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Polícia

Dirigente: PT é 'maior interessado' em esclarecer caso Celso Daniel

10 mai 2012 - 16h33
(atualizado às 16h55)
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O julgamento de três acusados de matar o petista Celso Daniel em 2002, então prefeito de Santo André (ABC Paulista), teve início na manhã desta quinta-feira. No intervalo de uma das sessões, o irmão da vítima, Bruno Daniel, disse que o PT tentou acobertar o assassinato. No entanto, o diretório do partido no município diz que "é a principal entidade interessada nos esclarecimentos".

Durante o julgamento, a promotoria irá sustentar a tese de que o crime foi motivado pela descoberta de enriquecimento ilícito por pivôs de um esquema de corrupção
Durante o julgamento, a promotoria irá sustentar a tese de que o crime foi motivado pela descoberta de enriquecimento ilícito por pivôs de um esquema de corrupção
Foto: Diogo Moreira / Futura Press

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A declaração foi do presidente do PT de Santo André, Luiz Turco. Ele acha lamentável que se ressuscite essa versão, sustentada por Bruno. Já a assessoria de imprensa do presidente do partido, Rui Falcão, não quis se manifestar sobre o que disse o irmão de Celso Daniel.

A família do prefeito não tem dúvidas de que o assassinato teve "motivação política"; contudo, o Partido dos Trabalhadores defende que foi um crime comum. "Não cabe ao partido se manifestar sobre o julgamento", expressa o PT.

O julgamento acontece no Fórum de Itapecerica da Serra. Estão sendo julgados hoje Ivan Rodrigues da Silva, o Monstro; Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira, o Bozinho; e José Edison da Silva - todos negaram participação no crime. Na avaliação de Bruno Daniel, os depoimentos dos réus - acusados de terem sido contratados para matá-lo - foram uma "encenação", e as provas do Ministério Público são "irrefutáveis".

O irmão de Celso Daniel também criticou o PT, e disse que "alguns companheiros" tentaram "acobertar" os reais motivos da morte do então prefeito de Santo André. De acordo com a promotoria, o político foi morto após descobrir o enriquecimento ilícito por pivôs de um esquema de corrupção que operava na administração municipal da cidade para financiar as campanhas políticas do Partido dos Trabalhadores.

A morte de Celso Daniel

Então prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel (PT) foi sequestrado em 18 de janeiro de 2002, quando saía de um jantar. O empresário e amigo Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, estava no carro com ele quando foi rendido. O político foi levado para um cativeiro na favela Pantanal, em Diadema (Grande ABC), e, depois, para uma chácara em Juquitiba, a 78 km de São Paulo, sendo assassinado a tiros dois dias depois. Na época, o inquérito policial concluiu que Celso Daniel teria sido sequestrado por engano e acabou morto por uma confusão nas ordens do chefe da quadrilha. Mas a família solicitou a reabertura das investigações ao Ministério Público.

As novas averiguações apontaram que a morte de Celso Daniel foi premeditada. As contradições entre as declarações de Sombra e as perícias feitas pela polícia lançaram suspeitas sobre o amigo do então prefeito. Ele havia dito que houve problemas nas travas elétricas do carro em que os dois estavam, que houve tiroteio com os bandidos e que o carro morreu. Mas a perícia da polícia desmentiu todas as alegações.

O MP denunciou sete pessoas como executoras do crime, sendo que Sombra foi apontado como o mandante do assassinato. Ele foi denunciado por homicídio triplamente qualificado - por ter contratado os assassinos, pela abordagem ter impedido a defesa da vítima e porque o crime garantiria a execução de outros. De acordo com o MP, o empresário fazia parte de um esquema de corrupção na prefeitura de Santo André que recebia propina de empresas de transporte, mas Celso Daniel teria tomado providências para acabar com a fraude, o que motivou a morte. Ele nega a acusação.

A Justiça decidiu levar todos os acusados a júri popular. Além de Sombra, José Edson da Silva, Elcy Oliveira Brito, Ivan Rodrigues da Silva, Itamar Messias Silva dos Santos e Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira serão julgados pela prática de homicídio qualificado (por motivo torpe, mediante paga ou promessa de recompensa e por impossibilitar a defesa da vítima), cuja pena máxima é de 30 anos de reclusão. Em novembro de 2010 aconteceu a primeira condenação do caso: Marcos Roberto Bispo dos Santos pegou 18 anos de prisão em regime fechado.

Fonte: Terra
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