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Política

Edinho vê vazamento seletivo de delação e diz que recebeu apoio de Dilma para se defender

27 jun 2015 - 14h35
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O ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, disse neste sábado que a delação premiada do dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, revelada pela imprensa na véspera, representa um vazamento seletivo e que recebeu apoio da presidente Dilma Rousseff para se defender.

"As empresas ligadas ao Grupo UTC não fizeram doações apenas para a campanha da presidenta Dilma. Me estranha que as suspeitas sejam colocadas apenas sobre as doações legais da campanha da presidenta", afirmou em coletiva de imprensa.

Questionado sobre a reação de Dilma, o ex-tesoureiro da campanha da presidente em 2014 respondeu que ela deu "total autonomia" para que ele se defendesse. "Ela sabe que eu cumpri exatamente aquilo que ela pediu que eu cumprisse, que eu arrecadasse com lisura e dentro da legalidade."

Na sexta-feira, os ministros Edinho e Aloizio Mercadante, da Casa Civil, já haviam dito que os recursos recebidos da UTC Engenharia foram doações legais para campanhas eleitorais declaradas à Justiça Eleitoral, após veículos de comunicação divulgarem que ambos foram listados por Pessoa em seu processo de delação premiada na operação Lava Jato.

O empresário é apontado pelo Ministério Público como o coordenador de um cartel de empresas que se juntaram para obter contratos de obras da Petrobras e, em troca, pagavam propina a funcionários da empresa, a operadores que lavavam dinheiro do esquema, a políticos e partidos. Pessoa fez acordo de delação premiada com a Justiça em troca de redução de pena.

A revista Veja divulgou que Pessoa teria confessado na delação ter repassado 7,5 milhões de reais desviados da Petrobras para o caixa de campanha da presidente.

Edinho reconheceu durante a coletiva que se encontrou três vezes com o dono da UTC, mas afirmou que a doação foi arrecadada dentro da legalidade.

"Jamais tive qualquer diálogo com esse empresário que não fosse diálogo que tesoureiro de campanha tem", disse Edinho, acrescentando que pedirá acesso à delação premiada, o que será decidido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki.

"Se confirmado conteúdo divulgado pela imprensa, vou tomar medidas judiciais na defesa da minha honra", disse o ministro.

"Se comprovadas as mentiras, elas farão cessar os benefícios decorrentes da delação premiada, já que ela não expressa a verdade", completou.

Após a coletiva, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que a presidente Dilma se mostrou "absolutamente tranquila" com as explicações dadas por Mercadante e Edinho. A presidente se reuniu com os ministros na sexta e também na manhã deste sábado, antes de partir para os Estados Unidos.

"Temos que entender o contexto em que uma delação premiada é feita, é um contexto em que a pessoa quer obter benefícios, ela pode dizer toda a verdade, ela pode mentir em tudo, pode dizer verdade e parcialmente mentira, pode ser seletiva também nas informações que presta. Isso tem que ser apurado e investigado", afirmou.

(Por Marcela Ayres)

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