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Política

'Menosprezado', Ratinho Júnior comemora liderança em Curitiba

30 set 2012 - 09h26
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Roger Pereira
Direto de Curitiba

A eleição deste ano em Curitiba tinha tudo para ser mais uma disputa entre PSDB e PT. Mesmo sem candidatos próprios, os dois partidos que polarizam a disputa pelo poder em boa parte do País construíram alianças sólidas para conquistar a capital paranaense e garantir um importante palanque para o pleito de 2014. Porém, poucos contavam que um terceiro nome despontaria: o deputado federal Ratinho Júnior (PSC), apresentador do programa de rádio de maior audiência na cidade e filho de Carlos Massa, o Ratinho, em uma coligação modesta, com PCdoB e PTdoB.

Segundo pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira, Ratinho Jr. tem 32% das intenções de voto
Segundo pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira, Ratinho Jr. tem 32% das intenções de voto
Foto: Divulgação

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Enquanto o grupo do PSDB, capitaneado pelo governador Beto Richa, conseguiu reunir 15 partidos pela reeleição do atual prefeito, Luciano Ducci (PSB) - que herdou o cargo por ser vice de Richa -, o PT, por conta da articulação do casal ministerial Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo, foi buscar num preterido pelo PSDB um nome capaz de quebrar a hegemonia tucana na cidade: o ex-deputado federal Gustavo Fruet (PDT). Mas o líder nas pesquisas é o carismático Ratinho Júnior.

Segundo pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira, ele tem 32% das intenções de voto, sete ponto à frente do segundo colocado.Tratado como fenômeno eleitoral, o deputado já é comparado ao candidato Celso Russomano (PRB), que, em São Paulo, vai, ao menos por enquanto, desbancando José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT).

Periferia e evangélicos

Em um partido modesto, com carreira nos meios de comunicação, grande inserção na periferia, apoio da comunidade evangélica e desbancando a polarização entre os dois principais grupos políticos da cidade, não são poucas as semelhanças entre as candidaturas de Ratinho Júnior e Russomanno. "A maior semelhança é de justamente não fazer parte de grupos políticos antagônicos. As pessoas cansaram. Viram que, muitas vezes, o projeto não é um projeto claro de cidade, é um projeto de poder. Todos meus adversários querem pegar a prefeitura para usar de alavanca política para 2014, nenhum tem um projeto de cidade", disse o candidato do PSC.

Que Ratinho Júnior teria um papel decisivo nesta eleição, ninguém negava. Terceiro colocado em todas as pesquisas de intenção de voto antes dos registros das candidaturas, ele era cobiçado pelos dois grupos políticos, que viam seu apoio como decisivo para se chegar às camadas mais pobres da população. Mas todos acreditavam que o candidato tinha um teto, que nunca superaria os 20%, por não conseguir se inserir entre os leitores mais instruídos. Assim, durante todo o período pré-eleitoral, a candidatura de Ratinho Júnior foi diversas vezes colocada em dúvida.

"Falaram que eu não seria candidato. Justamente por a gente fazer uma política diferenciada, os políticos comuns achavam que nossa atitude ia ser a mais comum: inflar a candidatura para depois negociar", disse Ratinho Júnior. "Fui chamado de cavalo paraguaio, disseram que eu ia desistir, que eu não tinha fôlego, que eu ia vender a candidatura, que só comecei bem porque eu tinha programa de rádio, que depois eu ia cair. Mas todas as teses deles deram errado e eu sabia que estávamos com as teses certas", completou.

"Eu tinha certeza que a partir do momento que entrássemos na disputa com as mínimas condições, íamos ter muito potencial de vitória. E eles menosprezaram isso, o que para nós foi maravilhoso", acrescentou. Ele reconhece que seu início na carreira política só foi bem sucedido graças ao pai, mas vê uma evolução em seu eleitorado a partir do momento em que se torna mais conhecido.

"O perfil do nosso eleitor mudou bastante. Claro que, no início, votaram em mim por gostarem do meu pai, votaram no personagem e não no político. Mas hoje, depois dos meus três mandatos e com o espaço que estou tendo nesta eleição, votam em mim por saberem o homem público que sou, conhecerem minha história, minha família, o que já fiz na vida pública e como me preparei para disputar a prefeitura", contou o candidato, que é formado em Comunicação Social, com pós-graduação em Direito do Estado e tem, ainda, dois cursos de especialização na Universidade Complutense, de Madrid.

Eleitor politizado

E foi explorando essa sua formação que Ratinho Júnior diz ter quebrado o preconceito do eleitor mais politizado, superando, e bem, o teto de 20% antes estabelecido para ele. "Dei bastante ênfase, na minha campanha, às visitas institucionais, a associações, federações, organizações de setores onde ainda não tinha entrado. E, assim, fui quebrando preconceito, ganhando essa camada que eu não tinha. Viram que sou um politico jovem, arrojado, que não sou um aventureiro e que sou preparado", salientou.

Nos bairros mais pobres da cidade e em eventos populares, ele é tratado como celebridade. Assim, seus compromissos de campanha alternam-se entre sabatinas em associações comerciais e caminhadas na periferia; reuniões com grupos de empresários e encontro de cabelereiras; jantares com financiadores de campanha e rodas de samba. "Eu fui criado vendo meu pai estar próximo da população, gostar de gente. Ele sempre gostou e teve hábitos simples e passou isso para mim e para os meus irmãos. Nós, apesar de ter uma condição diferenciada da maioria das pessoas, aprendemos isso com ele. A maior lição que carrego do meu pai é que a humildade só abre portas. As pessoas sentem quando você não é verdadeiro", afirmou.

Tendo o pai como principal cabo eleitoral e as empresas da família como maiores financiadores da campanha, Ratinho Júnior nega que governar Curitiba seja um projeto familiar. "É um projeto do Ratinho Júnior, que é um homem público, que hoje tem uma equipe, um grupo político, que é presidente de um partido que hoje tem seis deputados, 48 candidatos a prefeito no Estado e que realmente quer fazer um novo grupo político para o Estado. Eu não venho de nenhuma oligarquia. Agora, tenho um pai, que gosta de mim, que ajuda o filho, que torce por mim", concluiu.

Fonte: Especial para Terra
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