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Delator da Porto Seguro diz que Vieira usava o nome de Dirceu

27 nov 2012 - 22h05
(atualizado às 22h11)
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O ex-auditor do Tribunal de Contas da União Cyonil da Cunha Borges, que denunciou a venda de pareceres e que desencadeou a operação Porto Seguro, afirmou que Paulo Vieira, apontado pela Polícia Federal como chefe da quadrilha, queria aproximá-lo do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu para negociação de interesses. "Num determinado dia, ele (Paulo Vieira) disse: 'vou estar na cidade e vou para o aniversário do ex-ministro José Dirceu, quer vir comigo?' Obviamente, recusei", contou Cyonil. Segundo ele, Vieira teria dito que o ex-ministro teria interesse em um processo do TCU sobre a empresa Tecondi, no porto de Santos. As informações são do Jornal Nacional, da TV Globo.

Cyonil relatou ainda ter recebido, durante um almoço, uma oferta de propina das mãos de Paulo Vieira, ex-diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas (ANA), em uma folha de papel. "Na ocasião, ele escreveu que o processo era de suposto interesse de José Dirceu, e escreveu 'R$ 300 mil' e passou para mim", disse. Segundo o ex-auditor do TCE, as citações de Vieira a Dirceu não eram claras. "Uma hora fala que o dinheiro vinha da empresa, o empresário ia pagar. Outra hora que era de interesse do Dirceu, e esse dinheiro adviria de José Dirceu". Cyonil reconhece ter recebido de Paulo Vieira dois pacotes com R$ 50 mil cada um. Segundo ele, o dinheiro seria um suborno em troca de ajuda no processo da Tecondi. Mesmo assim, Cyonil não foi indiciado, porque, junto com a denúncia, entregou R$ 100 mil à polícia. O ex-ministro José Dirceu informou, por meio de nota, que não tem relação pessoal, nem profissional, com Paulo Vieira e Cyonil Borges e que nunca teve nenhum interesse nas atividades da empresa Tecondi.

Operação Porto Seguro

Deflagrada em 23 de novembro de 2012, a operação Porto Seguro, da Polícia Federal, investiga um esquema de favorecimento de interesses privados em processos públicos. As agências nacionais de Transportes Aquaviários (Antaq), de Águas (ANA), e de Aviação Civil (Anac), a Advocacia-Geral da União (AGU), a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), o Tribunal de Contas da União (TCU), a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e o Ministério da Educação (MEC) estão entre os órgãos envolvidos na operação.

Foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas cidades de Cruzeiro (SP), Dracena (SP), Santos (SP), São Paulo e Brasília. Dezoito pessoas foram indiciadas suspeitas de participação no esquema, entre elas a chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, Rosemary Novoa de Noronha, e o advogado-geral adjunto da União, José Weber de Holanda Alves.

As investigações apontam que os acusados cometeram crimes de corrupção ativa e passiva, tráfico de influência, falsidade ideológica, falsificação de documento particular, violação de sigilo funcional e formação de quadrilha. A presidente Dilma Rousseff determinou a exoneração ou afastamento de todos os servidores envolvidos.

Fonte: Terra
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