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Política

De convicções firmes e postura dura, Chinaglia tenta presidir pela 2ª vez a Câmara

30 jan 2015 - 15h11
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Descrito por colegas como um militante convicto e de posições políticas inegociáveis, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) tenta presidir pela segunda vez a Câmara dos Deputados e facilitar a governabilidade para o novo mandato da presidente Dilma Rousseff, embora tenha a independência institucional como uma de suas bandeiras na disputa. O médico de 65 anos já presidiu a Casa entre 2007 e 2009 e deu mostras de como pode se portar num novo mandato, se conseguir derrotar o colega peemedebista Eduardo Cunha (RJ), que já protagonizou embates diretos com o governo, e Júlio Delgado (PSB-MG), candidato apoiado por partidos da oposição, além de Chico Alencar (PSOL-RJ).

A despeito de elogios de correligionários, a postura mais "convicta" e até mesmo "dura" do candidato, que conta com o apoio e influência de ministros petistas, também é citada como uma "certa inflexibilidade". "Ele é um militante muito convicto das suas posições políticas. Tem uma formação invejável, muito bem formado teoricamente", disse à Reuters o deputado Vicente Cândido (PT-SP), um dos coordenadores da campanha de Chinaglia. "Nas suas convicções ele é muito difícil de negociar."

Segundo um parlamentar da oposição que preferiu não ser identificado e não tem queixas do tratamento dispensado por Chinaglia, a postura mais rígida faz com que o deputado seja encarado como "antipático", principalmente entre integrantes do baixo clero.

Ainda assim, esse perfil duro não o impede de ouvir vozes divergentes dos mais variados espectros ideológicos e de negociar temas polêmicos, dizem colegas de partido."Eu posso ter um componente religioso maior ou menor na minha vida, posso ter uma opção sexual 'A' ou 'B', mas o presidente da Câmara tem que ser plural, tem que deixar o debate fluir. Nos dois anos em que ele foi presidente, ele demonstrou boa capacidade de flexibilizar as coisas", descreveu o líder do governo na Casa, deputado Henrique Fontana (PT-RS).O líder governista cita episódio em que Chinaglia, à época presidente da Câmara, não concordou com o governo por editar medida provisória da chamada Lei Seca quando havia um grupo de trabalho de deputados debruçados sobre o tema. Segundo o colega de partido, o então presidente praguejou e ameaçou devolver a MP, mas acabou cedendo.Atual vice-presidente da Casa e eleito pela sexta vez deputado federal, Chinaglia já atuou como líder do governo e líder da bancada petista, além de já ter presidido o diretório estadual do partido em São Paulo.

Outra característica de Chinaglia citada como qualidade é o fato de ser "absolutamente previsível" em suas colocações, algo que, segundo interlocutores, confere confiança a quem quer que venha negociar com o deputado.INDEPENDÊNCIAO deputado petista conta com o apoio e até mesmo intervenção de integrantes do primeiro escalão do governo em prol de sua candidatura. Talvez por isso, e para atender à demanda de boa parte da Casa, tem abraçado a independência institucional como uma de suas principais bandeiras."Precisamos da garantia de uma Câmara democrática, sem imposições externas ou até mesmo internas, para desempenharmos o nosso papel, legitimados pela vontade popular", diz o deputado em texto postado em sua página na Internet.Colega de Chinaglia dos tempos em que atuavam em sindicatos, um no dos metalúrgicos e outro no dos médicos, o líder do PT na Casa, deputado Vicentinho (SP), defende que Chinaglia saberá atuar pelas pautas dos deputados, de maneira autônoma."Ele cumpre o papel institucional de manter uma Câmara harmônica com os outros poderes, porém independente. Isso foi comprovado ao longo de sua trajetória como quando presidiu a Casa e também agora como vice-presidente", disse Vicentinho.

Até mesmo o deputado da oposição que falou à Reuters sob a condição de anonimato afirmou que Chinaglia não teria uma condução que submeteria a Câmara a uma relação de "vassalagem" com o Planalto.Fontana lembra ainda que foi sob a presidência de Chinaglia que o plenário da Câmara chegou perto de aprovar um projeto de reforma política, um dos temas mais ventilados pelos políticos em época de campanha, mas que avança pouco em termos práticos no Legislativo.    

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