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Política

Cunha decide levar reforma política direto para o plenário

Presidente da Câmara ignora comissão especial, e novo relatório será discutido direto no plenário

25 mai 2015 - 17h20
(atualizado às 18h45)
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Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, durante entrevista em Brasília, em 12 de abril
Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, durante entrevista em Brasília, em 12 de abril
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu nesta segunda-feira, em uma reunião com líderes partidários em sua casa, levar a proposta da reforma política direto ao plenário, ignorando a comissão especial criada para debater o tema. Os deputados devem analisar a partir de amanhã um relatório do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que presidia o colegiado.

A votação do parecer do peemedebista Marcelo Castro (PI) estava prevista para a noite desta segunda-feira na comissão especial, mas a sessão acabou cancelada. O relator foi publicamente criticado por Eduardo Cunha na semana passada, depois de propor a redução de mandato de senadores.

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Cunha quer colocar em votação um relatório enxuto e fatiado no plenário, começando já na terça-feira com a análise da mudança no sistema eleitoral. O peemedebista defende que a eleição de deputados passe a valer pelo voto majoritário, o chamado distritão, com a eleição dos parlamentares mais votados em cada Estado. O PT e o PSDB são contra. Depois, os deputados passariam a votar o financiamento de campanhas e o fim ou não da reeleição.

A aprovação das mudanças, no entanto, não tendem a ser fáceis. Por ser uma proposta de emenda à Constituição (PEC), Cunha precisa garantir 308 votos em dois turnos para ver o distritão passar, por exemplo. O PSDB defende um sistema distrital misto, que mescla a votação majoritária e proporcional. O PT defendia o voto fechado em lista, mas já aceita um modelo de voto distrital misto que seja 100% proporcional.

Na avaliação de Cunha, o texto de Marcelo Castro dificultaria a votação pelo Senado, já que o relator queria reduzir os mandatos dos senadores de oito para cinco anos. "Ele tentou construir um relatório para passar na comissão, e não para aprovar no plenário", disse. 

Para o presidente da Câmara, a votação de terça-feira acabará com a hipocrisia em torno da reforma política. "Ela (a reforma) pode sair ou não sair. Se nenhum dos modelos alcançar o número, significa que a opção do parlamento foi manter o modelo como está. Vai acabar a hipocrisia de chegar aqui e pregar a reforma política. Amanhã os que pregam a reforma política vão ter oportunidade de votar", disse. 

Crítica

Integrante da comissão da reforma política, o deputado Henrique Fontana (PT-RS) chamou de autoritária a decisão de Cunha. “O presidente tem prerrogativas, mas ele não é um imperador. Ele não pode usar a presidência da Casa para impor sua vontade”, discursou, no plenário.

Eduardo Cunha disse que a decisão foi tomada com base em apelos dos líderes partidários e rebateu a crítica. "O Henrique Fontana é uma das pessoas que sempre atrapalharam a reforma política. Se os líderes partidários não querem votar na comissão, então ele está chamando todos os líderes partidários de ditatoriais", disse.

Eduardo Cunha é alvo de protestos em Porto Alegre:
Fonte: Terra
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