MG: com confusão, PT aprova aliança com PSB para eleições
- Ney Rubens
- Direto de Belo Horizonte
Em uma votação apertada e bastante tumultuada, o diretório municipal do Partido dos Trabalhadores (PT) aprovou, na tarde deste domingo, a continuação da aliança formal com o Partido Socialista Brasileiro (PSB) em torno da candidatura do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, que tentará se reeleger nas eleições deste ano.
Após muita discussão, xingamentos, bate-boca e até empurra-empurra, 255 delegados votaram pela aliança. Outros 224 optaram pela candidatura própria do partido à prefeitura de BH. O evento aconteceu em um clube na Pampulha, região norte da capital mineira.
A aliança entre petistas e socialistas que elegeu Marcio Lacerda foi alinhavada em 2008 pelo ex-prefeito de Belo Horizonte e atual ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel (PT), com o na época governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB). A manutenção do acordo é o maior motivo do descontentamento de grande parte dos militantes do PT municipal, que não concorda com o fato do PSB também se aliar aos tucanos.
Durante os debates e discursos no evento deste domingo, militantes e dirigentes do PT defenderam ou atacaram a aliança, sendo acompanhados pelas vaias ou aplausos da militância. Um deles o deputado federal Reginaldo Lopes, presidente do PT-MG, que em seu discurso reconheceu o "fracasso político" do acordo em 2008, mas que agora o melhor para o partido seria a continuação do projeto com o PSB: "A aliança de 2008 não tinha maioria política (dentro do PT), mas agora a candidatura própria está derrotada" disse, para logo depois ser vaiado e xingado de "tucano" pelos militantes que defendiam o fim do acordo. Nesse momento houve um princípio de confusão e empurra-empurra que durou cerca de 10 minutos.
Depois da vitória do grupo que defendia a aliança, Lopes reiterou sua opinião: "Desta vez combinamos política com a decisão da maioria do PT".
O vice-prefeito de Belo Horizonte, Roberto de Carvalho, um dos maiores defensores da candidatura própria, e pré-candidato, disse que os militantes que não concordam com a aliança poderão não seguir a decisão do partido e com isso não participar da campanha eleitoral caso o PSDB esteja na chapa pró-Lacerda.
"Até o dia 14 (de abril) o PSB tem que decidir se estará com o PT ou com o PSDB. Se o PSB estiver com o PSDB nós não vamos participar. Nós, os 47% de militantes que votaram contra a aliança não participaremos (da campanha)", ameaçou.
O deputado-federal Reginaldo Lopes rechaçou essa hipótese: "não acredito (na saída da campanha do grupo derrotado). O PT sabe fazer aliança e entende que o PSB é o grande aliado nosso", disse.
O ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, que defendeu e votou pela aliança com os socialistas, disse que a decisão do partido envolve o apoio do PSB ao governo da presidente Dilma Rousseff.
Apesar de reiterar que não subirá no palanque de Lacerda caso o senador Aécio Neves e o governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, estejam juntos com o prefeito na campanha, Patrus disse que agora o PT de Belo Horizonte precisa avançar para "discutir com o PSB as questões sociais" e um possível próximo mandato: "o desafio agora é buscar a unidade do partido. Isso passa pela indicação de um (candidato à) vice que corresponda à expectativa dessa agenda de reivindicações sociais," afirmou.
Enquanto discursava o ex-ministro cometeu um ato falho ao dizer que defendia ali a "aprovação da aliança com o PSDB". Alertado por uma assessora ele retificou: "É com o PSB".
Depois da votação, Patrus chegou a ser xingado por alguns militantes, que o acusaram de ser "covarde" e "traidor", já que ele, além de ter se posicionado pró-aliança, também não quis se apresentar como um possível pré-candidato à prefeitura de BH. O ex-ministro ouviu, mas não respondeu aos xingamentos. Fingiu não ser com ele.