Lula, alianças e projetos: veja 10 segredos da vitória de Haddad
28 out2012 - 19h19
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Dassler Marques
Direto de São Paulo
De 3% nas pesquisas até a vitória. A escalada de Fernando Haddad até a prefeitura de São Paulo, confirmada vitoriosa no início da noite deste domingo, soava improvável em maio. Mas, a partir da investida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nas alianças e no horário eleitoral gratuito, Haddad iniciou uma ascensão capaz de vencer até a tradicional força do PSDB e de José Serra, ex-prefeito e ex-governador. A terceira vez na história que o PT administrará a capital após Luiza Erundina e Marta Suplicy.
Talvez Lula seja o tópico mais decisivo, mas ao menos oficialmente Haddad aponta outro fator fundamental para a vitória: plano de governo. Para ele, ter as ideias mais bem amarradas do processo eleitoral foi o ponto decisivo para conquistar a preferência do paulistano. Mas há outros segredos que ajudaram o petista a superar a descrença geral que tinha em torno de si há cinco meses. Veja quais são os 10 pontos mais importantes:
Plano de governo - Foi o primeiro candidato a estipular metas e apresentar planos, com orçamento e origem dos recursos, ainda na primeira quinzena de agosto. Haddad se agarrou insistentemente às ideias em busca do reconhecimento eleitoral. Entre as principais promessas, a criação do Bilhete Único Mensal, a rede de saúde Hora Certa e o programa Arco do Futuro. Boa parte de seus projetos busca descentralizar o emprego concentrado no centro de São Paulo e levar progresso aos bairros. Um discurso que teve boa aceitação nos maiores colégios eleitorais da capital.
O contragolpe a Russomanno - Foi o plano de governo bem arquitetado que permitiu a Haddad recuperar uma parte significativa dos votos que, parecia, ia perdendo para Russomanno na periferia de São Paulo. O petista insistiu contra o plano do candidato do PRB para o transporte público e questionou a validez da cobrança de tarifa proporcional. O ataque bem planejado, ideia do próprio Haddad, coincidiu com a chegada à vice-liderança no primeiro turno.
Luiz Inácio Lula da Silva - Sua candidatura foi um projeto pessoal do ex-presidente Lula. Mesmo com a saúde frágil, ele não se negou a contribuir com a campanha de Haddad desde as prévias do PT. Na sequência, Lula participou de boa parte dos programas eleitorais gratuitos que fizeram os números do pupilo decolar nas pesquisas. Além disso, conquistou o apoio de alguns dos partidos que integram a base aliada em nível federal.
Alianças - Foi o próprio Lula quem tomou a dianteira para trazer outras legendas para dar o apoio e o tempo de propaganda necessários para Haddad se apresentar. O ex-presidente ligou diretamente para Netinho de Paula, pré-candidato do PCdoB e demovido da ideia de ter chapa própria. Também aglutinou o PSB, em uma negociação arrastada, e ainda o polêmico PP, do deputado federal Paulo Maluf (PP). Com Maluf, tirou até fotografia e, por isso, ouviu muitas críticas, mas o efeito eleitoral do pepista foi quase nulo. O tempo de TV ganho com a aliança, valioso.
Chalita - Aliado do PT em Brasília, o PMDB foi o único agente importante no segundo turno além de tucanos e petistas. Com a neutralidade de Russomanno, terceiro colocado do primeiro turno, Chalita, o quarto candidato mais votado na cidade, declarou apoio a Haddad e se engajou na campanha. Apareceu na televisão, fez ataques a Serra e se mostrou confortável junto do PT.
Imunidade - O petista teve questões embaraçosas a lidar durante os meses da campanha, mas quase sempre permaneceu fiel às ideias e ao plano de governo. Soube minimizar temas como o julgamento do mensalão e a aliança com Maluf e não entrou em polêmicas com religião ou o kit anti-homofobia. Também foi alvo de reportagens espinhosas e ataques, como a investigação da Polícia Federal e do Tribunal de Contas da União (TCU) no ministério da Educação, mas novamente sua campanha teve imunidade nas intenções de voto.
Família presente - Ao contrário de todos os outros candidatos, Haddad teve a família diretamente presente nos mais variados momentos da campanha. Acrescentar esse ingrediente à disputa foi ideia do marqueteiro João Santana, mas que a mulher Ana Estela e o filho mais velho, Frederico, cumpriram com naturalidade. Ambos chegaram a participar de agendas próprias e foram a eventos mesmo sem a presença do candidato. Estela ainda contribuiu na montagem do plano de governo para a saúde.
Rejeição de Serra - Ainda no início da campanha, quando sequer tinha dois dígitos nas pesquisas, Haddad dizia a pessoas mais próximas que a chance de José Serra vencer a eleição em São Paulo era bastante pequena. O raciocínio se amparava na rejeição a Serra, que perdeu para o PT no plano presidencial em 2002 e 2010, e em quem cerca de metade do eleitorado se recusava a votar. O paulistano se mostrou indisposto a permitir o retorno do tucano à prefeitura da qual ele partiu em 2005.
Rejeição de Kassab - Se já não bastasse a rejeição a Serra, o atual prefeito Gilberto Kassab (PSD) também obteve números recordes no comparativo com as avaliações em demais capitais brasileiras. Pesquisas mostraram que quatro a cada cinco paulistanos desaprovaram a gestão Kassab, permitida depois que o tucano deixou a prefeitura para concorrer ao governo do Estado, em 2005, mas também endossada nas urnas em 2008. Uma estratégia insistente de Haddad foi ligar Serra a Kassab.
Dilma e o apoio federal - Enquanto Serra tinha aliados em desgaste, Haddad ainda contou com o apoio da presidente Dilma Rousseff (PT) em comícios, entrevistas e propagandas. A aliança em Brasília ajudou o petista a compor pontos importantes de seu plano de governo, como o reforço do Minha Casa Minha Vida para tentar cumprir a meta de gerar 55 mil novas moradias em São Paulo.
Acompanhado da filha Carolina, 12 anos, Fernando Haddad votou por volta do meio-dia deste domingo em uma universidade no bairro de Indianópolis
Foto: Bruno Santos / Terra
Favorito nas pesquisas, o petista manteve postura cautelosa durante a votação, ainda que o clima entre seus seguidores já fosse de comemoração
Foto: Bruno Santos / Terra
Houve tumulto quando o candidato saiu para votar neste domingo
Foto: Bruno Santos / Terra
Pelma manhã, Haddad participou de um café com lideranças petistas, como os ministros Aloizio Mercadante e Marta Suplicy e o senador Eduardo Suplicy
Foto: Bruno Santos / Terra
Durante café da manhã, Haddad demonstrou tranquilidade
Foto: Bruno Santos / Terra
Fernando Haddad participa de uma sabatina na ONG Rede Nossa São Paulo, na capital paulista. O petista venceu a disputa pela prefeitura da cidade contra José Serra
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
O candidato do PT vai a feira e come um pastel durante a campanha
Foto: Bruno Santos / Terra
Fernando Haddad visita o Sindicato dos Caminhoneiros Independentes, no Parque Novo Mundo, na zona nordeste
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
O candidato petista participa do primeiro debate do segundo turno da eleição em São Paulo, na Band
Foto: Adriano Lima / Terra
Haddad conversa com criança durante uma visita à Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD)
Foto: Paulo Pinto / Divulgação
Durante a campanha do segundo turno, Haddad faz pronunciamento e defende sua gestão no MEC citando dados principalmente sobre o crescimento do acesso às universidades
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
O candidato petista cumprimenta um comerciante na região da Lapa, na zona oeste da capital paulista
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
Fernando Haddad faz caminhada no centro de São Paulo durante a busca por votos no segundo turno
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
O candidato do PT faz carreata de campanha no bairro do Jaçanã, na zona norte de São Paulo
Foto: Paulo Pinto / Divulgação
Fernando Haddad discursa em comício no bairro do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo
Foto: Paulo Pinto / Divulgação
Acompanhado da ministra da Cultura, Marta Suplicy, Haddad faz campanha em shopping
Foto: Gero / Futura Press
Fernando Haddad e Gabriel Chalita vão à missa na paróquia Nossa Senhora de Aparecida, em Itaquera, na zona leste de São Paulo
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Gabriel Chalita (PMDB) formaliza apoio a Fernando Haddad no segundo turno em São Paulo
Foto: Adriano Lima / Terra
O candidato participa de uma carreata de campanha durante a disputa de segundo turno
Foto: Bruno Santos / Terra
Fernando Haddad (PT) participa de uma reunião entre os candidatos petistas das principais cidades brasileiras onde haverá segundo turno
Foto: Bruno Santos / Terra
Após ganhar 28,99% dos votos e avançar para o segundo turno das eleições, Fernando Haddad concede entrevista coletiva
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Haddad posa com a família após votar no primeiro turno
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
O candidato do PT à prefeitura de São Paulo participa de um café com o ex-presidente Lula no dia 7 de outubro
Foto: Bruno Santos / Terra
Haddad ganha uma camiseta do Corinthians com o próprio nome e o número do PT
Foto: Bruno Santos / Terra
Lula, Haddad e Dilma celebram um comício do candidato petista com a ministra da Cultura, Marta Suplicy, em São Paulo
Foto: Paulo Pinto / Divulgação
Fernando Haddad anda de ônibus ao lado de sua vice, Nádia Campeão
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Paulo Maluf (PP) declara apoio à candidatura de Fernando Haddad
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Haddad pedala por São Paulo com camiseta que traz informações de campanha
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Fernando Haddad visita bairro da zona leste e prova linguiça durante a caminhada
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa ao lado de Haddad e da candidata a vice-prefeita, Nádia Campeão
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
Fernando Haddad faz caminhada e busca apoio entre comerciantes da rua 25 de Março
Foto: Dassler Marques / Terra
A presidente Dilma Rousseff participa de um comício do candidato petista à prefeitura de São Paulo
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Fernando Haddad conversa com eleitores de Guaianases, zona leste paulistana, e promete implantar corredores de ônibus para desafogar trem e metrô
Foto: Paulo Pinto / Divulgação
Em caminhada na Cidade Dutra, região próxima a Diadema, Haddad afirma que benefícios fiscais para a zona sul paulista podem ser estendidos por até 30 anos
Foto: Paulo Pinto / Divulgação
O candidato Fernando Haddad faz visita à central do SAMU
Foto: Fernando Borges / Terra
Fernando Haddad (PT) venceu José Serra (PSDB) no segundo turno e foi eleito o 61º prefeito de São Paulo
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
O candidato do PT conquistou 56% dos 5.730.844 votos válidos, contra 44% do concorrente José Serra (PSDB)
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Ao lado de sua vice, Nádia Campeão (PCdoB), o prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou em seu discurso após a confirmação da vitória que não pedirá paciência aos paulistanos e prometeu traçar prioridades e unir a cidade em torno de um projeto coletivo
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Grupo desfila com bandeiras do PT durante a comemoração
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Cartaz exalta a vitória de Hadad em São Paulo
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
A avenida é conhecida por abrigar durante muito tempo as grandes comemorações de diferentes públicos na cidade
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Multidão invade a Avenida Paulista para comemorar a eleição do novo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT)
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Após ser eleito prefeito de São Paulo, Fernando Haddad se encontrou com seu eleitores na Avenida Paulista
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
"Meu objetivo é diminuir o muro da vergonha que separa a cidade rica e a cidade pobre. É hora de fazer nascer uma nova São Paulo", declarou O prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT).
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
"São Paulo não é uma cidade conservadora, era uma cidade com forças conservadoras. Mas as forças adormecidas do progresso, da tolerância, da igualdade, voltaram nessa eleição. (...) Nós vamos trabalhar 4 anos, 365 dias por ano, 24 horas por dia para mudar essa cidade, pra transformar São Paulo", disse Haddad, durante comemoração com militantes.
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Ana Estela Haddad, mulher do agora prefeito, comemora com Haddad vitória em São Paulo
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Jovem usa uma camiseta com a imagem de Lula durante a celebração da vitória de Haddad
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Militantes não economizaram nas bandeiras durante a comemoração na Avenida Paulista
Foto: Thaís Nozue / vc repórter
Nádia Campeão (PCdoB), vice-prefeita de Haddad, discursa durante a celebração na Avenida Paulista
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Acompanhado da família e correligionários, o prefeito eleito de São PAulo, Fernando Haddad (PT), fez um discurso na Avenida Paulista