PUBLICIDADE

Documentos apontam que Dilma foi alvo de espionagem dos EUA

1 set 2013 - 23h16
(atualizado em 2/9/2013 às 08h06)
Compartilhar
Exibir comentários

Documentos que fazem parte de uma apresentação para o público interno da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos mostram a presidente Dilma Rousseff como alvo de espionagem americana. Os arquivos, classificados como ultrassecretos, fazem parte do material que o ex-analista da NSA Edward Snowden, que divulgou o sistema de espionagem americano, entregou ao jornalista Glenn Greenwald. As informações são do Fantástico.

Os papéis mostram que os EUA espionaram comunicações de Dilma com seus principais assessores e dos assessores entre eles e com terceiros. A apresentação secreta se chama "filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil" e tem como alvo Dilma e o presidente do México, Enrique Peña Nieto, então candidato líder nas pesquisas para a presidência.

A espionagem monitora os números de telefone, os e-mails e o IP (a identificação do computador) do alvo, e, no caso da presidente Dilma, tinha como objetivo "melhorar a compreensão dos métodos de comunicação e dos interlocutores da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e seus principais assessores". O material também traz um gráfico que mostra toda a rede de comunicações da presidente com seus assessores, embora não revele seus nomes. Na última página, o documento diz que o método de espionagem usado é "uma filtragem simples e eficiente que permite obter dados que não são disponíveis de outra forma. E que pode ser repetido."

A NSA fecha o material dizendo que a união de dois setores da agência teve sucesso contra dois alvos de alto escalão, Brasil e México. “Ficou muito claro, com esses documentos, que a espionagem já foi feita, porque eles não estão discutindo isso só como alguma coisa que eles estão planejando. Eles estão festejando o sucesso da espionagem”, afirmou Glenn.

Brasil: amigo, inimigo ou problema?

Em outro documento, a NSA enumera os desafios geopolíticos dos Estados Unidos de 2014 a 2019 e afirma que o surgimento do Brasil e da Turquia no cenário global é classificado como risco para a estabilidade regional. O País aparece em uma lista na qual há também Egito, Índia, Irã e México e que tem como título: “Amigo, inimigo ou problema?”.

Um terceiro documento também mostra que uma divisão inteira da NSA é dedicada à política internacional e atividades comerciais, com um setor encarregado de países da Europa Ocidental, Japão, México e Brasil.

Presidente do México tem mensagens de texto interceptadas

Na espionagem a Peña Nieto, a NSA interceptou mensagens de texto por telefone do então candidato usando o programa "Association", que pega as informações que circulam nas redes sociais. Em uma parte do documento, sob o título “mensagens interessantes”, trechos de conversas por texto são citados. Em um deles, Peña Nieto conta quem seriam alguns de seus ministros - que só tomariam posse seis meses depois da eleição.

Espionagem americana no Brasil
Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.

Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.

Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.

O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.

Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.

Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade