Presidente estadual do PCdoB nega acordo com PT em SP

23 jun 2012 - 21h18

Daniel Fernandes

Mesmo após as declarações do presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, ao Terra, de que o partido deverá anunciar já na segunda-feira a decisão de desistir da candidatura própria e oficializar apoio ao pré-candidato do PT, Fernando Haddad, na disputa da prefeitura de São Paulo, a presidente estadual do partido em São Paulo, Nádia Campeão, negou que já haja uma definição da legenda e afirmou que, no momento, a ideia é ainda lançar o pré-candidato Netinho de Paula em uma chapa pura na disputa do executivo da capital paulista.

Segundo Nádia, o PCdoB recebeu sondagens do PT e também do PMDB, do pré-candidato Gabriel Chalita, e ainda estuda qual a melhor posição para o partido nessas eleições. Renato Rabelo, porém, afirmou neste sábado, no evento que oficializou a deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB-RS) como candidata comunista na disputa da prefeitura de Porto Alegre, que o partido optou por apoiar o PT em São Paulo, e que a ligação política com o presidente Lula foi o diferencial.

Assim como Rabelo, que afirmou ser muito difícil para o partido manter uma candidatura própria em uma cidade como São Paulo, por conta da grande demanda de recursos e estrutura, Nádia diz que, caso insista em uma candidatura própria, o PCdoB enfrentará algumas dificuldades, como a falta de recursos para competir contra as candidaturas dos maiores partidos do Brasil, PT, PMDB e PSDB, e a falta de partidos aliados, o que reduz o tempo de propaganda da legenda no rádio e na televisão.

"São fatores que pesam, que vêm sendo debatidos internamente. Mas, o Netinho, apesar da pouca visibilidade dada pela mídia em geral, se mantém sempre em terceiro nas pesquisas, o que mostra que temos um nome forte", afirmou Nádia, que completou. "Temos companheiros que acreditam ser possível vencermos essas eleições, e outros que preferem uma aliança. Ouvimos todas as correntes para chegarmos a uma posição".

Cotada para vice

Nádia negou qualquer convite para que fosse a vice de Fernando Haddad. O nome da presidente estadual do PCdoB ganhou força após o pré-candidato Netinho de Paula e a deputada estadual Leci Brandão (PCdoB-SP) rejeitarem publicamente a ideia.

Fernando Haddad declarou na tarde deste sábado que o nome de Nádia chegou a ser "cogitado" dentro do PT, que a comunista seria um "grande nome" para substituir a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), que deixou a chapa petista após o acerto com o PP, de Paulo Maluf.

A manifestação do petista, porém, não importa para Nádia no momento. "Eles têm todo o direito de cogitarem o nome que acharem melhor. Mas, estou focada no trabalho no PCdoB", disse.

Perguntada se aceitaria o cargo, Nádia preferiu se esquivar da pergunta. "Nesse momento, não é hora de trabalhar com hipóteses. Não responderei isso nem hipoteticamente", afirmou. E ainda completou. "Mesmo se o PCdoB fechar com o PT, o nome do vice seria discutido por toda a aliança, por todos os partidos, não seria uma escolha só nossa".