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Política

Delator de Orlando Silva diz ter novas denúncias de corrupção

18 out 2011 - 17h25
(atualizado às 20h01)
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Diogo Alcântara e Laryssa Borges
Direto de Brasília

O policial militar João Dias Ferreira, delator do suposto esquema de corrupção envolvendo o ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB), afirmou nesta terça-feira, ao deixar encontro com líderes da oposição em Brasília, que novas denúncias de irregularidades na pasta devem surgir nos próximos dias. "Há muita água para rolar, muitos acompanhamentos virão", disse o PM. Sem dar detalhes sobre o teor das denúncias, Ferreira sugeriu que há cerca de 300 "caixas-pretas" no ministério.

"Há diversas situações, (...) que (virão à tona) quando começarem a abrir as caixas-pretas - que são muito mais de 300 -, que são os programas anteriores, (em) que nunca foi revisto nenhum tipo de conta. A maioria (dos programas) com os mesmos fornecedores ou dentro de um pool de empresas", disse.

Ferreira disse ter em seu poder diversas provas de irregularidades na pasta, incluindo o áudio de uma reunião que teria ocorrido em abril de 2008, da qual participaram o secretário-executivo do Esporte, Waldemar Manoel Silva de Souza, e outros três membros da cúpula do ministério. O ministro Orlando Silva, porém, não teria participado da reunião, de acordo com o PM, que novamente não deu detalhes sobre o que foi discutido no encontro. Ferreira se limitou a dizer que o áudio ainda está sendo degravado e virá à tona "no momento apropriado".

"Vão surgir diversos outros documentos em breve, em pouco tempo, que vão provar essa situação. Então eu reafirmo para vocês, as provas são naturais. As provas às quais eu me refiro são os documentos fraudulentos", disparou.

Encontro com oposição

Ferreira se reuniu nesta terça-feira com lideranças da oposição que se recusaram a participar do início do depoimento do ministro Orlando Silva na Câmara dos Deputados. Ao término do encontro, os oposicionistas afirmaram que o PM apresentou provas e está disposto a divulgar sua versão do suposto esquema de corrupção para a liberação de recursos públicos para organizações não-governamentais (ONGs).

O denunciante do suposto esquema do qual Orlando Silva faria parte, João Dias Ferreira, foi um dos cinco presos no ano passado pela polícia de Brasília sob acusação de participar de desvios de recursos destinado a um programa da pasta. Investigações passadas apontavam diversos membros do PCdoB como protagonistas das irregularidades, na época da Operação Shaolin, mas é a primeira vez que o nome do ministro é mencionado por um dos suspeitos. Ferreira, por meio da Associação João Dias de Kung Fu e da Federação Brasiliense de Kung Fu, firmou dois convênios, em 2005 e 2006, com o Ministério do Esporte.

De acordo com Ferreira, o esquema utilizava o programa Segundo Tempo para desviar recursos usando ONGs como fachada. Orlando Silva foi apontado como mentor e beneficiário desse esquema. As ONGs recebiam verbas mediante o pagamento de uma taxa que podia chegar a 20% do valor dos convênios. Conforme a acusação, o ministro teria recebido, pessoalmente, dentro da garagem do Ministério, uma caixa de papelão cheia de cédulas de R$ 50 e R$ 100 provenientes da quadrilha. Parte desse dinheiro, acusa a revista Veja, foi usada para pagar despesas da campanha presidencial de 2006.

"O depoimento (de Ferreira) é absolutamente estarrecedor. (Ferreira) traz detalhes e informações que não constam da imprensa e demonstra a existência de provas materiais. Desde ontem afirmamos que a presença do ministro era apenas para garantir palanque e plateia. Depois que João Dias apresentar todas as suas informações teremos condições de ouvir o ministro. Nenhum deputado pode se furtar (de aprovar o convite ao denunciante). Não podemos transferir para a imprensa o poder de investigar e de buscar a verdade", disse o líder do DEM na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA).

"As afirmações são de tal convicção com linha do tempo, nomes e testemunhas que tornam (a presença de Ferreira) imprescindível para a sociedade brasileira em um momento em que Ministério do Esporte pilota a Copa do Mundo e a Olimpíada", completou o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP). Para o tucano, Ferreira "teme pela sua integridade física, pela sua vida, pela maneira com que tem sido ameaçado". Nesta terça-feira, o PM solicitou ao Ministério da Justiça proteção policial.

Também oposicionista, o líder do PPS na Casa, Rubens Bueno (PR), chegou a propor a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar as supostas fraudes em convênios do Ministério do Esporte. "A CPI é a forma de investigar a fundo, de ouvir a todos e juntos construir o papel do parlamento", opinou.

Fonte: Terra
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