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Política

Depois de susto, índios ashaninka fazem contato com tribo desconhecida no AC

2 jul 2014 - 17h47
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Manaus, 2 jul (EFE/Amazônia Real).- A Fundação Nacional do Índio informou nesta terça-feira que um povo indígena desconhecido que vive isolado na floresta amazônica estabeleceu o primeiro contato com índios da etnia ashaninka e servidores do órgão no Alto Rio Envira, na fronteira do estado do Acre com o Peru. Na região, que é alvo de invasão de madeireiros e narcotraficantes, foram avistados ao menos três grupos de índios sem contato nos últimos 30 anos pelas equipes da Frente de Proteção aos Índios Isolados da Funai.

Segundo a Funai, o contato do povo indígena isolado aconteceu de forma pacífica na aldeia Simpatia, que fica na terra indígena Kampa (Ashaninka) e Isolados do Alto Envira, no dia 29 de junho. Mas há 20 dias, os índios desconhecidos assustaram mulheres e crianças ashaninka quando apareceram nas malocas pegando panelas e facões.

O clima ficou tenso entre índios desconhecidos e os ashaninka, o que levou o governo do Acre a realizar uma operação de segurança com apoio do Exército e da Polícia Federal na fronteira.

Em nota divulgada no dia 17 de junho, o governo do Acre informou que a chamada Operação Simpatia consistia em averiguar as ameaças que a comunidade ashaninka recebiam de "índios isolados" e classificou os desconhecidos de "saqueadores".

Diante da aproximação dos índios isolados na aldeia Simpatia, o coordenador-geral de Índios Isolados e Recém Contatados da Funai, Carlos Travassos, viajou para região para acompanhar o trabalho das equipe da Frente de Proteção Etnoambiental Envira e do sertanista José Carlos Meirelles, da assessoria indígena do governo do Estado do Acre. A Funai não divulgou fotografias do encontro dos Ashaninka.

Segundo a Funai, a equipe recebe apoio do Distrito Sanitário Especial Indígena - DSEI, do Alto Rio Juruá/Secretaria Especial de Saúde Indígena para desenvolver o Plano de Contingência para Situações de Contato e evitar que os dois povos indígenas contraem doenças.

Na região do Alto Envira na fronteira com o Peru, os três grupos de índios isolados avistados em 30 anos de pesquisas foram denominados pela Funai como o povo da cabeceireira do Riozinho, o povo do Rio Xinane e o povo do Rio Humaitá. Há um quarto grupo isolado no Acre que é denominado de Mashco-Piro. Com o contato na aldeia Simpatia, a fundação tenta qualificar os índios desconhecidos por meio de interpretes para que haja maior conhecimento do grupo e sua língua.

A Funai diz que a Politica de Proteção aos Índios Isolados tem como premissa não fazer o contato para respeitar a autodeterminação dos povos. O objetivo é realizar o trabalho de proteção territorial com a presença deles. No entanto, é previsto ações de intervenção - como planos de contingência - quando o grupo indígena isolado procura estabelecer o contato.

Na aldeia Simpatia, onde ocorreu o contato, vivem ao menos 70 índios ashaninka, sendo a maioria mulheres e crianças. A comunidade está localizada na Terra Indígena Kampa e Isolados do rio Envira, regularizada pela Funai com 232.795 hectares. Na reserva existem seis aldeias ashaninka onde moram 420 índios da etnia. Os indígenas Ashaninka pertencem a família lingüística aruak (ou arawak).

EFE   
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