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Julgamento do Mensalão

GO: petistas apoiam Delúbio e não temem julgamento do mensalão

1 ago 2012 - 20h00
(atualizado às 20h16)
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Mirelle Irene
Direto de Goiânia

Às vésperas do julgamento dos réus do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), petistas goianos procuram mostrar que não estão preocupados com a repercussão do caso nas eleições deste ano e defendem o colega de partido Delúbio Soares, um dos réus do processo.

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Um dos coordenadores da campanha de reeleição do atual prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), disse que o julgamento não vai atrapalhar a avaliação dos eleitores sobre o candidato. Osmar Magalhães, porém, acha "estranho" o julgamento ter sido marcado justamente para este início de semestre eleitoral. "É sintomático que um julgamento tão grandioso, tão importante, tão controverso - talvez o mais importante processo a ser julgado pelo STF - tivesse o apressamento que teve para ser julgado exatamente neste período quente das eleições municipais", disse.

Segundo Osmar, o PT espera do STF um julgamento técnico, e não político. "Nós temos a convicção de que todo o processo deve ser julgado de acordo com as provas que estão nos autos e acreditamos que o STF vai julgar o processo não de acordo com as pressões e o jogo político que foi colocado à época da denúncia", afirma.

O presidente do PT metropolitano, deputado estadual Luis César Bueno, acredita que o mensalão é uma etapa que ele anseia ver ser superada pelo partido. "Pessoalmente, quero que o mensalão seja julgado logo e quero que a verdade chegue, doa a quem doer. O PT não pode ficar com essa mácula do mensalão para sempre. Se tiver algum culpado, que se puna, mas a Justiça tem que julgar logo", sustenta.

Seu colega de assembleia, o deputado Mauro Rubem, considera que Delúbio não causa constrangimentos ao partido em Goiás. O ex-tesoureiro da legenda tem participado de reuniões e eventos do PT goiano, onde transita com desenvoltura, e até se cogita que ele prepara uma candidatura para a Câmara Federal em 2014.

"O Delúbio resgatou o direito de voltar ao PT e, até que se prove o contrário, ele tem todo o direito de qualquer outro filiado", apoia Rubem. O deputado sugere que o ex-tesoureiro foi usado como bode expiatório dos adversários do partido. "A grande vontade que se teve neste processo do mensalão era tentar derrubar o presidente Lula, não permitindo a sua reeleição. Essa foi a grande preocupação dos nossos adversários, e para isso, é claro, tentou-se buscar uma pessoa-símbolo no processo, como é o caso do Delúbio", disse.

Segundo o deputado, o julgamento do STF vai mostrar que o mensalão não é o escândalo apresentado pela mídia "vinculada ao PSDB". Para ele, o julgamento vai mostrar que "erros ocorreram em dimensão muito pequena". Rubem defende que o julgamento mostre a necessidade de se expurgar o caixa dois e o financiamento privado de campanhas, mas indica que, atualmente, outras mazelas políticas são mais graves do que o esquema de propina operado no governo do ex-presidente Lula.

"Só para se ter uma noção, o mensalão é um quinto do esquema do Cachoeira só em Goiás, em questão de dinheiro. E não é dinheiro público. O TCU julgou que nenhum dos contratos que as empresas de Marco Valério tinham com a Petrobrás ou o governo federal eram irregulares", afirmou.

O mensalão do PT

Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, o ministro Joaquim Barbosa apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

Fonte: Terra
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