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Política

Dilma viaja a Cuba e Haiti com agenda de Direitos Humanos

29 jan 2012 - 13h33
(atualizado às 13h50)
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A presidente brasileira, Dilma Rousseff, inicia nesta segunda-feira seu primeiro giro internacional de 2012 por Cuba e Haiti, onde terá que abordar temas espinhosos de imigração e direitos humanos que se interpõem a sua mensagem de cooperação econômica, sobretudo em Havana. Dilma escolheu estes destinos - sem grande peso na agenda comercial do Brasil - em vez do Fórum Econômico de Davos, na Suíça, que foi concluído na semana passada.

A presidente Dilma Rousseff será a estrela de quinta-feira no Fórum Social Temático, o grande evento dos grupos anticapitalistas em Porto Alegre, e depois viajará a Cuba sem ir ao Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça), que começa nesta quarta-feira
A presidente Dilma Rousseff será a estrela de quinta-feira no Fórum Social Temático, o grande evento dos grupos anticapitalistas em Porto Alegre, e depois viajará a Cuba sem ir ao Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça), que começa nesta quarta-feira
Foto: Roberto Stuckert Filho / PR / Divulgação

Sua mensagem de "preferência pelos pobres" foi reforçada pela participação no Fórum Social Temático, que, de maneira simultânea ao evento em Davos, reuniu grupos anticapitalistas em Porto Alegre. Dilma, uma ex-guerrilheira de esquerda que foi presa e torturada sob a ditadura (1964-1985) e que mantém um discurso muito ativo em favor dos direitos humanos, estará na segunda e terça-feira em Havana, onde se reunirá com o presidente cubano Raúl Castro.

A visita busca "aprofundar o crescente diálogo e cooperação bilateral, com ênfase na agenda econômica", segundo a chancelaria brasileira. Junto com a mensagem oficial, existe uma expectativa pelo que a presidente dirá ou deixará de dizer sobre a questão das garantias fundamentais, após receber um pedido de ajuda da dissidente cubana Yoani Sánchez, famosa por seu blog crítico ao governo cubano.

Sánchez pediu por escrito à presidente que conversasse com o governo de Havana para que a permitam sair e assistir no Brasil à apresentação de um documentário sobre direitos humanos no dia 10 de fevereiro. O Brasil respondeu concedendo a ela autorização para sua entrada como turista, mas a sua saída ainda depende da autorização do governo, que no passado a impediu de viajar.

"Não acredito que este tema esteja na agenda com Castro. Dilma não disse nada sobre interceder (a favor de Sánchez) e seria uma surpresa se o fizesse, porque ela jamais vai contradizer seu partido, o PT, que tem laços históricos com Cuba", disse à AFP José Augusto Guilhom, professor de Relações Internacionais da Universidade de Campinas. Inclusive, sua viagem, assim como a ida ao Fórum Social, seriam mensagens de "consumo interno" para o PT, em um ano de eleições municipais e onde a figura de Dilma pesa muito menos do que a de seu mentor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, muito próximo de Cuba, acrescentou Guilhom.

No Brasil, se dá por descartado um encontro de Dilma com a oposição cubana ou um comentário público dela sobre o caso do opositor Wilman Villar, que morreu preso enquanto realizava uma greve de fome no dia 19 de janeiro, segundo a dissidência. Já o chanceler Antonio Patriota antecipou que os presidentes falarão sobre as reformas de abertura econômica em Cuba e sobre o financiamento brasileiro de U$ 683 milhões para a ampliação do porto de Mariel, que contribuirá para o aumento do intercâmbio comercial da ilha.

Depois de sua passagem por Havana, Dilma chegará na quarta-feira a Porto Príncipe para abordar com o governo haitiano a cooperação brasileira com o país mais pobre do continente, devastado por um terremoto há dois anos. No Haiti, ela deverá abordar a recente decisão de seu governo de exigir visto dos haitianos depois da imigração irregular de 4 mil deles desde o fim de 2011.

O governo anunciou a regularização destes imigrantes e fixou um limite de 1.200 vistos por ano para os haitianos, além dos já concedidos por turismo, estudo e trabalho temporário. O Brasil lidera a missão da ONU no Haiti (Minustah), criada em 2004 e composta por cerca de 12.200 soldados, dos quais até 2.300 são brasileiros. Em outubro, a ONU aprovou um plano para reduzir o contingente com a retirada de 2.750 capacetes azuis.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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