PUBLICIDADE

Política

'Telhados de vidro' impedem ataques em debate em Salvador

3 ago 2012 - 01h36
Compartilhar
Lucas Esteves
Direto de Salvador

O esperado primeiro debate entre os candidatos à prefeitura de Salvador transmitido pela Bandeirantes na noite desta quinta-feira não teve muitos ataques entre os participantes. Os candidatos preferiram se concentrar na oferta de propostas e nas críticas superficiais à atual gestão, uma vez que muitos deles carregam participações diretas ou indiretas na administração do prefeito João Henrique (PP) ou sofrem consequências do atual cenário da política estadual.

Veja o cenário eleitoral nas capitais

Veja quanto ganham os prefeitos e vereadores nas capitais brasileiras

O debate contou com a presença dos candidatos ACM Neto (DEM), Nelson Pelegrino (PT), Mário Kertész (PMDB), Márcio Marinho (PRB), Rogério da Luz (PRTB) e Hamilton Assis (Psol). Destes, Neto, Pelegrino, Marinho e da Luz de alguma maneira participaram de momentos dos oito últimos anos do atual prefeito, seja como funcionários, líderes de secretarias ou como base de sustentação do governo municipal.

Já Mário Kertész foi prefeito por duas vezes nos anos 70 e 80 e carrega acusações de enriquecimento ilícito à frente do poder público na época. Além disso, integra o PMDB, partido que garantiu a reeleição de JH, mas abandonou a gestão cerca de dois anos depois. Apenas o candidato do Psol pôde se gabar de não ter participado de nenhum momento da administração do pepista. Mesmo assim, nem mesmo ele foi capaz de insinuações mais severas.

Alguns momentos de questionamentos esperados surgiram sobre Pelegrino, que recebe a incômoda influência do desgaste político que o governador Jaques Wagner (PT) sofre atualmente por conta da greve dos professores da rede estadual. Ele foi questionado por Assis se trataria os servidores municipais como Wagner trata os professores e respondeu que o povo conhece sua luta junto ao sindicalismo e que considera a administração petista no estado como de grande avanço.

Por sua vez, Mário Kertész insistiu que, apesar de estar no partido que reelegeu João Henrique, não participou de nenhum momento de sua gestão e não pode ter as relações recentes do PMDB creditadas em sua conta. Segundo ele, os oito anos de administração do atual prefeito foram marcados por "oposição ferrenha" e inclusive tentativa de retirada de sua rádio - que está há 18 anos na ativa - do ar devido aos ataques ocorridos seguidamente. "Muitos pensavam que era uma questão pessoal. Eu não tenho nada pessoal contra ele".

ACM Neto ignorou o fato de o DEM ter cedido apoio à reeleição de JH em 2008 e preferiu se concentrar na alegação de que a prefeitura de Salvador pode "andar pelas próprias pernas" e adotar administrações de empreendimentos como o metrô da capital e a gestão do Centro Histórico, assim como estabelecer parcerias com os governos estadual e federal para implantação de projetos e programas. "Quero dizer aqui que em momento nenhum serei contrário ao governo do Estado e ao governo federal. Temos que trabalhar todos em conjunto para o bem de Salvador", garantiu.

Foi unânime, porém, entre os candidatos, que o grande problema de Salvador reside na falta de governo e ausência da figura central do prefeito como homem capaz de dirigir as decisões e nortear o desenvolvimento do município. Assim, João Henrique sofreu ataques com adjetivos como "totalmente inepto" e "ausente" e foi classificado pelos concorrentes como o exemplo a não ser seguido no poder em Salvador.

Os adversários divergiram na maneira de resolver este problema. Para Pelegrino, é preciso investir no alinhamento com as esferas estadual e federal, o que seria garantido pelo seu partido. Já ACM Neto insistiu que Salvador tem maturidade e força para assumir o próprio desenvolvimento, apesar de não ignorar ajudas externas. Kertész alegou que todos os candidatos projetam as mesmas realizações, mas que sua experiência é o diferencial essencial entre todos os postulantes.

Marinho e Hamilton Assis concordaram em priorizar o social na prefeitura, mas o candidato do Psol defendeu o fim da "submissão a cartéis como os do transporte público, grupos imobiliários e de coleta de lixo". Já da Luz, analista de sistemas por formação, acredita que a responsabilidade na assunção de prazos e compromissos, além da seriedade na execução de projetos, é o caminho para a capital baiana.

Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade