Haddad critica plano de governo de Russomanno e campanha de Serra
O candidato à prefeitura de São Paulo Fernando Haddad (PT) criticou nesta quinta-feira seus principais adversários na disputa pelo executivo da capital paulista, Celso Russomanno (PRB) e José Serra (PSDB). Segundo o petista, o tucano apresenta um nível de campanha "lastimável" e Russomanno possui apenas um "esboço" de programa de governo. As declarações foram dadas durante a sabatina realizada pelo jornal Folha de S. Paulo.
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Questionado sobre as críticas da campanha do tucano, que vem atacando constantemente o PT e sua candidatura, Haddad afirmou que Serra "não tem limites". O petista lembrou ainda do episódio, divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo, do vazamento dos dados médicos de um aposentado usado em sua campanha, feito pela prefeitura de São Paulo, sob responsabilidade de Gilberto Kassab (PSD), aliado de Serra.
O petista ainda questionou as críticas feitas pelo tucano a respeito da entrada da presidente Dilma Rousseff em sua campanha. Na última quarta-feira, Serra afirmou que a presidente vai "meter o bico" onde "mal conhece".
"Ele colocou o FHC - o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso - (na campanha) e eu achei legítimo", afirmou Haddad, que completou dizendo que as críticas podem ser feitas às políticas da presidente e não à sua entrada na campanha na cidade.
Ao dizer que o tucano poderia criticar decisões feitas pelo governo federal, novamente o petista atacou, dizendo que Serra aumentaria a taxa de energia, ao contrário de Dilma - que anunciou uma redução na tarifa de 16% na última semana - e ainda responsabilizou o tucano pelo "apagão" energético ocorrido no final da gestão do presidente FHC, entre 2001 e 2002.
Sobre Russomanno, Haddad afirmou que enxerga em seu plano de governo apenas um "esboço", preenchido com "visões gerais" e "propostas setoriais". "Eu vejo o programa de governo de Russomanno e não vejo um projeto de futuro", declarou.
Para o petista, o prefeito da cidade precisa ter visão de futuro para governar uma cidade complexa como São Paulo, o que, segundo ele, o líder nas pesquisas não tem apresentado. "O esboço de plano de Russomanno não revela uma cidade com mais qualidade de vida".
Campanha
Sobre sua campanha, o petista defendeu a necessidade de implementação de seu principal projeto para a cidade, o chamado "Arco do Futuro". Segundo Haddad, seu plano descentralizará a capital paulista, criando moradias no centro e empregos na periferia.
Apesar da trajetória ascendente nas pesquisas - em que aparece em terceiro lugar, segundo a última pesquisa Datafolha divulgada na última quarta-feira, com 17% das intenções de voto, a três pontos percentuais de Serra, que tem 20% - e fora de um provável segundo turno, Haddad demonstrou confiança.
"O PT tem uma pegada (sic) boa na hora da chegada", afirmou o petista, que garantiu que estará no segundo turno.
Haddad prometeu também, se eleito, manter diálogos com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), para que sua proposta do Bilhete Único Mensal seja integrada aos trens e metrô.
Alianças
Como vem fazendo ao longo de toda a campanha, o petista minimizou a aliança de sua coligação com o PP, do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), com a alegação de que a aliança é partidária e não pessoal. Questionado sobre o que o deputado iria ganhar com a parceria, o candidato foi enfático. "Nada".
Enem
Considerado um dos pontos sensíveis de sua candidatura, as falhas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), como os vazamentos de gabarito e cancelamentos de provas, também foram minimizadas por Haddad, que afirmou não se tratar de falhas de gestão e sim de "crimes".
Para rebater sua responsabilidade sobre o tema, o petista novamente criticou Serra e afirmou que as falhas no Enem não são semelhantes ao desabamento na obra do metrô de São Paulo, ocorrido em 2007, e as seguidas falhas no sistema da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que são frutos de erros de gestão, não sabotagem.
"A oposição deveria se solidarizar com o governo em caso de um crime", disse Haddad, que afirmou que se solidarizará quando Serra apresentar os sabotadores da CPTM e metrô.