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Política

CPI da Alerj vai investigar vandalismo e atentado a cinegrafista

11 fev 2014 - 19h52
(atualizado às 19h55)
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Por iniciativa do deputado Bernardo Rossi (PMDB), a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) decidiu instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar casos de vandalismo. Foram coletadas 40 assinaturas, superando o mínimo de 24 exigido pelo regulamento, e a proposta foi protocolada nesta terça-feira.

O presidente da Alerj, Paulo Melo (PMDB), tem até cinco dias para publicar a instalação da CPI no Diário Oficial do Estado para que a comissão possa começar a funcionar já na próxima semana. A comissão terá cinco integrantes e será presidida por Bernardo Rossi.

O deputado informou à Agência Brasil que o objetivo da CPI é investigar os ataques que culminaram com a morte, ontem, do cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, da Rede Bandeirantes de Televisão, ferido por rojão na cabeça no último dia 6, quando fazia a cobertura de protesto na Central do Brasil contra o aumento da passagem de ônibus.

"Temos que entender quem são esses criminosos,  como eles trabalham e, principalmente, como eles são financiados", disse o parlamentar. "Se não entender a raiz desses criminosos e quem os financia,  outros crimes irão acontecer, outras pessoas poderão ser atingidas e morrer. Então, o objetivo é investigar esse movimento, para dar direito novamente à democracia, para ter liberdade de imprensa e os movimentos pacíficos voltarem a acontecer."

Rossi lembrou que o Brasil, e o Estado do Rio de Janeiro em particular, deram uma demonstração de democracia ao mundo ao reunir no ano passado mais de 500 mil pessoas em uma manifestação pública, "fazendo justas reivindicações". Ele lamentou, porém, que grupos organizados tenham se infiltrado nas manifestações pacíficas para cometer crimes contra o patrimônio público e privado, e agredir pessoas. "Mais de 150 pessoas ligadas à imprensa e trabalhadores foram agredidas", disse.

Rossi salientou que a gota d'água, que chocou todo mundo, foi a imagem de Santiago Andrade atingido pelo rojão. "Aquela  imagem do artefato explodindo na cabeça, e ele caindo, ainda segurando a câmera, chocou muito", comentou. Segundo ele, os sucessivos fatos que vêm ocorrendo, e culminaram com a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes, ferem a democracia e a liberdade de imprensa, e acabam com as manifestações pacíficas "que são justas; que são  um direito da população".

O pedido de instalação da CPI teve apoio de deputados do PSD, PMDB, PDT, PSDB, PP, PSB, PCdoB, PRB, PSL, PPS, PRPT, PSOL, PV.  

Atingido em protesto, cinegrafista tem morte cerebral
Santiago foi atingido na cabeça por um rojão durante a cobertura de um protesto contra o aumento das passagens de ônibus no Centro do Rio de Janeiro, no dia 6 de fevereiro. Além dele, outras seis pessoas ficaram feridas na mesma manifestação.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, o cinegrafista chegou em coma ao hospital municipal Souza Aguiar. Ele sofreu afundamento do crânio, perdeu parte da orelha esquerda e passou por cirurgia no setor de neurologia. A morte encefálica foi informada pela secretaria no início da tarde de 10 de fevereiro, após ser diagnosticada pela equipe de neurocirurgia do hospital onde ele estava internado no Centro de Terapia Intensiva.

Repórteres cinematográficos e fotográficos fazem homenagem a Santiago :

O tatuador Fábio Raposo confessou à polícia ter participado da explosão do rojão que atingiu Santiago. Ele foi preso na manhã de domingo em cumprimento a um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça. O delegado Maurício Luciano, titular da 17ª Delegacia de Polícia (São Cristóvão) e responsável pelas investigações, disse que Fábio já foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado e crime de explosão e que a pena pode chegar a 35 anos de reclusão.

Raposo ajudou a polícia a reconhecer um segundo responsável pelo disparo do artefato que causou a morte do cinegrafista. O tatuador, preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio de Janeiro, afirmou, de acordo com o relato do delegado, que “eles se encontravam em manifestações" e que "esse rapaz tem perfil violento”.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou, na manhã do dia 11, uma foto do suspeito de ter acendido o rojão que atingiu Santiago Andrade. Caio Silva de Souza, 23 anos, é considerado foragido e tem duas passagens pela polícia. Fábio Raposo, que passou o rojão, reconheceu o autor do disparo a partir da imagem leava pelo delegado. Ele está sendo procurado por homicídio doloso qualificado – quando há intenção de matar – por uso de artefato explosivo e pelo crime de explosão.

Agência Brasil Agência Brasil
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