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Política

Crise econômica e demandas sociais esperam próximo presidente do Brasil

1 out 2014 - 17h26
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A recuperação da economia, tecnicamente em recessão e com a inflação no teto tolerado pelo governo, e a resposta às reivindicações dos protestos do ano passado são os principais desafios para o próximo presidente da República.

Os economistas concordam que o chefe de Estado que assumir o cargo em 1º de janeiro, seja a presidente Dilma Rousseff, Marina Silva ou Aécio Neves, receberá uma "herança econômica maldita".

No plano social, como todos os candidatos concordam em manter os programas que na última década permitiram ao Brasil retirar quase 40 milhões de pessoas da pobreza, o principal desafio será atender as exigências dos milhões de brasileiros que saíram às ruas no ano passado para exigir melhores serviços públicos.

Para o diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getúlio Vargas, Carlos Langoni, o Brasil vive atualmente uma armadilha ao ter de conviver com taxas de crescimento baixas e taxas de inflação altas.

"Desarmar essa situação incômoda é o principal desafio para qualquer um que seja o próximo governante", afirmou o economista.

Após acumular dois trimestres consecutivos de crescimento negativo, o Brasil enfrenta o que os economistas consideram uma recessão técnica, embora a previsão do governo e dos analistas é de que o país termine o ano com crescimento positivo, mas com uma de suas taxas mais baixas nos últimos anos.

Após se expandir 2,7% em 2011, a economia do país só cresceu 1% em 2012, e em 2013 se recuperou ligeiramente, com uma melhora de 2,3%. Mas a projeção dos economistas do mercado para 2014 é de um tímido crescimento, de 0,30%.

Em relação à inflação, a projeção dos analistas é de que o Brasil termine o ano com uma alta dos preços de 6,30%, muito superior ao centro da meta do governo (4,50%) e quase no limite máximo tolerado pelo Banco Central (6,50%).

A inflação em alta obrigou o Banco Central a elevar as taxas de juros aos seus maiores índices em quatro anos, e o encarecimento do crédito reduziu o consumo familiar, aumentou a desconfiança dos empresários e diminuiu os investimentos, três dos problemas que impedem o Brasil de crescer com mais força.

Para Langoni, é necessário e urgente um ajuste para combater as taxas baixas de crescimento e altas de inflação.

"A experiência recente, e o caso europeu é dramático, mostra que quanto mais se posterga esse ajuste, maior é o custo social. O Brasil ainda tem espaço para evitar ajustes em um ambiente recessivo, mas talvez estejamos no limite", afirmou.

Dilma afirma que as dificuldades do Brasil são consequências da crise internacional e que uma melhoria depende da consolidação da recuperação econômica nos Estados Unidos.

O economista Samuel Pessoa, membro da equipe de governo de Aécio Neves, argumenta que a situação delicada do país não foi provocada pela crise internacional.

Segundo Pessoa, com uma desaceleração "muito mais pronunciada" do que a de outros países latino-americanos e com a economia crescendo nos países mais desenvolvidos, não se pode atribuir a situação do Brasil à crise internacional.

Em relação aos desafios sociais, todos os candidatos asseguram que aprofundarão a política de distribuição de renda implementada desde 2003 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e considerada modelo pela ONU.

Segundo um estudo divulgado neste mês pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), esta política permitiu ao Brasil reduzir a porcentagem de seus habitantes na pobreza de 24,3%, em 2001, para até 8,4%, em 2012, e a pobreza extrema de 14% a 3,5%.

Esses programas, entre eles o Bolsa Família, transformaram o Brasil em um país de classe média e com reivindicações diferentes.

Essas novas demandas não atendidas, como melhorias nos serviços públicos de saúde, educação e transporte, motivaram as manifestações protagonizadas em junho do ano passado por milhões de brasileiros e figuram entre as promessas eleitorais de todos os candidatos.

EFE   
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