobre a questão cultura da cidade. "Vamos aprovar uma lei que isenta a cobrança de impostos para a música". Aspásia Camargo, por sua vez, falou sobre a região portuária do Rio, que está sendo revitalizada e deve servir de exemplo. "Desde os anos 70 que se tenta dar àquele lugar a sua notoriedade merecida. É uma inovação que deveria ser mais repetida", disse.

No quarto e penúltimo bloco, personalidades que vivem na capital fluminense, mediante sorteio, fizeram suas indagações aos que pleiteiam quatro anos à frente da administração municipal.

O rapper Gabriel Pensador iniciou o bloco questionando, por sorteio, o deputado federal Otávio Leite (PSDB), a cerca das novidades no tema educação para alunos e professores. "Educação é tudo e não há saída mais justa, somado ao desenvolvimento econômico. Por mais esforços que sejam feitos, o fundamental é começar do início universalizando a creche. Há um déficit que precisa ser urgentemente suprido para avançar na alfabetização. O foco deve ser na educação infantil", discursou Leite.

No assunto cultura, questionado pelo jornalista Ricardo Clavo Albin, sobre a ausência de espaços públicos de fomento ao movimento cultural, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM) disse que "esse é um caso grave e que precisa ser resolvido. Temos uma juventude abandonada por esse governo, não há uma política pública para milhares de jovens. Por isso, que na educação nós vamos criar a professora que vai ao bairro".

Na sequência, o atual prefeito Eduardo Paes, indagado sobre o especialista em segurança pública e ex-capitão do Bope, Paulo Storani, a cerca da implementação de outras políticas envolvendo a consolidação das Unidades de Polícia Pacificadoras, as UPPs. "Pensamos sempre que não era possível, que não dava mais, mas vemos a cidade hoje vivendo uma nova realidade. E a Prefeitura tem sido parceira deste processo desde o seu início, complementando o salário dos policiais nestas áreas e entrando com o programa da UPP Social (de incentivo a cultura e educação)".

Marcelo Freixo, por sua vez, foi alvo de questionamento, sempre por sorteio, do infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, Edmílson Migowiski, sobre a falta de pediatras na rede pública de saúde no Rio. "Temos que ser honestos e dizer que esse é um problema nacional. Mas a questão é que a falta aqui é falta de clínico geral, de ortopedista, está se faltando tudo. Temos que ter transparência na saúde pública, pensando que a população tem sido pessimamente atendida", afirmou.

Junto com sua bandeira de desenvolvimento sustentável, Aspásia Camargo deu "sorte" de cair justamente com a pergunta do ambientalista David Zee, sobre o processo de reciclagem de lixo. "É preciso mais ousadia, é preciso atrais para o Rio de Janeiro complexos industrias que privilegiem a reciclagem. É o esgoto correndo solto, os rios sendo canalizados, para que o esgoto corra para as lagoas da Barra da Tijuca. Precisamos recuperar isso, além de todas as praias do Rio de Janeiro, atualmente poluídas", afirmou.

Por fim, no quinto e último bloco, os candidatos responderam perguntas de ouvintes da rádio Bandeirantes e jornal Metro, também ligado a rede. Aspásia Camargo abordou o tema da suposta máfia dos pontos de táxi do Rio, enquanto que Eduardo Paes falou sobre seus investimentos no setor do transporte alternativo. Já Rodrigo Maia ponderou medidas alternativas de combate ao crack, para na sequência, Marcelo Freixo falar sobre os gargalos de trânsito na cidade. Por fim, Otávio leite falou sobre medidas para se melhorar o atendimento aos turistas no cartões postais da capital fluminense. Após as discursivas, cada um dos candidatos teve três minutos para suas considerações finais.

Fonte: Terra
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