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Política

PR: ofensiva de Ratinho Júnior dá o tom do debate em Curitiba

19 out 2012 - 01h39
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Roger Pereira
Direto de Curitiba

Durou menos de 10 minutos a cordialidade entre os candidatos Ratinho Júnior (PSC) e Gustavo Fruet (PDT) no primeiro debate em rede de televisão do segundo turno das eleições municipais de Curitiba. Os candidatos até começaram o encontro com perguntas apenas sobre as propostas do adversário. Fruet questionou a proposta de Ratinho para a saúde, que perguntou ao pedetista sobre educação. Mas já na réplica da segunda pergunta o social-cristão partiu para o ataque.

Gustavo Fruet (PDT, esq.) cumprimenta Ratinho Junior (PSC), rival na disputa pela prefeitura de Curitiba
Gustavo Fruet (PDT, esq.) cumprimenta Ratinho Junior (PSC), rival na disputa pela prefeitura de Curitiba
Foto: Franklin Freitas / Divulgação

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Após Fruet apresentar suas propostas para a educação, dizendo que a área é a prioridade de seu programa de governo e reafirmando o compromisso de investir 30% do orçamento do município para a pasta, Ratinho lembrou que a irmã do adversário, Eleonora Fruet, foi secretária municipal da pasta por três anos e meio durante a última gestão, dos prefeitos Beto Richa (PSDB) e Luciano Ducci (PSB). "E não teve competência para fazer isso que você está prometendo agora. Se vocês não fizeram em três anos e meio, por que vamos acreditar que farão nos próximos quatro?", questionou.

Fruet respondeu que o que está propondo é o aumento do orçamento e isso é decisão do prefeito e não do secretário de Educação, e disse que sua irmã fez um importante trabalho na secretaria de Beto e Ducci, "com a maior abertura de vagas da história em creches e escolas municipais. O que nos faz ter certeza que com 4% a mais do orçamento, podemos zerar essa demanda", disse, classificando como covarde a pergunta de Ratinho.

"Covardia é fazer panfleto apócrifo, não fazer crítica olho no olho", respondeu Ratinho, lembrando o caso ocorrido no primeiro turno em que a Polícia Federal apreendeu jornal com acusações contra o candidato do PSC e sua família e, na sequência, o proprietário da gráfica onde o material foi produzido declarou que fez o trabalho por encomenda de pessoas que apoiavam Fruet.

O pedetista disse que a ação da coligação de Ratinho acusando a campanha de Fruet pelo panfleto foi julgada improcedente, alegou haver montagem no vídeo que foi apresentado como prova e que o dono da gráfica responde a vários processos. "Não tenho compromisso com erros, não tenho compromisso com aloprados, nem com irresponsabilidade, não tolero isso em toda a minha vida pública. Espero a investigação, e que você não tenha surpresa, assim como espero que não tenha surpresa na investigação sobre o uso político de sua emissora de televisão, uma concessão pública", declarou.

No segundo bloco, quando a discussão eram as propostas para o transporte, Ratinho Júnior voltou ao ataque. Após defender seu projeto de criar um veículo leve sobre pneus como modal alternativo, uma vez que as obras do metrô de Curitiba podem durar até 10 anos, segundo ele, Ratinho ouviu de Fruet que o VLP é desnecessário e que é possível aumentar a capacidade e diminuir o tempo de viagem utilizando os atuais ligeirões, apenas com engenharia de tráfego e desalinhamento das estações.

"Solução paliativa, enquanto a minha é definitiva", rebateu Ratinho. "Talvez você não queira mexer no atual sistema de transporte público porque está comprometido com donos de empresas de ônibus. Talvez você não queira abrir a caixa preta da Urbs (Urbanização de Curitiba S/A ¿ empresa responsável pelo transporte da cidade) porque ela está nas mãos do PPS, que acaba de entrar na sua campanha", acrescentou.

Fruet disse não ter compromisso com nenhum de seus novos apoiadores e que fará as intervenções necessárias na Urbs. "Estou propondo debate técnico em relação ao futuro do sistema. Graças a Deus, com profunda independência faço esse projeto, propondo modificação total na Urbs. Mas seu VLP é o mesmo que dois ligeirões (ônibus articulado)", disse. "Não tenho compromisso com ninguém, não faço política desse jeito. Não voltei de Brasília com concessão de TV", conclui, aumentando o tom.

Essa afirmação permitiu a Ratinho contestar a coligação do pedetista com o PT, uma das principais críticas sofridas por Fruet, ex-PSDB, durante toda a campanha. "Primeiro que não se ganha concessão, é por licitação. Mas quero saber se o senhor está acusando seu aliado, o ministro das comunicações, o Paulo Bernardo, de dar concessão. Você também fez isso com o presidente Lula, chamando ele de omisso. Fez com a presidente Dilma, chamando-a de incompetente, ao afirmar que o PAC era estelionato eleitoral", atacou. Fruet não respondeu.

"Entendo sua mudança de postura, mas lamento. Não confunda o debate eleitoral com debate político. Sei como uma campanha majoritária é dura, mas não se perca por isso", disse o pedetista. "Não estou mudando de postura. O que não vou fazer é permitir que você venda algo que não seja verdade, isso vou combater mesmo", respondeu Ratinho.

Nos dois blocos seguintes, os candidatos deixaram os ataques de lado e debateram propostas, principalmente para as áreas de saúde, educação, segurança e sobre os investimentos para a Copa do Mundo em Curitiba. No entanto, não apresentaram novidades em relação ao que já foi apresentado no primeiro turno.

O clima estava bem mais tranquilo quando, na última pergunta, Ratinho voltou à ofensiva. "Você que explora tanto a questão da experiência em sua campanha, nos conte qual é a sua experiência em gestão". Fruet disse que é advogado, administra imóveis e uma pequena propriedade rural, "mas não é isso que vai fazer a diferença, e sim a maturidade para compreender as necessidades da cidade". "É cumprir com determinação e clareza nosso plano de governo, montado a partir de um diálogo aberto, sem trocas fisiológicas, pautando nossa política em cima de conceitos e princípios que me levaram a tomar a postura que tomei no Congresso Nacional", disse.

Ratinho replicou que está preparado para ser prefeito, que começou a trabalhar com 13 anos de idade e com 16 já administrava as rádios de sua família. "E Curitiba precisa de um prefeito que entenda de gestão, para fazer o enxugamento da máquina e ter coragem de acabar com secretarias obsoletas que só servem para abrigar políticos e fazer as auditorias necessárias nos contratos da prefeitura", disse.

Nas considerações finais, Ratinho disse que está disputando a prefeitura contra as oligarquias de Curitiba, "sem se vender" e propondo renovação, sem compromissos com nenhum grupo político. "Não podemos fazer da prefeitura trampolim politico para grupo A ou grupo B", declarou.

Freut, que durante o debate repetiu que o rival estava muito parecido com o senador Roberto Requião (PMDB) em seus ataques, aproveitou os segundo finais do debate para dar um conselho ao adversário. "Vou, até o final dessa eleição, procurar ter um debate franco, aberto, mas sem romper o limite do respeito. Você foi muito forte, fez essa bela campanha, quebrou barreiras muito difíceis em Curitiba, mas não pode deixar que pessoas que marcaram sua trajetória pela raiva e pelo ódio contaminem sua candidatura", afirmou.

Fonte: Especial para Terra
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