PUBLICIDADE

Política

Grato ao PDT, Fogaça começa campanha pelo interior do RS

16 abr 2010 - 14h48
(atualizado às 15h33)
Compartilhar
Flavia Bemfica
Direto de Porto Alegre

O pré-candidato da aliança PMDB-PDT ao governo do Rio Grande do Sul, José Fogaça (PMDB), começa na tarde desta sexta-feira seu primeiro roteiro de viagens pelo Estado. Não por acaso, a agenda de compromissos que se estende até o final do dia de sábado tem início pela cidade que é apontada como o berço dos trabalhistas no RS: São Borja.

"É um gesto que estamos fazendo de agradecimento ao PDT, mas também de mobilização", resumiu Fogaça durante entrevista concedida ao Terra na noite de quinta-feira, quando eram acertados os últimos detalhes da viagem (ela inclui também as cidades de Santa Maria e Candelária).

Além de berço do trabalhismo, São Borja é administrada pelo pedetista Mariovane Weis, um dos prefeitos do partido que se mostrava resistente à aliança com o PMDB. Fogaça percorre o trajeto entre Porto Alegre e São Borja de avião e segue acompanhado por seu candidato a vice, o deputado federal Pompeo de Mattos (PDT), e os presidentes estaduais do PMDB, Pedro Simon, e do PDT, Romildo Bolzan Júnior.

As lideranças do PMDB e o próprio Fogaça esperam que o início das viagens e a força que Pompeo possui fora da capital, Porto Alegre, sepultem o discurso do adversário na eleição, o petista Tarso Genro, que garante que o PDT segue dividido e que muitas lideranças pelo Estado apoiarão informalmente o PT.

O PMDB apostou alto na coligação com os pedetistas e não quer de volta um partido dividido. Fogaça, que em sua primeira eleição para prefeito de Porto Alegre, em 2004, tinha um vice do PTB (Eliseu Santos), em 2008, na disputa pela reeleição, trocou o companheiro de chapa pelo pedetista José Fortunati. O PTB continuou a integrar o núcleo da coligação. Agora, para concorrer ao governo, o ex-prefeito precisou se desincompatibilizar do cargo, passando a prefeitura ao PDT.

O seu partido, que em 2004 havia rompido com 16 anos de hegemonia do PT na prefeitura, em nenhum momento cogitou deixar o comando da capital nas mãos de um partido que pudesse ser adversário mesmo que, para isso, arriscasse perder o apoio dos petebistas na disputa ao Palácio Piratini. Foi o que acabou ocorrendo: o PTB apresentou um candidato próprio e aliou-se ao DEM. Veja os principais trechos da entrevista:

Terra - O PT garante que o PDT seguirá dividido nesta eleição, apesar da aliança com o PMDB. Lideranças pedetistas já admitiram de público sua preferência por Tarso Genro. Isso prejudica a coligação?

Fogaça - Não temos esta avaliação, de que o PDT esteja dividido. Estamos é vendo um entusiasmo crescente e significativo. Não digo que não possa haver dissidências porque há muitos municípios onde os dois partidos divergem e têm dificuldade de aproximação. Mas isto tem sido trabalhado com muita competência pelas lideranças tanto do PMDB como do PDT.

Terra - O que o leva a dar início às viagens como pré-candidato por São Borja?

Fogaça - É o fato de o PDT ter tomado sua decisão com firmeza, no tempo e no espaço que a gente precisava.

Terra - O senhor está tentando uma aproximação com o PP, mesmo que o partido esteja inclinado a apoiar a tentativa de reeleição da governadora Yeda Crusius (PSDB) e que coloque como condição para alianças a extensão da coligação à chapa proporcional?

Fogaça - Com todo o respeito, o zelo e o cuidado, é óbvio que temos o interesse de ampliar a coligação, e o PP tem uma estrutura invejável. Essa possibilidade está sendo avaliada por nossas bancadas porque é preciso que se preservem interesses e direitos. Caso contrário, em vez de produzir uma sinergia, pode haver prejuízo. Poderemos apresentar uma proposta formal até a segunda-feira (dia em que o PDT realiza uma reunião preparatória à sua pré-convenção, marcada para 24 de abril, e que definirá a opção do partido). Depende do que teremos para oferecer. E faremos sempre de acordo com o PDT.

Terra - Internamente, o PMDB enfrenta algumas dificuldades em relação à disputa para as vagas do Senado. O pré-candidato do partido é o ex-governador Germano Rigotto, mas o deputado federal Eliseu Padilha ameaça disputar a indicação. O partido está se desgastando com essa questão? O PMDB poderá apresentar dois candidatos fortes?

Fogaça - É uma questão que precisamos resolver internamente. E vamos fazer isso de forma democrática. Existem duas vagas para o Senado. O que importa é que sejam preenchidas. É o que interessa à majoritária como um todo. A segunda vaga, a princípio, deve ser destinada a uma ampliação da aliança. Se por acaso lá, mais próximo da data de registro, não tivermos conseguido essa ampliação, é claro que aí poderá haver dois do PMDB. Mas só vamos fazer isso também de comum acordo com o PDT.

Terra - A candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, que cumpre roteiro no RS, disse nesta quinta-feira que o governo considera o senhor como um aliado estratégico no Estado. Ao mesmo tempo, diversas lideranças peemedebistas garantem que, caso não vingue a candidatura própria, a maior parte do PMDB gaúcho vai apoiar José Serra (PSDB). Afinal, quem vai subir em seu palanque?

Fogaça - Sou o candidato, mas não sou o dono do partido. O partido vai decidir. No momento, nossa definição é pela candidatura própria. Porque, senão, o PMDB nunca vai conseguir apresentar um projeto. Primeiro deve definir uma candidatura em cima de um projeto e discutir as consequências que podem ser, inclusive, abrir mão da cabeça de chapa. Mas o PMDB precisa colocar seu peso no processo político, e isto não significa ser contra esta ou aquela candidatura. Queremos convencer disto nossa direção nacional.

Terra - Que está mais inclinada a apresentar o nome do deputado Michel Temer para vice de Dilma.

Fogaça - Essa questão do vice vai ser levada em conta.

Terra - Neste caso, a tendência seria pró-Dilma?

Fogaça - É difícil ficar fazendo cenários. Não dá para ficar conjecturando sobre isso. Esvaziaria nossa candidatura própria.

Terra - Quem o senhor prefere enfrentar em um eventual segundo turno? Tarso Genro ou Yeda Crusius?

Fogaça - (Risos) É claro que não tenho preferência. Pretendo fazer um debate elevado e quero um futuro político de governabilidade, um governo efetivo, eficiente e eficaz.

Terra - Yeda Crusius é uma boa companheira de palanque para o segundo turno ou seu índice de rejeição prejudica a imagem do aliado?

Fogaça - O PMDB participou do governo estadual e temos que honrar essa participação. Reconhecer tudo o que foi feito. Reconhecer esse patrimônio que se acumula de outros governos também. Não vamos trabalhar sobre a ideia de que não existe passado.

Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade