De 1992 a 2015: conheça os ideais dos "novos caras-pintadas"
Movimento ajudou a derrubar o ex-presidente Fernando Collor, em 1992; uma das participantes que foi considerada "musa" do movimento não vai ao protesto deste 15/03 e acredita que é preciso reforma política e não o impeachment
Após perceber que o povo havia tomado às ruas para pedir o impeachment do presidente Fernando Collor, em 1992, o espanhol e engenheiro mecânico Alfredo Vidal, hoje com 65 anos, pegou as três filhas (uma de 16 e as gêmeas de 13 anos), saiu do Morumbi e pegou um ônibus em direção ao Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, ponto de encontro para uma das maiores manifestações do movimento. Neste domingo, 15 de março, o engenheiro voltará a participar de uma manifestação - desta vez, para pedir a saída da presidente Dilma Rousseff - após quase 23 anos, junto com sua filha mais velha, a farmacêutica Márcia Escamilla Demestres, hoje com 38 anos.
"Eu achei importante mostrar para minhas filhas que era possível lutar pelo país e buscar melhorias. Foi muito importante para nós e ficou marcado em nossas vidas", relata Vidal.
Desta vez, a filha (Márcia) foi quem chamou o pai ir ao protesto. Ela acredita que será outro momento histórico para o país. Márcia participa no Facebook de grupos que se denominam como “novos caras-pintadas” e pedem o impeachment da presidente Dilma Rousseff, reeleita no fim de 2014.
Tais grupos explicam que a diferença entre os caras-pintadas antigos e os atuais é que, em 1992, as pessoas eram contra um político: o ex-presidente Fernando Collor, senador pelo PTB-AL, e suas atitudes, e hoje são contra um partido, no caso o PT e a também a corrupção.
Para o engenheiro, a "decepção" é o que há de comum entre os dois momentos. Ele acredita que, com o governo do PT, o sentimento é ainda maior do que em 1992.
"O Collor foi o primeiro presidente eleito pelo povo e, depois que assumiu, suas atitudes foram erradas e a decepção foi grande", conta. "Pedir o impeachment dele foi uma forma de mostrar que não estávamos satisfeitos. Quando o Lula assumiu, eu tinha esperança que as coisas iriam melhorar, por ele ser do povo, mas durou pouco. Logo percebi que não mudaria, e hoje com a Dilma só piorou. A decepção está bem maior do que com o Collor", acrescenta.
Para a farmacêutica, os protestos deste domingo serão grandiosos e históricos como os da época do Collor. Ela voltou a frequentar manifestações no dia 25 de outubro de 2014, véspera do segundo turno das eleições, em favor do candidato Aécio Neves (PSDB).
"Acho importante participar destes movimentos em qualquer fase da vida, se acreditamos em um ideal. Eu defendo a moralidade na política brasileira. Cansamos desta corrupção desenfreada que está acabando com o nosso país", explica Márcia. A farmacêutica está ansiosa para a manifestação de domingo. "Eu vou faça chuva ou faça sol", diz.
Ela conta que em 1992 os jovens eram mais engajados e atuantes, mesmo sem acesso à internet e redes sociais. "Hoje temos toda essa tecnologia, marcamos tudo pelo computador, mas infelizmente há muitos omissos. Os caras-pintadas atuais são pessoas mais experientes. Eu vejo idosos, cadeirantes, crianças acompanhando seus pais nas ruas."
O supervisor administrativo Wallace Batalha, 34 anos, não participou das manifestações contra o Collor, mas agora se considera um novo cara-pintada. Tanto que criou uma página no Facebook chamada "A Nova Geração - Caras Pintadas". Ele acredita que a facilidade do acesso a informação e as redes sociais são a diferença entre os dois atos (1992 e 2015).
"O povo está muito mais informado do que antes e querem um país livre da corrupção. Os caras-pintadas atuais são os que estão fartos de corrupção e os que se preocupam com o futuro das próximas gerações em relação a moral. Queremos um governo justo e que seja aplicada penas duras aos corruptos", diz o supervisor.
"A corrupção está no sistema e não em um partido só"
A empresária Cecília Lotufo, 40 anos, participou de todos os protestos contra o impeachment de Collor, em 1992. Além disso, virou "musa dos caras-pintadas", após ter escrito com batom em seu rosto a palavra "Fora". Depois desse episódio, os manifestantes começaram a pintar seus rostos e surgiu o movimento dos caras-pintadas.
Neste domingo, ela não vai participar dos protestos contra o governo Dilma por não concordar com o impeachment. Cecília acredita que não adianta só criticar o governo e lembra que muitos não sabem o que significa política. "Esse protesto não vai dar em nada. A corrupção não está em todos os partidos, faz parte do sistema. As pessoas precisam ir às ruas brigar pelas reformas política, tributária e jurídica. Quero saber quantos dos que estarão neste protesto fazem na prática algo para transformar nosso país", diz.
Ela reconhece que as pessoas estão falando e discutindo mais sobre política, mas ainda tem muito que fazer. "Não adianta ir para uma manifestação e achar que já fez sua parte e continuar em sua bolha. As manifestações de 2013 foram um passo positivo. Elas não tinham comando e as pessoas começaram a ir às ruas, cada um com seu cartaz para mostrar sua revolta. Havia jovens, idosos e crianças lutando por algo melhor. Agora era a hora de dar um passo além", acrescenta.
Hoje casada e mãe de dois filhos, Cecília é ativista social no bairro onde mora. Ela é uma das fundadoras do movimento Boa Praça, que realiza diversas atividades e projetos, como ações educativas, cursos, palestras e piqueniques comunitários. Ela também faz parte do conselho participativo da Subprefeitura de Pinheiros. "Eu não parei, sempre estou em algum projeto e tentando transformar com ações, na prática. Agora eu luto em âmbito local."
No domingo, Cecília estará em uma oficina, que ajudou organizar, de captação de água, onde os participantes vão aprender como coletar a água que escorre da laje para usar no banheiro e em outros cantos da casa.
Impeachment? Paulistanos mostram o que sabem sobre o assunto:
Recife - Protesto em apoio à Petrobras, em Santo Amaro, ao lado da Câmara de Vereadores de Recife
Foto: Marlon Costa / Futura Press
Recife - Manifestantes pedem pela reforma política
Foto: Marlon Costa / Futura Press
Recife - Ato foi convocado pelas centrais sindicais
Foto: Marlon Costa / Futura Press
Salvador - Grupo protesta contra ato que está programado para o próximo domingo, contra o governo Dilma
Foto: Romildo de Jesus / Futura Press
Salvador - Faixas protestam contra ações econômicas
Foto: Romildo de Jesus / Futura Press
Salvador - Faixa contra os protestos dos grupos de direita
Foto: Romildo de Jesus / Futura Press
Maceió (AL) - Protesto na capital alagoana na manhã desta sexta
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
Maceió (AL) - Manifestante com camisa com o rosto de Dilma em Maceió
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
São Paulo - Sindicalistas bloquearam um trecho da avenida
Foto: Marcelo Pamegianni / Futura Press
São Paulo - Protesto na avenida Paulista em São Paulo
Foto: Marcelo Pamegianni / Futura Press
Duque de Caxias (RJ) - Trabalhadores protestaram em frente à refinaria da Petrobras
Foto: Carlos Arthur / Futura Press
Duque de Caxias (RJ) - Manifestação em Duque de Caxias terminou com vidro de carro quebrado
Foto: Carlos Arthur / Futura Press
São Paulo - Manifestantes em frente ao Masp, em São Paulo
Foto: Marcelo Pamegianni / Futura Press
Goiânia (GO) - Cartazes em protesto na capital de Goiás
Foto: Geovanna Cristina / Futura Press
Goiânia (GO) - Manifestantes protestaram contra a Rede Globo em Goiânia
Foto: Geovanna Cristina / Futura Press
Rio de Janeiro - Manifestantes se concentram em frente à Cinelândia
Foto: André Naddeo / Terra
Rio de Janeiro - Integrantes do Sindipetro e do MST caminham pela Avenida Rio Branco, em manifestação em defesa da estatal
Foto: André Naddeo / Terra
São Paulo - Militantes de diversos movimentos sociais se concentram na Avenida Paulista nesta sexta-feira
Foto: Cristiano Souza / vc repórter
São Paulo - Integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) se concentram em frente ao prédio da Petrobras
Foto: Cristiano Souza / vc repórter
São Paulo - Protesto em apoio à Petrobras começou de forma pacífica
Foto: Cristiano Souza / vc repórter
São Paulo - Militantes conversam antes do início do protesto na avenida Paulista
Foto: Cristiano Souza / vc repórter
São Paulo - Com bandeiras nas mãos, manifestantes tomaram a avenida Paulista
Foto: Cristiano Souza / vc repórter
São Paulo - Balões de ar com o nome da CUT também foram levados para o local
Foto: Cristiano Souza / vc repórter
São Paulo - Militantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) e do Movimento dos Sem Terra (MST) também apoiaram a ação
Foto: Cristiano Souza / vc repórter
São Paulo - Manifestantes ocuparam a avenida Paulista na tarde desta sexta-feira
Foto: Cristiano Souza / vc repórter
São Paulo - Crise hídrica de São Paulo é lembrada com humor de manifestante contra o governador Geraldo Alckmin (PSDB)
Foto: Janaína Garcia / Terra
São Paulo - Militantes da CUT, MST e outros movimentos sociais concentrados na frente do prédio da Petrobras
Foto: Janaína Garcia / Terra
São Paulo - Os dois lados da Avenida Paulista são tomados pelos manifestantes
Foto: Janaína Garcia / Terra
São Paulo - Membros dos movimentos LGBT também marcaram presença no ato pró-Petrobras
Foto: Janaína Garcia / Terra
São Paulo - Em meio a balões, a placa "Em defesa da democracia! Dilma fica!" destaca-se na multidão
Foto: Janaína Garcia / Terra
São Paulo - Balões das centrais sindicais fazem parte do protesto
Foto: <p><strong>São Paulo - </strong>Balões das centrais sindicais fazem parte do protesto</p>
São Paulo - Balões das centrais sindicais fazem parte do protesto
Foto: Janaina Garcia / Terra
São Paulo - Balões das centrais sindicais fazem parte do protesto
Foto: Janaina Garcia / Terra
Rio de Janeiro - Cartaz ridiculariza pedido de impeachment da presidente Dilma
Foto: Janaina Garcia / Terra
João Pessoa - Grupo realiza manifestação de apoio à presidente Dilma Rousseff na capital paraibana
Foto: Maria do Socorro Ramalho / vc repórter
São Paulo - Diferente dos demais, manifestantes se concentram em frente ao prédio da Petrobrás, na avenida Paulista, região central da cidade, para pedir o impeachment de Dilma Rousseff
Foto: Daniel Figueiredo Ometo / vc repórter
Rio de Janeiro - Manifestantes protestam na Cinelândia, no centro da cidade
Foto: Rodrigo Silva / vc repórter
Rio de Janeiro - Deputado estadual Carlos Minc (PT) discursa durante protesto na Cinelândia, no centro da capital fluminense
Foto: Ronaldo Cabral Tavares / vc repórter
Florianópolis - Representantes da CUT e de outras entidades protestam na rua Padre Miguelinho, no centro da capital catarinense, em frente à Catedral Metropolitana
Foto: Jean Volpato / vc repórter
Rio de Janeiro - João Pedro Stédile (à direita), presidente do MST, comparece ao protesto
Foto: Andre Naddeo / Terra
Rio de Janeiro - Militantes do PT em meio a fumaça vermelha no protesto no Rio
Foto: Andre Naddeo / Terra
Brasília (DF) - Manifestante levou seu cachorro em manifestação pró-Dilma
Foto: Débora Melo / Terra
Brasília (DF) - Organizado pela CUT, manifestação entrou na Rodoviária de Brasília
Foto: Débora Melo / Terra
Brasília (DF) - Organizado pela CUT, manifestação entrou na Rodoviária de Brasília
Foto: Fernando Diniz / Terra
Brasília (DF) - Manifestante segura cartaz contra golpe
Foto: Eraldo Peres / AP
Brasília (DF) - Manifestantes seguram bandeiras de apoio ao governo
Foto: Eraldo Peres / AP
Rio de Janeiro - Manifestante defende governo durante protesto
Foto: Leo Correa / AP
Brasília (DF) - Manifestante mostra adesivo em apoio à presidente do país
Foto: Eraldo Peres / AP
Rio de Janeiro - Trabalhadores participam de manifestação em defesa do presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e da Petrobras, em frente à sede da Petrobras, no Rio de Janeiro
Foto: Ricardo Moraes / Reuters
Rio de Janeiro - Protestos no Rio tomara conta de região onde fica a sede da estatal
Foto: Ricardo Moraes / Reuters
São Paulo - Manifestantes carregam bandeira brasileira durante protestos desta sexta
Foto: Nacho Doce / Reuters
São Paulo - Integrantes da CUT protestam na rua da Consolação, na região central da capital paulista
Foto: Daniel de Matos Silva / vc repórter
São Paulo - Manifestante exibe adesivo em defesa da Petrobras em protesto na capital paulista; atos tomaram ruas de 24 estados e no Distrito Federal, reunindo milhares de pessoas, segundo a PM