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Política

Demóstenes: Lula é pizzaiolo e orientou PT a livrar Sarney

19 ago 2009 - 17h04
(atualizado às 17h46)
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Laryssa Borges

Direto de Brasília

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) criticou duramente nesta quarta-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disse que chefe do Executivo federal é um verdadeiro "pizzaiolo" por orientar o Partido dos Trabalhadores (PT) a votar em bloco em favor do arquivamento de todas as denúncias e representações impetradas contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

Paulo Duque (esq.) comanda a reunião do Conselho de Ética
Paulo Duque (esq.) comanda a reunião do Conselho de Ética
Foto: Waldemir Barreto / Agência Senado

Lula, que defendeu Sarney das primeiras denúncias, afirmando que o parlamentar não poderia ser tratado como uma pessoa comum, já havia classificado os senadores de oposição de "bons pizzaiolos".

"O presidente da República, na realidade, é o pizzaiolo, e a pizza vem sendo servida pelos senadores do Conselho de Ética", disse Demóstenes após o colegiado confirmar, por nove votos a seis, o engavetamento de todos os processos que ainda tramitavam contra José Sarney.

Demóstenes também afirmou que o PT agiu como um "santinho do pau oco" ao dizer reiteradas vezes que defendia a saída do presidente do Senado, quando, na verdade, pretendia manter o arquivamento dos questionamentos contra José Sarney. "(O PT) queria dar uma de santinho do pau oco com uma notinha vulgar desrespeitando o Senado brasileiro, com a única intenção de sair-se bem nesse processo, o que é impossível", criticou o parlamentar.

O líder do DEM, José Agripino (RN), também relacionou os arquivamentos com o presidente Lula. "O apoio do PT ao presidente José Sarney mostrou que o presidente Lula colocou a sua digital no arquivamento", afirmou o senador.

Nos últimos dias cresceu a instabilidade dentro do PT, apontado como "fiel da balança" nos processos contra José Sarney, suspeito de uma série de irregularidades que incluem responsabilidade na edição dos chamados atos secretos, desvio de recursos de um patrocínio feito pela Petrobras à fundação que leva seu nome, além da prática de tráfico de influência em favor do namorado de uma neta sua. O líder da legenda, Aloizio Mercadante, chegou a colocar o cargo à disposição por não aceitar substituir os representantes do partido no Conselho de Ética por parlamentares pró-Sarney. Mercadante defendia que fosse aberto o processo em que Sarney é acusado de nepotismo, por ter influenciado na contratação pelo Senado do namorado de sua neta.

Mais cedo, o presidente petista Ricardo Berzoini divulgou nota enquadrando a bancada e atribuindo as denúncias contra Sarney à "disputa política relacionada às eleições de 2010".

"Por entender que essa crise tem raízes reais, mas é manipulada de forma hipócrita para interesses eleitorais, e por defender a estabilidade política e o Estado democrático de Direito, como bases para um funcionamento pleno da democracia, não há como reconhecer no Conselho de Ética, com os ânimos da radicalização política atual, condições para encaminhar uma investigação isenta e equilibrada. Nesse sentido, oriento os senadores do PT que fazem parte do Conselho de Ética que votem pela manutenção do arquivamento das representações", disse o dirigente petista.

O PSDB e o Psol ajuizaram, ao todo, cinco representações contra o peemedebista. Outras seis denúncias foram protocoladas pelos senadores Arthur Virgílio e Cristovam Buarque (PDT-DF).

As 11 acusações haviam sido arquivadas sumariamente pelo presidente do Conselho de Ética, senador Paulo Duque (PMDB-RJ), aliado de Sarney. Ele alegou que todas as denúncias são baseadas em notícias de jornais e nenhum documento foi anexado para embasar a acusação. A oposição recorreu dos 11 arquivamentos e, por isso, eles foram a votação nesta quarta-feira, sendo arquivados definitivamente.

Fonte: Terra
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