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Política

Dilma anuncia plebiscito para reforma política, mas protestos continuam

25 jun 2013 - 21h34
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O Governo Federal anunciou nesta terça-feira que antes de outubro convocará um plebiscito sobre a reforma política, mas isso não parece ter aplacado os manifestantes, que voltaram a sair às ruas e anunciaram grandes protestos para amanhã.

A presidente Dilma Rousseff dedicou o dia a analisar sua proposta com diversos setores do país, recebeu mais críticas que adesões e via sua ideia agonizar antes de nascer, mas, no cair da noite, tomou forma e acabará sendo um plebiscito, mas sem a Assembleia Constituinte que havia proposto ontem.

"Não há tempo para realizar uma Constituinte e a Câmara dos Deputados se manifestou contra. A única convergência possível é o plebiscito", disse o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.

A decisão de convocar a consulta popular nesse prazo se explica pela vontade de ter a reforma política já em vigor para as eleições presidenciais e parlamentares de outubro de 2014 e, segundo a lei, para isso, deve ser aprovada um ano antes.

No plebiscito, os brasileiros opinarão sobre diversos aspectos da reforma, como se o financiamento das campanhas deve ser apenas pública ou ter participação privada, declarou o ministro, esclarecendo que as perguntas serão definidas nos próximos dias.

"Queremos uma reforma política com uma ampla participação popular", assegurou.

Segundo Mercadante, Dilma se reunirá "nesta mesma semana com líderes políticos", inclusive da oposição, para definir as consultas que serão feitas neste plebiscito.

O anúncio foi feito em meio a novos protestos, convocações de outras manifestações para amanhã e a adesão das centrais sindicais, que convocaram hoje os trabalhadores para uma jornada nacional de protestos e paralisações no dia 11 de julho para reforçar suas reivindicações.

A decisão de Dilma abalou o Congresso, que há 15 anos discute a reforma política sem nenhum resultado e hoje anunciou sua intenção de desempoeirar uma série de projetos que tramitam há anos e estão em linha com as exigências das manifestações, que clamam por melhores serviços públicos.

Em relação à reforma política, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, declarou que o Legislativo não quer chegar ao extremo de uma Assembleia Constituinte.

"Esta Casa tem o dever de debater sobre ela (reforma política), mas não via Constituinte específica. Em momento algum esta Casa pensou em aceitar", declarou Alves, que se comprometeu a retomar o tema no segundo semestre deste ano.

Mais longe foi o presidente do Senado, Renan Calheiros, que disse que discutirá vários projetos de lei que propõem destinar 10% do Produto Interno Bruto (PIB) à saúde e a mesma porcentagem para a educação, cuja péssima qualidade também é alvo de crítica dos manifestantes.

Calheiros também pediu a votação de projetos que agravarão as penas para os crimes de corrupção e outro que destina a totalidade dos royalties do petróleo à educação, como sugeriu Dilma.

O presidente do Senado foi além e declarou que, se for aprovado esse projeto, o petróleo poderia também financiar o transporte gratuito para todos os estudantes, que iniciaram os protestos precisamente por um aumento da tarifa de ônibus.

No entanto, enquanto no Congresso se vivia esse frenesi de anúncios de intenções, nas ruas os protestos não cessavam.

Sem a intensidade dos dias anteriores, os manifestantes tomaram hoje as ruas de mais de 20 cidades e, no início da noite, os protestos se mantinham em várias delas, como em Montes Claros, em Minas Gerais, onde se concentravam cerca de 10 mil pessoas.

Belo Horizonte viveu um dia de tensão, não pelos protestos de hoje, mas pelos que estão convocados para amanhã perto do Mineirão, onde as seleções de Brasil e Uruguai jogarão a semifinal da Copa das Confederações.

Diversos movimentos sociais convocaram protestos próximos ao estádio e calculam que serão respaldados por 100 mil pessoas.

A Polícia de Minas Gerais assegurou que não permitirá que os manifestantes se aproximem a menos de três quilômetros do estádio e assegurou que, se insistirem, "o combate será inevitável".

EFE   
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