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Política

Delta deixa consórcio da Transcarioca, diz prefeitura do Rio

26 abr 2012 - 16h59
(atualizado às 21h48)
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A empresa Delta Construção, suspeita de ter ligações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, está deixando o consórcio responsável pela Transcarioca, informou nesta quinta-feira a prefeitura do Rio de Janeiro. Em nota, a prefeitura afirma que "foi comunicada hoje pelo consórcio TRANSCARIOCA BRT, formado pelas empresas ANDRADE GUITERREZ e DELTA, de que a DELTA está deixando o consórcio".

O grupo é responsável pela construção do trecho do BRT Transcarioca entre a Barra da Tijuca e a Penha. Segundo o comunicado da prefeitura, "a empresa ANDRADE GUTIERREZ assume todas as responsabilidades pelas obras sem causar qualquer prejuízo ao município". "O andamento das obras segue normalmente e o cronograma está mantido", finaliza a prefeitura.

Em nota, a Delta Construções disse que não iria se pronunciar sobre o caso.

No último fim de semana, a Delta anunciou que vai deixar - até o dia 1º de maio - o consórcio "Maracanã Rio 2014". A empresa detinha 30% de participação no grupo, enquanto a Odebrecht Infraestrutura tinha 49% e a Andrade Gutierrez outros 21%. A assessoria do consórcio negou que a mudança atrase as obras de reforma do estádio para a Copa de 2014.

Orçada inicialmente em R$ 700 milhões, as obras do Estádio Mário Filho subiram vertiginosamente, passando a custar R$ 931 milhões em junho do ano passado. Depois de o Tribunal de Contas da União identificar sobrepreço no orçamento, o valor foi reduzido para R$ 859 milhões.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Terra
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