PUBLICIDADE

MPE-RJ investiga denúncia contra pré-candidato do PT ao Senado

1 abr 2010 - 04h11
(atualizado em 15/4/2010 às 09h37)
Compartilhar

O pré-candidato do PT ao Senado Lindberg Farias está sendo investigado pelo Ministério Público por suspeita de comandar um esquema que cobrava e recebia propinas de empresas que teriam firmado contratos de fachada com a Prefeitura de Nova Iguaçu. As investigações do Ministério Público Estadual (MPE) sobre a suspeita de desvio de dinheiro público estão centradas nas quebras de sigilos bancário e fiscal de Lindberg, de dez pessoas - entre elas cinco parentes do político e três secretários da prefeitura -, além de 13 empresas. Na quarta-feira, chorando de emoção, o pré-candidato entregou o cargo de prefeito da cidade à vice-prefeita Sheila Gama, do PDT.

Ao ser informado sobre a investigação, Lindberg apontou o presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), Jorge Picciani, do PMDB, também pré-candidato ao Senado, como responsável pela crise política. Em nota oficial, ele disse que Picciani era o responsável por "requentar" denúncias velhas. A dupla faz parte da chapa do governador Sérgio Cabral para as próximas eleições. Picciani não quis comentar o assunto.

De acordo com as informações encaminhadas pelo MPE à Justiça em meados do ano passado, parte do dinheiro seria usado para pagar até contas pessoais dos investigados.

Parentes como sócios

Um dos fatos que chama a atenção entre os documentos analisados na Coordenadoria de Tecnologia em Investigação e Análise no Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (COTEC-LD) é que, pelo menos, duas empresas que teriam parentes de Lindberg como sócios, estariam sediadas fora do Rio de Janeiro. Além do suposto desvio de verba, o MPE investiga os crimes de corrupção ativa, concussão (extorsão praticada por servidor público), formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

Segundo as investigações do Ministério Público, uma empresa, que não tem empregados teria prestados serviços. Além disso, teria fornecido gás à prefeitura, sem possuir autorização para vender o produto. Após sair da prefeitura, Lindberg perde o foro privilegiado e as investigações devem ser transferidas da Procuradoria-Geral para promotoria de Nova Iguaçu.

Lindberg: 'sigilo à disposição'

Abatido, o prefeito de Nova Iguaçu disse que colocou seus sigilos fiscal e bancário à disposição da Justiça. Mas, de novo, provocou o presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani, segundo ele, responsável pelas denúncias, pedindo que o deputado faça o mesmo.

Para Lindberg, o caso veio à tona depois que ele declarou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se pudesse, votaria nele e em Marcelo Crivella (PRB) para senador. Ele disse que recebeu orientações do PT nacional para evitar polemizar o assunto. Segundo Lindberg, a situação com o PMDB ficou tão tensa que a direção virá ao Rio para discutir com o governador Sérgio Cabral os rumos da aliança política.

'Fato é explorado policamente'

O advogado Celso Vilardi, que defende Lindberg, disse que todas as denúncias do Ministério Público Estadual contra o prefeito são inconsistentes e se baseiam em depoimento "mentiroso" dado por uma ex-funcionária da prefeitura. "Além do mais, desafio alguém a provar que Lindberg tenha mais de R$ 10 mil por mês na conta", disse.

Celso Vilardi disse que Lindberg já colocou seus sigilos fiscal e bancário à disposição da Justiça e que o fato está sendo explorado politicamente por adversários. "O Lindberg ainda nem foi chamado para depor. Tenho plena convicção que o caso será esclarecido e ele ainda vai ganhar politicamente com isso", explicou.

Sheila cobra investigação de crime

Agilização da investigação que apura a morte do aliado político e empresário Luiz Carlos Duarte Batista, o Carlinhos da Tinguá. Esse foi o primeiro pedido ao governo do Estado feito pela nova prefeita de Nova Iguaçu, Sheila Gama, ao assumir o cargo na quarta-feira. Carlinhos da Tinguá foi executado em março do ano passado, no Centro de Nova Iguaçu. "Lamento que a Secretaria de Segurança Pública, que fala tanto em pacificação da cidade, não tenha dado solução ao mando e à autoria do covarde crime", protestou Sheila.

Sheila Gama foi empossada pelo presidente da Câmara Municipal, vereador Marcos Fernandes (DEM). Ela assumiu o governo no lugar de Lindberg Farias, lembrando que sempre foi fiel. "Quero deixar bem claro que atenderei a todos, mas quem fala por mim sou eu", afirmou. Sem entrar em detalhes sobre as investigações de desvio de verba na administração de Lindberg, Sheila deu o seu recado. "Não participei do governo, ele foi o prefeito até hoje. Meu governo começa daqui para a frente; para trás, ele (Lindberg ) responde", explicou. Ela anunciou que vai criar administrações regionais e conselhos populares para consolidar o Orçamento Participativo da prefeitura.

A emoção ficou por conta de Lindberg. Ele chorou ao lado da mulher, Maria Antônia, que está grávida, lembrando o apoio que recebeu da família. "Nova Iguaçu é o meu pedaço de chão". Lindberg lembrou que assumiu o governo com 50% da cidade com esgoto a céu aberto e ruas sem pavimentação. Hoje, segundo ele, só 10% das ruas estão sem saneamento. E disse que deixa R$ 308 milhões em obras contratadas para a administração de Sheila, que vai apoiar Lindberg ao Senado.

Investigação em segredo de Justiça

O empresário Luiz Carlos Duarte Baptista, o Carlinhos da Tinguá, foi morto com dois tiros, na manhã do dia 19 de março do ano passado, na Via Light, no Centro de Nova Iguaçu. Dois homens em uma moto teriam sido os responsáveis. A investigação sobre a morte foi avocada para a Delegacia de Homicídios da Baixada em setembro e segue em segredo de justiça. O delegado Ricardo Barbosa pretende enviar o inquérito ao MP pedindo mais prazo para investigar, por se tratar de um caso muito complexo.

Fonte: O Dia
Compartilhar
Publicidade