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Política

CPMI do caso Cachoeira tem assinaturas suficientes no Senado

17 abr 2012 - 15h47
(atualizado às 20h21)
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Elaine Lina
Gustavo Gantois
Direto de Brasília

Rebatendo as acusações de que o governo estaria trabalhando para não criar a comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) do caso do empresário de jogos de azar Carlinhos Cachoeira, o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), declarou nesta terça-feira que já conseguiu recolher 28 assinaturas para a instalação da comissão. O mínimo de assinaturas necessárias para a criação da CPI mista é de 27 assinaturas entre os senadores.

A Câmara ainda precisa apresentar as assinaturas de 171 deputados federais para que o pedido de criação da CPMI seja encaminhado à Mesa Diretora do Congresso Nacional.

"É a prova de que não houve recuo algum", disse Pinheiro, ressaltando que toda a bancada do PT, composta por 13 senadores, assinou o requerimento para instalação da CPMI. Pinheiro também destacou que, entre as assinaturas coletadas, três são do PMDB. O restante é do bloco de apoio ao governo, formado pelos senadores do PT, PDT, PSB, PCdoB e do PRB.

Nos bastidores, a jogada do governo é encarada como uma forma de mostrar à opinião pública que não há qualquer tipo de trabalho para evitar as investigações envolvendo Cachoeira e personagens do governo federal.

Questionado sobre quem seriam os parlamentares que teriam assinado o requerimento, Pinheiro não revelou os nomes e evitou entrar em detalhes sobre o teor das assinaturas. O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), seguiu o mesmo caminho e evitou falar com a imprensa.

A oposição, por sua vez, também resolveu mostrar o trabalho que tem feito no recolhimento das assinaturas. No Senado, o bloco formado por PSDB, DEM e PPS conseguiu juntar 13 assinaturas. Na Câmara, o número chega a 96 deputados.

As expectativas do senador Walter Pinheiro (PT-BA), que tem coletado assinaturas no Senado e na Câmara, são de que o requerimento seja protocolado na Mesa Diretora do Congresso até às 11h de quinta-feira, segundo foi acordado entre os líderes.

Para a primeira vice-presidente da Câmara de Deputados, Rose de Freitas (PMDB-ES), não há nenhum tipo de impedimento para que o requerimento seja lido em Plenário até o final da semana, mesmo com a licença do presidente do Senado, José Sarney, que se afastou nessa semana por motivos de saúde.

Demóstenes e Carlinhos Cachoeira

Em 6 de março de 2012, o senador Demóstenes Torres (GO) subiu à tribuna para dar explicações sobre as denúncias de sua proximidade com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, descoberta pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que terminou em fevereiro, com a prisão de Cachoeira e de outras 34 pessoas.

Demóstenes disse que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido critérios legais. Dez dias depois, o jornal Folha de S.Paulo publicava um relatório do Ministério Público Federal (MPF) que indicava que o grupo comandado por Cachoeira entregou telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, que admitiu ter recebido o aparelho.

O jornal O Globo noticiou, em 23 de março, gravações da PF que flagraram Demóstenes pedindo para Cachoeira lhe pagar R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo e vazando informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes. Em 27 de março, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado para "acompanhar a evolução dos fatos". No dia seguinte, o Psol entrou com representação contra o parlamentar no Conselho de Ética do Senado e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandovski autorizou a quebra do sigilo bancário de Demóstenes, solicitando ainda um levantamento sobre as emendas e os projetos relatados por ele para saber se Cachoeira, acusado de controlar a máfia dos caça-níqueis e de corromper policiais e políticos em Goiás, foi beneficiado.

Nas gravações, Demóstenes também aparece acertando um suposto lobby pela legalização dos jogos de azar no Congresso em 2009. Em outra conversa, Cachoeira pede ajuda no processo de um delegado e três policiais de Anápolis (GO) acusados de tortura e extorsão. Os dois ainda conversaram sobre um "negócio" milionário na Infraero.

Na ocasião, Demóstenes teria se valido da relatoria da CPI do Apagão Aéreo para levantar informações e sondar contratos de informática na estatal.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido decidiu abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda.

Fonte: Terra
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