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Política

Por SP, pré-candidatos emagrecem, mudam visual e até 'somem'

14 abr 2012 - 11h04
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Marina Novaes
Direto de São Paulo

Ainda faltam seis meses para as eleições municipais, mas a briga pela Prefeitura de São Paulo começa a esquentar nos bastidores. Líder nas pesquisas, o ex-governador José Serra saiu de cena desde que foi escolhido pré-candidato nas prévias do PSDB, no fim de março, e tem se dedicado à articulação com os possíveis aliados. Já a equipe do novato Fernando Haddad (PT), ex-ministro da Educação, aposta na mídia e na mudança de visual para tentar fazer o petista decolar. Na mesma onda, outros concorrentes, como o deputado federal Gabriel Chalita (PMDB) e o ex-deputado Celso Russomanno (PRB), dedicam-se a "aparecer" para o eleitor e focam o 2º turno.

A equipe de Haddad se divide atualmente em três "missões": formar alianças (ele continua isolado); torná-lo conhecido do eleitorado (ele tem apenas 3% de intenções de voto); e muni-lo de uma agenda dos temas devem render debates acalorados, como mobilidade urbana, saúde e educação. Para tanto, o candidato petista tem se mantido bem ocupado, percorrendo semanalmente os principais bairros da capital paulista, onde faz corpo a corpo com os eleitores e recebe um diagnóstico da gestão municipal nas regiões, enquanto o ex-presidente Lula, seu padrinho político, se encarrega de buscar aliados: o alvo da vez é o PSB, que impôs uma série de condições para fechar com o PT na capital paulista.

Além disso, Haddad também passou por uma verdadeira transformação visual: emagreceu cerca de 10 kg desde o início do ano e cortou os cabelos para se diferenciar de Chalita, também pré-candidato a prefeito, que, de fato, lembra um pouquinho o concorrente do PT.

A mudança no visual não se trata de mera vaidade do pré-candidato: foi planejada pelo marqueteiro João Santana, que tem em seu currículo as eleições vitoriosas do ex-presidente Lula, em 2006 (reeleição), e da presidente Dilma Rousseff, em 2010, e que agora encara a missão de levar Haddad ao segundo turno.

Essa é a mesma missão do marqueteiro Manoel Canabarro, que assume a estratégia de comunicação de Chalita. Canabarro coordenou diversas campanhas pela agência do publicitário Duda Mendonça, e assumiu o marketing da petista Marta Suplicy em 2004, quando ela tentava a reeleição.

O resultado dos primeiros palpites do marqueteiro poderá ser visto a partir da próxima quarta-feira (18), quando Chalita será a estrela da inserção partidária do PMDB na TV. Mas diferentemente de Haddad, Chalita não deve passar por grandes mudanças no visual, já que a ideia é explorar justamente a cara de "bom moço" do ex-secretário de Educação, que, na avaliação do sociólogo Aldo Fornazieri, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, deve incomodar mais a campanha tucana que a petista.

"Eu diria que hoje existem dois candidatos de 'mudança': um é o Haddad e o outro é o Chalita. Para o PT, é importante demonstrar que os dois são diferentes, embora representem a mudança. Mas acho que o Chalita deve tirar mais votos do Serra que do Haddad e, pelo perfil, se tornar um fenômeno do voto conservador", opina o especialista.


Exposição na mídia

Para driblar a falta de espaço na TV até agosto, quando começa a ser veiculada a propaganda eleitoral, a Haddad também tem investido em entrevistas. Até agora, o petista tem sido campeão de aparições na mídia, graças às entrevistas exclusivas que concede semanalmente a veículos de comunicação e às agendas públicas (cerca de duas por semana), em que conversa com os jornalistas.

A ação também é estratégica e tenta compensar um azar que Haddad teve neste início de pré-campanha: o PT foi punido por propaganda eleitoral antecipada, referente a 2010, e perdeu a inserção na TV e no rádio a que teria direito nesse primeiro semestre. "E também há muito interesse da mídia, ele tem sido muito procurado pela imprensa", completa um membro da campanha petista, revelando a já esperada tendência de polarização da campanha entre PT e PSDB.

A próxima grande aparição de Haddad deve ocorrer neste sábado, quando o ex-ministro deve dividir palanque pela primeira vez na pré-campanha com o ex-presidente Lula, seu maior cabo eleitoral, e com a senadora Marta Suplicy. Os três foram convidados pelo prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, para participar da inauguração de um Centro Educacional Unificado (CEU).

Embora tenha dado um "tempo" das agendas públicas, Russomanno também tem dedicado bastante tempo à exposição na mídia. Além do programa jornalístico que tem na Record, o ex-deputado federal tem concedido, em média, sete entrevistas por semana a veículos de comunicação. Ele também já acertou seu marqueteiro, cujo nome ainda é mantido em sigilo pela campanha.


Serra sai de cena

Enquanto Haddad tenta aparecer, a estratégia de Serra é justamente o oposto. O ex-governador foi orientado por caciques tucanos a sair de cena e não se expor pelo menos até junho, para evitar ser alvo dos adversários, que insistirão em criticá-lo por ter abandonado a prefeitura em 2006 para concorrer ao governo do Estado. "Vai se expor para quê? Ele está na frente, quem tem que aparecer agora são os outros candidatos", disse um tucano da campanha de Serra.

Enquanto isso, o ex-governador trabalha para fechar suas alianças, ainda enroscadas graças à rixa entre DEM e o PSD, partido do prefeito Gilberto Kassab, que rompeu com o DEM para fundar a legenda no ano passado.

Apesar de estrategicamente discreto, Serra deve começar a receber em breve os palpites do marqueteiro Luiz González, responsável pela campanha vitoriosa de Kassab em 2008, mas que não conseguiu garantir a vitória do tucano em 2010 sobre Dilma. Embora ainda não tenha fechado o contrato, a tendência é que o PSDB dê a Gonzáles a missão de convencer o eleitorado paulistano de que, desta vez, Serra não abandonará a prefeitura para disputar outro cargo.

Haddad e Chalita montam estratégias para conquistar a prefeitura paulistana
Haddad e Chalita montam estratégias para conquistar a prefeitura paulistana
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
Fonte: Terra
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