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Política

Presidente do PSDB-MG: Aécio não é candidato a filial do Serra

19 abr 2010 - 07h49
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Juliana Prado
Direto de Belo Horizonte

A visita que o pré-candidato tucano à presidência, José Serra, faz a Minas Gerais nesta segunda-feira tem uma objetivo muito claro para o presidente do PSDB no Estado. Para o deputado federal Nárcio Rodrigues, é importante destacar que "Aécio não é candidato a filial do Serra", conforme afirmou em entrevista ao Terra.

Para o dirigente tucano, Minas, que recebe a visita Serra nesta segunda, terá relevância indiscutível na disputa ao Palácio do Planalto. Principalmente, pelas mãos e pela atuação do ex-governador Aécio Neves.

"Ele (Aécio) é um parceiro, pode complementar, mas não é a filial. E, elegendo-se senador, será um grande articulador do governo para ajudar a tramitar projetos do Serra", disse. Na entrevista a seguir, o dirigente tucano fala sobre as candidaturas de Serra e Aécio, e da situação do governador mineiro Antonio Anastasia que vem sendo cortejado pela campanha presidencial petista de Dilma Rousseff.

Terra - Qual o peso e a importância que o partido dá a este momento em que José Serra praticamente inicia sua jornada por Minas?

Nárcio Rodrigues - O fato mais lamentável de todo o processo pelo qual passamos é a antecipação da disputa eleitoral. Este processo já está muito intenso. Mas entendemos que é inevitável entrar nele e temos que tratá-lo como fato. O PT antecipou o debate eleitoral. O Lula subiu no palanque antes da hora. E não desce de lá. Ele está numa campanha agressiva, forte, então, não dá para tratar isso tudo com indiferença. E também houve muita exploração da situação de Minas. Desta forma, o governador Aécio teve que cancelar sua viagem ao exterior, que seria um descanso merecido, e resolveu convidar Serra para começar suas viagens por Minas. Isso para que não pairem dúvidas sobre a situação de Minas na campanha. Vamos dizer para as lideranças do Estado várias coisas, a principal delas que Aécio tem seu candidato, que ele está totalmente engajado na candidatura Serra.

Terra - E neste inevitável momento de antecipação eleitoral, o PSDB já comemora a nova pesquisa Datafolha?

Nárcio Rodrigues - Ainda é muito cedo para definir o que será a eleição e quais seus resultados. Mas o fato é que as pesquisas demonstram uma tendência muito certa: a disputa será muito acirrada. Uma coisa está muito clara: ou ganha o candidato do presidente Lula ou ganha o candidato do PSDB. O fato é que o Serra está se mostrando agora como um candidato muito mais habilidoso, conciliador e que tem muitas forças aglutinadas em torno de seu nome.

Terra - Existe um novo Serra mesmo a se mostrar na campanha?

Nárcio Rodrigues - Sim, eu diria que temos hoje um Serra mais humilde, que sabe que não há condição de ganhar a disputa e governar sem se unir, sem conciliar. E é neste ponto que o governador Aécio, indo para o Congresso, terá um papel fundamental na governabilidade. As pessoas não entendem o fato e a importância de Aécio querer a vaga de senador e não a de vice na chapa de Serra. Ele quer ter espaço para ajudar na governabilidade. Como vice ele não poderá ajudar muito nesse sentido. Sempre faço uma pergunta para as pessoas: quem foi o candidato a vice de Serra (em 2002), e de Alckmin (em 2006)? Ninguém lembra. Hoje eles querem colocar o Aécio neste tipo de enquadramento, mas eu digo uma coisa: o Aécio não é candidato a filial do Serra. Ele é um parceiro, pode complementar, mas não é a filial. E, elegendo-se senador, será um grande articulador do Governo para ajudar a tramitar projetos do Serra.

Terra - Na visão do PSDB, em que ponto Minas é estratégica?

Nárcio Rodrigues - Eu estou certo de que Minas votará nessas eleições para fortalecer a figura do governador Aécio Neves. O Estado vai escolher o candidato que poderá fortalecer o nome do Aécio. As escolhas de Minas serão feitas assim. Ele não pôde ser presidente, mas precisa chegar a Brasília como grande liderança, com a altíssima estatura que tem. A minha lógica, então, é que as candidaturas Anastasia e Serra se fortalecem pelas mãos de Aécio. O que precisamos é passar isso para a opinião pública.

Terra - A indecisão envolvendo a chapa PT/PMDB em Minas é um fator que favorece Anastásia neste momento, não é?

Nárcio Rodrigues - O sentimento que vai valer mesmo é o da continuidade de um governo que vem dando certo. Então, o que embala a candidatura do Anastasia é a vontade de continuar o processo iniciado pelo Aécio. Claro que os desencontros dos concorrentes ajudam muito. Mas o sentimento de continuidade fala mais alto. A diferença é que o Anastasia não foi inventado pelo Aécio. Ele foi agente do processo de governar o Estado de Minas. O patamar de aprovação do Anastasia é muito grande.

Terra - Ele, como a ex-ministra Dilma, tem perfil estritamente técnico...

Nárcio Rodrigues - Sim, mas ele se distingue porque tem muita habilidade política. Anastasia não é um peixe que morre pela boca, sabe muito bem onde silenciar. Ela (Dilma) não dá conta de se conter, de guardar. A diferença é essa. De qualquer forma, os dois vão viver esse drama. O fato é que o Lula não pode tutelá-la o tempo todo. Já o nosso candidato ao Governo do Estado, sabe chutar, tem personalidade própria.

Terra - Qual a expectativa por apoios, como o do ex-presidente Itamar Franco, que ainda não decidiu com quem ficar na eleição presidencial?

Nárcio Rodrigues - O Itamar é uma figura para a qual nós devemos muito em Minas. Temos uma dívida de gratidão com ele que será difícil de pagar: o apoio dele a Aécio nas duas eleições para governador e agora na pré-campanha a presidente. Agora, o que estamos colocando para nossos aliados é que não é hora de colocar estes temas, por exemplo, "tema Itamar", tema "Alberto Pinto Coelho" (cotado para vice de Anastasia), "tema Clésio Andrade". Isso só vai se desenhar em junho. Precisamos, primeiro, firmar a campanha do Anastasia em Minas. Precisamos chegar a um patamar de até 30 por cento (nas pesquisas) até junho. Não é hora de desagregar. Não é bom colocar o carro na frente dos bois.

Fonte: Especial para Terra
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