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Política

Dias: sigilo em inquérito sobre Cachoeira protege figurões

9 abr 2012 - 16h57
(atualizado às 17h07)
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Elaine Lina
Direto de Brasília

A ideia de instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as ações de parlamentares envolvidos com o contraventor Carlinhos Cachoeira ganha força neste início de semana no Congresso. O senador Alvaro Dias, líder do PSDB no Senado, disse que o partido opoia a criação da comissão. Ele afirmou que o fato de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter negado repassar informações ao Senado alegando sigilo enfraqueceu o Conselho de Ética. "Tem sigilo, nós não podemos conhecer, estão guardados a sete chaves e para proteger quem? Eu sou obrigado a pensar que figurões estão protegidos nesse sigilo. Nós queremos as informações que não vazaram", disse ele.

Alvaro Dias avalia que o melhor é uma comissão mista, envolvendo senadores e deputados. "Jä que tem deputado sendo acusado é melhor fazermos uma CPI mais abrangente, precisamos é conhecer todos os detalhes desse inquérito, os fatos e envolvidos que constam numa apuração de três anos da Polícia Federal", afirmou.

O senador Pedro Taques (PDT) disse que o partido também vai colaborar na coleta de assinaturas para uma CPI mista. "Existe uma questão política, não podemos deixar apenas no Judiciário. O Senado tem que dar uma resposta à sociedade e também aos senadores", ressaltou. Mais cedo, o líder do PT, senador Walter Pinheiro, anunciou que começa amanhã mesmo a coletar assinaturas para uma CPI na Casa.

Pinheiro garante que tem o apoio de todos os senadores do PT e que está conversando com demais líderes partidários. São necessárias assinaturas de 27 senadores para a criação de uma CPI. Na Câmara, o número é de 171 deputados federais - regimentalmente 1/3 de cada Casa.

Demóstenes e Carlinhos Cachoeira

Em 6 de março de 2012, o senador Demóstenes Torres (GO) subiu à tribuna para dar explicações sobre as denúncias de sua proximidade com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, descoberta pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que terminou em fevereiro, com a prisão de Cachoeira e de outras 34 pessoas. Demóstenes disse que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido critérios legais. Dez dias depois, o jornal Folha de S.Paulo publicava um relatório do Ministério Público Federal (MPF) que indicava que o grupo comandado por Cachoeira entregou telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, que admitiu ter recebido o aparelho.

O jornal O Globo noticiou, em 23 de março, gravações da PF que flagraram Demóstenes pedindo para Cachoeira lhe pagar R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo e vazando informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes. Em 27 de março, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado para "acompanhar a evolução dos fatos". No dia seguinte, o Psol entrou com representação contra o parlamentar no Conselho de Ética do Senado e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandovski autorizou a quebra do sigilo bancário de Demóstenes, solicitando ainda um levantamento sobre as emendas e os projetos relatados por ele para saber se Cachoeira, acusado de controlar a máfia dos caça-níqueis e de corromper policiais e políticos em Goiás, foi beneficiado.

Nas gravações, Demóstenes também aparece acertando um suposto lobby pela legalização dos jogos de azar no Congresso em 2009. Em outra conversa, Cachoeira pede ajuda no processo de um delegado e três policiais de Anápolis (GO) acusados de tortura e extorsão. Os dois ainda conversaram sobre um "negócio" milionário na Infraero. Na ocasião, Demóstenes teria se valido da relatoria da CPI do Apagão Aéreo para levantar informações e sondar contratos de informática na estatal.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido decidiu abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda.

Fonte: Terra
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